O Presidente russo Vladimir Putin encontrou-se esta semana no Kremlin com o Primeiro-Ministro japonês Shinzo Abe, na primeira conferência russo-japonesa em quase uma década.
Os dois debruçaram-se por horas sobre o problema que tem atormentado líderes russos e japoneses por quase 70 anos: como encontrar uma forma mutuamente aceitável de finalmente encerrar a Segunda Guerra Mundial.
Os líderes de ambos os países concordaram que a situação atual – na qual 67 anos após o fim das hostilidades as duas nações ainda não conseguiram concluir um tratado de paz bilateral – é totalmente anormal.
Muitas novas circunstâncias estão fazendo com que Moscou e Tóquio se olhem com olhos melhores, apesar da disputa que reina desde o fim da Segunda Guerra Mundial sobre a soberania das Ilhas Kurilas, que a Rússia ocupa desde o fim do conflito – e que o Japão ainda clama como suas.
A disputa é a razão principal pela qual os dois países nunca assinaram um tratado de paz.
Desde o desastre nuclear em Fukushima, o Japão aumentou sua dependência de energia russa, especialmente gás natural; já os russos procuram no capital japonês investimentos para modernizar a Sibéria, uma vasta área rica em recursos naturais e ainda majoritariamente desabitada.
Contudo, as Kurilas ainda são fonte de divergências. Os quatro pequenos pedaços de terra próximos à costa norte do Japão – Kunashir, Iturup, Shikotan e Habomai – foram ocupados por forças soviéticas nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial em 1945, e sua situação permaneceu sem solução desde então. Sem acordo sobre as ilhas, nenhum tratado de paz formal jamais foi possível.
Em 1956, um acordo parecia possível, quando Nikita Khrushchevofereceu ao Japão a devolução das duas ilhas mais ao sul, Shikotan e Habomai, e o Japão concordou que sua reivindicação sobre as outras duas era “fraca”.
Mas o acordo nunca foi finalizado, e muitos dizem que os Estados Unidos bloquearam as negociações, alertando o Japão de que poderia criar um precedente legal para que os EUA mantivessem Okinawa para si.
A situação permanece sem grandes modificações desde então, e em fevereiro deste ano caças japoneses até mesmo decolaram para interceptar supostos jatos russos sobre espaço aéreo nipônico perto das Kurilas.
Fonte: The Christian Science Monitor, 29 de abril de 2013.