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Nuremberg irá restaurar complexo usado pelo Partido Nazista

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A prefeitura da cidade de Nuremberg anunciou planos de gastar até 70 milhões de euros para renovar o vasto e dilapidado complexo de convenções do Partido Nazista na cidade – usado pela cineasta Leni Riefenstahl como plano de fundo de seu filme de propaganda “O Triunfo da Vontade”.

O complexo de 11 km², que inclui 24 torres e a famosa “Tribuna do Zeppelin” – da qual Hitler olhava as fileiras uniformizadas de membros do partido – projetada por Albert Speer, arquiteto-chefe do regime, e nunca plenamente completado.

Mas o local, que recebe mais de 200 mil turistas por ano, vem lentamente se desintegrando desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e diversas estruturas estão agora sob risco de desabamento.

O prefeito de Nuremberg, Ulrich Maly, disse que o péssimo estado das estruturas deixou a prefeitura num difícil dilema: “Demolir o complexo provocaria ultraje internacional – então iremos restaurá-lo, mas isso não significa que estamos melhorando-o”, insistiu.

Maly disse que embora partes do local tenham sido demolidas nos anos 1960 para abrir espaço para residências, mais demolições são impossíveis, pois o local agora é protegido pelo patrimônio histórico. Segundo ele, muitos na cidade são favoráveis a deixar o complexo desintegrar-se por si próprio, já que isso simbolizaria “o fim de uma era que deveria durar 1.000 anos”.

Mesmo assim o prefeito disse que se a prefeitura permitisse que os prédios se desintegrassem sozinhos, seria obrigado a cercá-los e proibir todo e qualquer acesso a eles. “Então, decidimos restaurá-los até certo ponto, disse.“Mas não procuramos não chegar ao estado original”.

O trabalho de renovação também irá preservar as inscrições feitas por soldados Aliados no fim da guerra, e que cuidadosos reparos serão feitos em um mosaico no teto do “Salão Dourado” da Tribuna do Zeppelin.

Fonte: Independent.ie, 4 de setembro de 2013.

Nota de Falecimento: Yuri Kolesnikov

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Yuri Kolesnikov
(17/03/1922 - 14/08/2013)

Faleceu no último dia 14 de agosto em Moscou, Rússia, de causas naturais aos 91 anos de idade, o Heroi da Federação Russa Coronel Yuri Antonovich Kolesnikov.

Nascido na pequena cidade de Bohlrad, na então província romena da Bessarábia, Kolesnikov vinha de uma família de alfaiates judeus. Após completar seus estudos, foi para Bucareste trabalhar como mecânico de automóveis e tentou, sem sucesso, ser admitido na escola de aviação. Ele então foi trabalhar para uma empresa alemã de automóveis na cidade. Quando a União Soviética invadiu a ocupou a Bessarábia em junho de 1940, Kolesnikov ingressou no NKVD - a polícia secreta soviética - em Odessa, sendo treinado como agente de campo.

Quando a Alemanha invadiu a União Soviética em 22 de junho de 1941, Kolesnikov trabalhava na patrulha de fronteira no quartel-genral do NKVD em Cahul, na fronteira com a Romênia. No mês seguinte, foi enviado para aquele país, em sua primeira missão por trás das linhas inimigas. Fluente em romeno, ele protagonizou atos de sabotagem, minagem e destruição de material de guerra do Exército Romeno. Em novembro, foi integrado à Brigada Autônoma de Rifles do NKVD, unidade que realizava reconhecimento e sabotagem em regiões ocupadas da União Soviética. Kolesnikov fez um curso intensivo de alemão e passou a trabalhar com dissidentes alemães engajados no esforço de guerra soviético, sendo lançados em março de 1942 centenas de quilômetros atrás das linhas alemãs, operando no sul da Bielorrússia por 18 meses até outubro de 1943. Incansavelmente, no mês seguinte ele foi novamente enviado para a retaguarda inimiga, desta vez integrando a 1ª Divisão de Guerrilha da Ucrânia, comandada pelo Duplo Heroi da União Soviética General Sydir Kovpak.

