Viktor Kulikov
(05/07/1921 - 27/05/2013)
Faleceu no último dia 29 de maio em Moscou, Rússia, de causas naturais aos 91 anos de idade, o Heroi da União Soviética, Marechal da URSS Viktor Georgiyevich Kulikov.
Nascido no vilarejo de Verkhnyaya Lyubovsha, a sudoeste de Moscou, ainda na infância ele mudou-se com a família para Stavropol. Após concluir os estudos em 1938, juntou-se ao Exército Vermelho no ano seguinte, seguindo para a Escola de Infantaria de Grozny, de onde graduou-se em 1941 como Tenente-Júnior. Kulikov recebeu então o comando de um pelotão da 41ª Divisão Blindada em Kiev.
Quando a Alemanha invadiu a União Soviética em 22 de junho de 1941, Kulikov foi imediatamente redistribuído, atuando no front sudoeste no comando de uma companhia de motocicletas de reconhecimento. Nesta unidade ele participou das mal-sucedidas ações defensivas em Kiev e Kharkov, até que, em outubro, foi transferido para a 143ª Brigada Blindada, tornando-se seu oficial de ligação. Em julho de 1942, Kulikov tornou-se chefe de operações da unidade, e em agosto de 1943 foi nomeado seu Chefe de Estado-Maior. Já na fase de ofensiva do Exército Vermelho contra a Wehrmacht, a 143ª Brigada Blindada combateu incessantemente no Front de Kalinin, 1º Front Báltico e 2º Front Bielorrusso; Kulikov realizou o planejamento de ofensivas contra Smolensk, Minsk, Riga e Prússia Oriental, constantemente enfrentando posições fortificadas alemãs e operando na contenção de contra-ataques blindados. Nesta tarefa, Kulikov mostrou-se bastante talentoso, contribuindo em peso para a implementação bem-sucedida das ações de sua brigada. Após a vitória em maio de 1945, um relatório do Alto-Comando dizia: "O Camarada Kulikov, trabalhando como Chefe de Estado-Maior desde agosto de 1943, mostrou, na luta e no trabalho diário toda sua capacidade, sabendo como planejar batalhas e treinamento de combate. Em ação, determinado em corajoso, recebeu cinco comendas estatais".
Após a guerra, Kulikov galgou postos de comando cada vez mais altos, graduando-se na Academia Militar de Estado-Maior em 1959, já como Major-General. Em seguida, comandou os distritos militares da Bielorrússia, Leningrado e Kiev, até ser elevado - já na patente de General de Exército, e aos 50 anos de idade - à Chefia de Estado-Maior das Forças Armadas Soviéticas, o 3º posto mais prestigioso dentro da URSS.
Em 14 de janeiro de 1977, Viktor Kulikov foi promovido a Marechal da União Soviética, assumindo logo depois o comando das Forças do Pacto de Varsóvia, a posição militar mais influente do bloco soviético. Considerado um líder severo e aguerrido aos dogmas soviéticos, sua nomeação foi uma demonstração do desejo de Moscou de apertar as rédeas em sua zona de influência, numa época de revoltas na Checoslováquia, Polônia e Alemanha Oriental. Ele teve destacado papel durante as revoltas polonesas de 1981, quando aquele país ficou sob ameaça de invasão soviética devido aos tumultos com sindicatos de trabalhadores. Em 3 de julho de 1981, por reconhecimento de suas ações na destruição das forças alemãs na Segunda Guerra Mundial e competência mostrada no desenvolvimento das Forças Armadas Soviéticas, em conexão com seu 60º aniversário, o Presidium do Soviete Supremo concedeu ao Marechal Kulikov a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética.
Quando em 1987 Gorbachev e Reagan assinaram um tratado limitando o número de mísseis balísticos na Europa, Kulikov ameaçou empregar mais armas em resposta à qualquer agressão da OTAN. Sua atitude contrária aos acordos de desmilitarização com o ocidente fizeram com que Gorbachev o demitisse do Comitê Central do Partido Comunista em 1989. Com a queda da União Soviética em 1991, Kulikov passou a representar seu país no parlamento.
Em 1997, numa conferência multinacional realizada em Varsóvia para discutir os eventos da crise polonesa de 1981, Zbigniew Brzezinski, que fora assessor de segurança nacional do presidente Jimmy Carter, confessou a Kulikov que se a União Soviética invadisse a Europa Ocidental naquela época, ele seria assassinado por agentes americanos dentro de três horas.
Viktor Kulikov deixa sua esposa, Maria, duas filhas e muitos netos e bisnetos. Com sua morte, restam apenas dois Marechais da União Soviética ainda vivos: Vasily Petrov e Dmitry Yazov.
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Foto de família, 1958: Coronel Kulikov e sua esposa Maria. Abaixo, sua sogra e suas duas filhas Lida e Valya. |
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Marechal Sergei Sokolov, Marechal-do-Ar Boris Bugayev e Marechal Viktor Kulikov. |
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Marechal da União Soviética Viktor Kulikov. |