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Nota de Falecimento: Arthur Büssecker

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Arthur Büssecker
(08/07/1918 - 28/07/2014)

Faleceu no último dia 28 de julho em Heidelberg, Alemanha, de causas naturais aos 96 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro, Oberleutnant Arthur Büssecker.

Nascido na pequena Wieblingen, perto de Heidelberg, Büssecker terminou os estudos e iniciou seu serviço de trabalho obrigatório (para o Reichsarbeitsdienst) em abril de 1938, permanecendo lá até outubro. Em 1 de dezembro daquele ano, ele ingressou na Luftwaffe, sendo enviado para treinamento junto à 2ª Bateria do 49º Regimento Antiaéreo em Mannheim. Sua unidade utilizava o icônico canhão Krupp 88mm, e viu ação pela primeira vez durante a invasão das potências ocidentais em maio de 1940.

Durante as intensas movimentações dos primeiros dias da campanha, após a travessia do rio Maas, Büssecker envolveu-se numa série de ações de destruição de bunkers na Holanda, Bélgica e França, alcançando mais tarde o Canal da Mancha, onde ocupou diversos portos no Atlântico, até finalmente chegar a Brest. Lá, Büssecker destruiu dois bunkers em combate, após ter sido pessoalmente recomendado para a tarefa, ganhando a Cruz de Ferro de 2ª Classe. A unidade antiaérea permaneceu na costa do Atlântico por todo o ano de 1941, protegendo os portos nos quais operavam as maiores unidades de superfície da Kriegsmarine, bem como aguardando uma possível ordem para atacar Gibraltar através do território espanhol.

Em junho de 1942, o 49º Regimento foi enviado para a União Soviética, passando a operar como reforço do Grupo de Exércitos Sul para a Operação Azul, o avanço alemão até o rio Volga naquele verão. Integrado ao 6º Exército do General Friedrich Paulus, a unidade de Büssecker participou das tomadas de Voronezh, Kharkov, dos combates na curva do Don e, finalmente, Stalingrado. Já na cidade às margens do rio Volga, Büssecker deu cobertura antiaérea e anti-fortificação para a ofensiva de Paulus, que lentamente desgastava-se com a chegada do inverno. Com o começo da Operação Urano em 19 de novembro e o posterior cerco soviético à Stalingrado, o papel dos 88mm ganhou grande importância no esquema defensivo do 6º Exército. Disposto no norte do dispositivo alemão, Büssecker enfrentou pesados ataques soviéticos que visavam romper seu perímetro, e entre os dias 2 e 4 de dezembro, contra uma imensa força blindada inimiga, ele destruiu 20 tanques, 6 caminhões e 5 peças de artilharia soviética. Em outras confrontações durante aquele mês, ele destruiu mais 24 tanques inimigos, mantendo a linha alemã contra as investidas russas. Por essas ações, Arthur Büssecker foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 23 de dezembro de 1942.

Durante os pesados combates no bolsão de Stalingrado, Büssecker foi ferido três vezes. Devido ao seu quarto ferimento, bastante grave, ele recebeu ordens de evacuação e subiu a bordo do último Heinkel He 111 que decolou para fora do bolsão em 23 de janeiro de 1943. Ao receber alta do hospital, em 26 de março, foi destacado para o 39º Batalhão Antiaéreo em Koblenz, e após cursar a escola de oficiais, é comissionado Leutnant. Büssecker tornou-se instrutor em diversas escolas da Luftwaffe até que foi feito comandante da 2ª Bateria do 1º Regimento Antiaéreo, tendo sido escolhido pessoalmente pelo General der Flakartillerie Wolfgang Pickert (outro veterano de Stalingrado) para a posição. Com essa unidade, Büssecker participou da Batalha das Ardenas

Nos últimos dias da guerra, encontrava-se em Görlitz, nas proximidades de Dresden, mais uma vez combatendo os soviéticos. Com a capitulação, tenta alcançar as linhas americanas na Checoslováquia, mas é capturado por guerrilheiros checos, que entregam-no aos russos. Contudo, durante a noite, Büssecker, na companhia de outros colegas, foge do cativeiro soviético e segue para o sul, onde cai em mãos americanas em 6 de maio. Büssecker foi libertado já em 14 de junho de 1945.

Após a guerra, ele trabalhou no setor de tecnologia médica da Siemens em Mannheim, e também era um destacado esportista amador, competindo até idade avançada. Büssecker era oúltimo ganhador da Cruz do Cavaleiro pela Batalha de Stalingrado que ainda vivia. Ele deixa esposa, três filhos e cinco netos.

Flak 88mm na União Soviética, em montagem similar à arma de Büssecker.

Elisabetha e Arthur Büssecker, que comemoraram 70 anos de casados em 30 de setembro de 2013.

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