Ao mesmo tempo em que comandava um pelotão de reconhecimento, Kolesnikov era assistente do chefe de estado-maior da divisão e também supervisionava o comportamento dos comandantes guerrilheiros, reportando-se diretamente a Moscou. Ao amanhecer de 2 de julho de 1944, liderando um grupo de guerrilheiros, Kolesnikov montou um ataque à uma estação ferroviária na estrada Minsk-Baranovichi, capturando uma composição alemã com diversos tanques, armas, carvão e outros veículos, afastando contra-ataques inimigos e mantendo posição até a chegada do Exército Vermelho.

Em 12 de julho, Kolesnikov comandou uma força-tarefa de um batalhão de infantaria um esquadrão de cavalaria, conduzindo operações nas proximidades de Grodno. Foi quando ele recebeu a informação de que os alemães pretendiam demolir uma importante ponte de concreto de 200 metros sobre o rio Neman. Kolesnikov decidiu impedir a destruição da ponte, e agiu rapidamente, montando imediatamente um ataque contra as posições fortificadas alemãs no outro lado e emboscando a equipe de demolição. Ele desarmou os explosivos montados na ponte e comunicou seu sucesso às unidades avançadas soviéticas. Naquela mesma noite, centenas de veículos blindados soviéticos já atravessavam a ponte, no montante equivalente a dois corpos de exército. Apenas 11 dias depois, Kolesnikov se viu comandando uma desesperada ação defensiva perto de Bielsko contra a 3ª Divisão Panzer-SS Totenkopf, 5ª Divisão Panzer-SS Wikinge a Divisão Panzer Grossdeutschland. Apesar de contar com meios insuficientes e ordenar um recuo, ele manteve a linha unificada, e usando os canhões da 95ª Brigada de Artilharia da Guarda, conseguiu destruir 36 tanques inimigos, efetivamente parando o movimento ofensivo alemão. Por seus corajosos feitos em julho de 1944, Kolesnikov foi recomendado duas vezes para a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética, mas os processos não foram concluídos. Durante o conflito, ele passou um total de 32 meses combatendo atrás das linhas inimigas.

Após a guerra, Kolesnikov trabalhou como oficial de inteligência na Romênia e depois no Oriente Médio, respondendo diretamente a Stalin. Transferido para a recém-criada KGB em 1954, ele trabalhou para o Ministério de Segurança Estatal até aposentar-se como Coronel em 1980. Kolesnikov foi presidente do Comitê Anti-Sionista do Povo Soviético, chefiando uma campanha internacional contra a legitimidade do estado de Israel. Ele também foi romancista e escreveu diversos livros, sendo membro da União de Escritores Soviéticos.

Em 1995, os papeis contendo os processos de sua nomeação para a condecoração máxima por bravura em combate foram encontrados nos arquivos estatais, e o Coronel Yuri Kolesnikov foi finalmente condecorado com a Estrela Dourada de Heroi da Federação Russa pelo presidente Boris Yeltsin em 7 de dezembro daquele ano.

Ele deixa esposa, Larissa Kolesnikova, dois filhos e duas netas.

Kolesnikov (esq) e seu grupo de guerrilha na Bielorrússia durante a guerra.

Kolesnikov e seu antigo comandante de guerrilha, o General Sydir Kovpak, Duplo Heroi da União Soviética.

Moscou, 7 de dezembro de 1995: Kolesnikov é agraciado com a Estrela Dourada de Heroi da Federação Russa pelo presidente Boris Yeltsin.

Nota de Falecimento: José de Miranda Corrêa

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José Carlos de Miranda Corrêa
(27/01/1920 - 15/09/2013)

Faleceu no último dia 15 de setembro no Rio de Janeiro, de causas naturais aos 93 anos de idade, o piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça, Major-Brigadeiro-do-Ar José Carlos de Miranda Corrêa.

Nascido em Rio Grande-RS, Miranda completou seu estudos e seguiu para a capital federal, ingressando na Escola Militar do Realengo. Em dezembro de 1941, com a criação da Força Aérea Brasileira, foi transferido para a nova força, sendo declarado Aspirante. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial em agosto de 1942, Miranda e outros colegas se tornaram a primeira linha de defesa do país contra as investidas do Eixo, que aconteciam na forma de ataques de submarinos.

Desta maneira, o Brasil passou a receber diversas aeronaves modernas de fabricação americana, entre elas o hidroavião de patrulha Consolidated PBY-5 Catalina. Miranda foi um dos pilotos que voaram diversas missões de patrulha com o Catalina em nosso litoral, partindo da Base Naval do Rio de Janeiro. Bem cedo na manhã de 31 de julho de 1943, ele decolou como copiloto do Aspirante Alberto Martins Torres a bordo do PBY-5 "Arará", tomando o rumo de Cabo Frio para iniciar patrulha. Após 10 minutos de voo, receberam um relatório do Rio de Janeiro dizendo que havia sido detectada atividade submarina na área, e cerca de uma hora depois fizeram contato visual com o submarino alemão U-199 do Kapitänleutnant Hans-Werner Krauss, que já havia afundado o veleiro brasileiro Changri-lá em 4 de julho. Atacando com o sol atrás de si, Torres fez manobras evasivas para escapar da artilharia de deque do submarino, e então passou para Miranda o comando de lançamento das bombas. A 100 metros do U-199 Miranda lançou uma carga explosiva que destruiu a proa do submarino. Torres fez uma segunda passagem de ataque, lançando mais algumas bombas contra o barco que já começava a afundar; em seguida, lançou três botes salva-vidas para os sobreviventes. Apenas 12 tripulantes, incluindo Krauss, sobreviveriam.

Quando em dezembro de 1943 Getúlio Vargas criou o 1º Grupo de Aviação de Caça - que seguiria para combate na Europa - o Tenente-Coronel Nero Moura foi nomeado seu comandante, e este teve por primeira missão selecionar um grupo de "homens-chave" que seguiriam imediatamente para Orlando, na Flórida, para treinamento. Neste seleto grupo de 16 oficiais e 16 sargentos estava incluído o então 2º Tenente Miranda Corrêa, que foi designado Oficial de Inteligência da unidade, visto que era tido como culto e estudioso, já fluente em inglês e francês. Seguindo para Orlando em janeiro de 1944, Miranda inteirou-se de todos os procedimentos da USAAF para planejamento operacional e análise de resultados em unidades de caça. Em março foi para o Panamá e depois para Suffolk, nos EUA, onde travou contato com o Republic P-47 pela primeira vez. Em setembro, seguiu com o grupo para a Itália, montando sua seção de inteligência na Base Aérea de Tarquinia. Não satisfeito com seu desempenho de "mero analisador" das missões, Miranda resolveu voar ele mesmo em combate com a Esquadrilha Azul, decolando para sua primeira missão em 13 de novembro. Até o dia 3 de janeiro de 1945, ele voaria um total de 8 missões de combate, adquirindo para si a própria perspectiva do piloto de caça, o que teve impacto direto no rendimento operacional do Senta a Pua nos meses finais do conflito.

Após a guerra, Miranda permaneceu na FAB, graduando-se em Engenharia Aeronáutica e servindo como diretor do Parque de Aeronáutica de Belém entre 1951 e 1952. Posteriormente, foi diretor de engenharia da Diretoria de Material e Diretoria de Rotas da FAB. Miranda Corrêa passou para a reserva na patente de Major-Brigadeiro-do-Ar, trabalhando em seguida na Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) em Montreal, no Canadá.

O Brigadeiro Miranda Corrêa era ativo participante das comemorações do 1º Grupo de Caça até 2010, quando sua saúde começou a decair bastante. Residia em Teresópolis, com sua terceira esposa. Ele deixa um filho, do primeiro casamento.

Miranda Corrêa era o último piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça a participar da campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial, desde a morte do Brigadeiro Rui Moreira Lima em agosto deste ano. Resta agora somente Major John William Buyers, da USAAF, que realizou 21 missões voluntárias com o Senta a Pua, ainda vivo.

Agradeço ao amigo Gilberto Ziebarth Jr. pela dica.

Miranda Corrêa é condecorado com a Distinguished Flying Cross pelo afundamento do U-199.

Na Seção de Inteligência do Senta a Pua na Itália: Miranda Corrêa (esq) e seu auxiliar, o Sargento Monclar Góes Campo (dir).

Miranda Corrêa em seu P-47 "Arlette", batizado em homenagem à sua primeira esposa. Nero Moura logo proibiu esse tipo de personalização dos Thunderbolts, que receberam seriais na carenagem do motor.

Brigadeiro Miranda Corrêa e Celso Menezes, roteirista da HQ Jambocks, na Base Aérea de Santa Cruz, 22 de abril de 2010.

Nota de Falecimento: Erwin-Peter Diekwisch

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Erwin-Peter Diekwisch
(12/08/1920 - 20/08/2013)

Faleceu no último dia 20 de agosto na Alemanha, de causas naturais aos 93 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro, Hauptmann Erwin-Peter Diekwisch.

Nascido em Buschhütten, na Renânia, Diekwisch completou seus estudos e, após o período obrigatório no Reichsarbeitsdienst (RAD), iniciou treinamento na Luftwaffe em Quedlinburg, mais tarde seguindo para a escola de bombardeiros de mergulho em Graz-Thalerhof. Em 1940 ele foi designado para o Sturzkampfgeschwader 1 (StG 1), unidade que voava o lendário Junkers Ju 87 Stuka.

Durante a campanha contra França, Holanda e Bélgica em maio e junho de 1940, o StG 1 foi mantido na reserva, tendo pouco antes participado ativamente da invasão da Noruega. Sendo assim, somente quando o Fliegerkorps X (comando ao qual o StG 1 estava subordinado) foi transferido para a Sicília em janeiro de 1941, foi que Diekwisch realizou suas primeiras missões operacionais. Como parte do contingente aéreo de apoio ao novo Afrika Korps, os Stukas de Diekwisch começaram uma intensa onda de ataques à Royal Navy no Mediterrâneo. Em sua quarta missão, ele foi teve que realizar um pouso forçado nas praias sicilianas após ser avariado pela antiaérea naval inglesa. Em abril o Fliegerkorps X foi transferido para os Bálcãs, para dar suporte à invasão da Iugoslávia e Grécia e, logo depois, operando no leste da Romênia, tomou parte na Operação Barbarossa, a invasão da União Soviética.

No sul da URSS, Diekwisch ganhou experiência rapidamente, e tornou-se um exímio piloto de Stuka. No começo de 1942, foi feito ajudante do III Gruppe do StG 1, e em 27 de maio foi agraciado com a Cruz Alemã em Ouro por seu alto sucesso operacional, afundando navios e destruindo dezenas de veículos blindados. Já com centenas de missões em seu currículo, o Leutnant Diekwisch foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 15 de outubro de 1942, tornando-se um dos mais condecorados pilotos de sua unidade. Com a criação do StG 5 no front do Ártico, Diekwisch foi transferido para lá, sendo promovido a Oberleutnant e recebendo o comando de uma Staffel no verão de 1943. No ano seguinte o StG 5 - já rebatizado Schlachtgeschwader 5 (SG 5) - trocou seus antigos Stukas por novos Focke-Wulf Fw 190, com os quais enfrentou a poderosa ofensiva soviética no verão de 1944 contra a Finlândia.

Recuando para a Alemanha em outubro de 1944, os remanescentes da unidade foram transferidos para o famoso KG 200, e Diekwisch, já promovido a Hauptmann, assumiu o comando da 11ª Staffel do III Gruppe em janeiro de 1945. Transferidos para Sola, na Noruega, o grupo iniciou preparação para um ataque de Mistel contra a base naval inglesa de Scapa Flow, mas a missão acabou nunca sendo realizada. Diekwisch terminou a guerra com um impressionante total de 934 missões operacionais realizadas, nas quais destruiu 64 blindados inimigos, 2 locomotivas, 3 navios, 1 submarino, como também 12 vitórias aéreas confirmadas.

Após ser libertado, iniciou uma bem-sucedida carreira de empreendedor na indústria.

Meus agradecimentos ao amigo Richard Schmidt pela ajuda.

Diekwisch (esq), cumprimenta dois novos ganhadores da Cruz do Cavaleiro no StG 5, os artilheiros de ré Johann Hans Trummer (centro) e Erich Morgenstern (dir). Finlândia, maio de 1944.

Foto autografada pelo Hauptmann Diekwisch.

Nas pegadas de Marseille

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Olá amigos da Sala de Guerra!

Retornei esta semana de uma viagem de 20 dias ao Egito. Meu objetivo por lá era mergulhar no naufrágio doSS Thistlegorm, cargueiro inglês abarrotado de material bélico destinado ao 8º Exército que foi afundado em 1941 no Golfo de Suez por bombardeiros Heinkel He 111baseados em Creta (KG 26). Uma história fascinante.

Este naufrágio é um dos top points do mundo para os mergulhadores de naufrágios. Bem, acabei realizando 18 mergulhos (2 deles no Thistlegorm) em naufrágios no Golfo de Aqaba, Estreito de Tiran, Estreito de Gubal, Golfo de Suez e Mar Vermelho.

Também aproveitei o momento para ir a El Alamein, que dista 240 km do Cairo. O guia me pegou no hotel por volta das 6h e viajamos por boa parte da manhã. Pelo caminho alguns bloqueios de estrada feitos por elementos do Exército egípcio e polícia. Nestes locais sempre havia um blindado e muitos AK-47. Fiquei surpreso ao ver tanques M1 Abrams. Não sabia que o Egito tinha este excelente carro de combate americano.

Bem, visitei o cemitério inglês e o alemão. Depois o Museu Militar de El Alamein, a Pirâmide de Marseille e o campo de batalha. Voltamos à noite para o Cairo. Uma jornada extenuante, porém inesquecível! Mas temos que ir por partes.

Sempre fui admirador de Hans-Joachim Marseille, na minha opinião, o melhor piloto de combate de todos os tempos. Pesquisei muito material sobre sua curta, porém admirável carreira militar. O Amarelo 14, o Estrela da África, símbolo da intrepidez e da arte de voar. O cara que em num só dia (1 de setembro de 1942), em 3 missões, obteve 17 vitórias, sendo 16 homologadas. Isto com um consumo mínimo de munição. Este virtuose da caça, tinha a capacidade quase mágica de calcular o espaço que no próximo meio segundo seria ocupado por um Spitfire ou um infeliz Tomahawk e ali colocar meia dúzia de granadas de 20 mm e algumas dezenas de projéteis de 7,92 mm. Letal. Minha nossa!

Tinha conversado com o Júlio e confirmado com ele que Marseille está sepultado na Líbia, lugar difícil para ir. Portanto me contentaria em ver o ponto onde ele tinha caído. Meu guia e o motorista não sabiam da história da pirâmide que marca o local. Já estava quase desistindo quando no cemitério alemão, falamos com um beduíno que era o guardião do memorial sobre a tal pirâmide. Ele disse que tinha um primo que sabia da exata localização. Sacou de um moderno celular e falou com o cara. O outro beduíno pediu então 200 libras egípcias (lá é tudo assim, tudo por grana) para nos guiar (1 U$ = 6,8 libras egípcias). Barganhei e a muito custo reduzi para 150 libras. Embarcamos na van e fomos por uma hora através de uma estrada pelo deserto.

Um dos guias beduínos.

Tinha restos de asfalto e partes de areia. Foi uma viagem longa, tensa e inquietante, pois eu já estava imaginando uma emboscada dos fundamentalistas islâmicos. Nunca chegava e eu começava a achar que o beduíno nos enrolava. Estava bastante preocupado e foi quase ao final da minha paciência que avistamos à esquerda, na linha do horizonte, a pequena pirâmide. Antes, pelo lado direito da estradinha, no deserto, tínhamos visto áreas delimitadas com arame farpado e com trapos pretos pendurados. O guia disse-me então que eram campos minados.

Rodamos algum tempo pelo deserto e alcançamos a tal pirâmide. O silêncio no deserto é absoluto e os campos de tiro extraordinários. Nunca tinha visto ou sentido nada disto. Um calor ardido, atenuado pelo meu modelito egípcio que havia comprado para me disfarçar e escapar um pouco do achaque diário nas ruas de Luxor e Cairo.

Pensei muito no local. Olhei o céu sem uma nuvem e imaginei o voo fatídico do Mersserschmitt Me 109G-14amarelo, bem ali em cima, no dia 30 de setembro de 1942. O corpo do capitão caindo com o paraquedas sem abrir. Acima, os aviões da esquadrilha, dispersos no céu, passando um a um, desorientados, agitando as asas, procurando ver e compreender. Que história!

No horizonte, a uns 300 m, observei alguma coisa escura, regular. Meu Deus, um pedaço do Gustav de Marseille! O supremo suvenir! A consagração de um colecionador! Caminhei na direção do objeto enquanto o guia e o motorista, quase histéricos, gritavam:

Néstor, Néstor, do not go, there are mines! MINES, MINES, EVERYWHEREEEEEE!!!!

Eu sabia que ali não haveria mina alguma, seria muito azar virar energia, isto é: luz e calor, com uma mina da II Guerra Mundial. Chegando ao local, para minha total desolação, descobri que o leme do Messerschmitt era um emaranhado de tubos plásticos contemporâneos levados pelo vento. Que merda! Pqp!

Para acalmar o meu irrequieto guia (perguntei a ele se estava nervoso dos nervos), retornei passo a passo (que nem nos filmes hahaha) pisando nas pegadas da ida. Que embuste!

Mas chega de papo e vamos às fotos. Um abração!

Nestor

A desolada paisagem que cerca a Pirâmide de Marseille.

Nestor ao lado da Pirâmide.

"Aqui faleceu, invicto, o Capitão Hans-Joachim Marseille - MOVM (Medaglia d'Oro al Valor Militare)"

Restos de aeronave e piloto alemão são encontrados na França

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O incidente aconteceu na primavera de 1943. O mundo estava em guerra e a França ocupada pela Alemanha. Na Normandia, num dia de primavera, um Focke-Wulf Fw 190enterrou o nariz no chão entre Yport e Froberville, perto de Fécamp, desaparecendo. Até agora.

Os restos da aeronave e de seu piloto foram finalmente encontrados na semana passada.

Dezenas de especialistas em história da aviação, arqueologistas britânicos e franceses, tomaram parte na operação, que recebeu o apoio de uma escavadeira. Tudo foi baseado em evidências indiretas vindas de duas pessoas que lembravam-se de ter visto a queda da aeronave durante a guerra. Não foi visto paraquedas e os alemães rapidamente concluíram a investigação do caso.

Laurent Viton, um entusiasta da aviação, disse que os destroços foram encontrados a mais de três metros de profundidade usando-se um magnetômetro. Uma vez localizados, os destroços da aeronave mostraram que o canopy ainda estava intacto, indicando que o piloto não havia saltado. Então, os restos do piloto foram descobertos. Mas sem documentação e com apenas alguns ossos, qualquer identificação parece improvável.

É uma satisfação comprovar que essa história realmente ocorreu e que o trabalho de resgate da memória não foi em vão. Mas temos que admitir que gostaríamos muito de identificar este piloto e eventualmente notificar a família”, confessou Viton, um pouco desapontado.

Os restos mortais do piloto serão enterrados no cemitério militar alemão de La Cambe, na Normandia.

Fonte: Le Parisien, 21 de setembro de 2013.

Nota de Falecimento: Gordon Steege

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Gordon Steege
(31/10/1917 - 01/09/2013)

Faleceu no último dia 1 de setembro em Sydney, Austrália, de causas naturais aos 95 anos de idade, o ás australiano Air Commodore Gordon Henry Steege.

Nascido em Chatswood, subúrbio de Sydney, Steege cresceu demonstrando grande paixão pela vida militar. Tentou sem sucesso ingressar na marinha aos 12 anos e, após terminar os estudos, tentou ingresso no Real Academia Militar em Duntroon, onde também foi recusado. Ele acabou juntando-se à Real Força Aérea Australiana (RAAF) em 21 de julho de 1937, concluindo o treinamento em junho do ano seguinte. Inicialmente designado para o 3º Esquadrão em Richmond, com o começo da guerra em setembro de 1939 ele foi transferido para o 11º Esquadrão.

Em 25 de setembro de 1939, o 11º Esquadrão foi enviado para a Nova Guiné, voando hidroaviões na patrulha nas áreas vizinhas de Port Moresby. Em maio de 1940 o governo britânico decidiu reforçar as defesas do Norte da África, e transferiu para lá o 3º Esquadrão, com Steege novamente em seus quadros. Pilotando um biplano Gloster Gladiator, ele abriu seu escore contra um Fiat CR.42 Falco italiano 10 de dezembro de 1940, durante a ofensiva de O'Connor contra Graziani. Três dias depois, ele compartilhou a destruição de mais dois CR.42s e um trimotor Savoia-Marchetti SM.79 Sparviero. No começo de 1941 o esquadrão trocou os Gladiators por Hawker Hurricanes, bem a tempo de receber a Luftwaffe, recém-chegada ao teatro de operações. Steege tornou-se oficialmente um ás ao derrubar em sequência três Junkers Ju 87 Stuka sobre Mersa Matruh em 18 de fevereiro - ele foi o segundo piloto de seu esquadrão a atingir esse status. Após destruir um Messerschmitt Me 110 em 3 de abril daquele ano, Steege foi agraciado com a Distinguished Flying Cross por sua "coragem irrefreável", em 11 de abril.

Em 31 de maio ele recebeu o comando do recém-criado 450º Esquadrão em Rayak, no Líbano, com a difícil tarefa de transformar pilotos novatos em combatentes aptos. Em dezembro, a unidade foi transferida El Adem, na Líbia, e equipada com o Curtiss P-40, começou a registrar vitórias contra as forças do Eixo. O próprio Steege derrubou um Messerschmitt Me 109 em 28 de março de 1942, sendo posteriormente elogiado por sua condução do esquadrão durante aquele ano. 

Em dezembro de 1942 ele retornou à Austrália, inicialmente fazendo um curso de defesa aérea em Brisbane. Em maio de 1943, recebeu o comando de uma unidade da 71ª Ala de Caça, transferida para a Ilha Goodenough, na Nova Guiné, em 27 de junho. Em outubro, foi feito comandante da 73ª Ala de Caça, que tinha dois esquadrões de P-40 Kittyhawks e um de Supermarine Spitfires. Em dezembro, como parte da preparação para a Batalha de Arawe, na Nova Guiné, os P-40s de Steege realizaram um ataque contra as posições japonesas em Gasmata. Ele liderou pessoalmente uma formação de 34 aeronaves que bombardearam e metralharam a base aérea inimiga no local. No mês de janeiro de 1944, os caças de Steege realizaram as maiores operações aéreas conjuntas realizadas pelos australianos até então, contra as bases japonesas em Lindenhafen, Nova Bretanha. Em junho, ele passou a comandar a 81ª Ala de Caça, realizando uma série de ataques contra alvos inimigos em Papua. Começando em janeiro de 1945, Steege tornou-se oficial de estado-maior no Comando do Leste, em Sydney, antes de ser transferido para o QG da RAAF em Melbourne em maio. Gordon Steege terminou a guerra com 8 vitórias aéreas individuais e três compartilhadas.

Pedindo baixa da RAAF em 1946, ele retornou ao serviço ativo em junho de 1950, com o estouro da Guerra da Coreia. Após atualizar-se com cursos de aeronaves a jato, recebeu o comando do 77º Esquadrão, voando Gloster Meteors, em agosto de 1951. Com base em Kimpo, na Coreia do Sul, Steege rapidamente tomou a polêmica decisão de requerer a retirada de sua unidade da tarefa de superioridade aérea e da zona de operações do "Corredor dos MiGs": após dois encontros com MiG-15s, ele percebeu que os Meteors de asa reta não eram páreo para os caças soviéticos de asa enflechada. Embora tivesse prevenido um possível massacre, a decisão de Steege impactou no moral do esquadrão, que somente recuperou-se com a transferência de comando em 26 de dezembro. Steege então retornou para a Austrália e ocupou uma série de postos de estado-maior até sua aposentadoria em 31 de outubro de 1972.

Nas décadas seguintes ele trabalhou como consultor em diversas firmas do setor aéreo. Em 2008, Steege se tornou patrono da Associação do 450º Esquadrão de Caça, sendo convidado frequente de eventos relacionados à aviação. Ele deixa esposa e dois filhos.

Steege (quinto da direita) e seus colegas do 3º Esquadrão no Egito, fevereiro de 1941.

Air Vice Marshal John McCauley (esq), Wing Commander Gordon Steege (centro) e Group Captain A. G. Carr (dir), Coreia do Sul, novembro de 1951.

Air Commodore Gordon Steege.


Um encontro entre FAB e FEB em Recife

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Major Buyers e Capitão Souza: guerreiros brasileiros de armas diferentes que se encontraram no mês passado.

Meu amigo Eduardo Seyfert, professor de anatomia humana da UFCG, é um dos grandes entusiastas da FEB e do 1º Grupo de Caça no Brasil. Realizou uma viagem pelo país no mês passado e visitou uma porção de veteranos, em diversas cidades. Vamos começar os relatos dele por este invejável encontro entre FAB e FEB que ele promoveu em Recife (sim, inveja boa, porque eu queria estar lá!):

No último dia 25 de setembro consegui promover o encontro de dois veteranos. Na época da campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial, um era 3º Sargento da Infantaria e compunha o 1º Regimento de Infantaria (1º RI) da Força Expedicionária Brasileira, e o outro era Major da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF).

O Capitão da Infantaria Severino Gomes de Souza atualmente reside em Recife assim como o Major John William Buyers, que mudou-se de Maceió para a capital pernambucana no início do ano. O encontro foi simplesmente fantástico. Não demorou muito e os dois estavam dando altas gargalhadas e eu que nem da conversa participava fiquei a imaginar sobre o que os dois velhos guerreiros falavam.

Boas histórias relembradas pelos dois guerreiros.

Souza relembrou o ataque final ao Monte Castelo, realizado em 21 de fevereiro de 1945, do qual fez parte o 1º Regimento de Infantaria– o famoso Regimento Sampaio – que nesta ocasião foi apoiado com os bombardeios do 1º Grupo de Aviação de Caça “Senta a Pua”, comandado pelo Tenente-Coronel Aviador Nero Moura – do qual o Major John Buyers fazia parte como homem de ligação com o Alto-Comando Aliado. O Major Buyers cumpriu voluntariamente junto com o 1º Grupo de Caça 21 missões de combate (sendo hoje o último brasileiro vivo a voar em combate na Itália), e o Capitão Souza participou da Batalha de Monte Castelo desde o primeiro dia, no fim de novembro de 1944, até a tomada do monte antes da Ofensiva da Primavera, em 21 de fevereiro de 1945.

Estes dois ex-combatentes me proporcionaram um momento singular. Não é todo o dia que se tem a oportunidade de ouvir as histórias de dois soldados de armas diferentes e que atuaram no mesmo campo de batalha.

Eduardo Seyfert

Eduardo Seyfert, Major Buyers e Capitão Souza. Recife, 25 de setembro de 2013.


Nota de Falecimento: Martin Drewes

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Martin Drewes
(20/10/1918 - 13/10/2013)

Faleceu no último dia 13 de outubro em Blumenau, Santa Catarina, de causas naturais aos 94 anos de idade, o ganhador das Folhas de Carvalho da Cruz do Cavaleiro, meu amigo, Oberstleutnant Martin Drewes.

Nascido no vilarejo de Lobmachtersen, perto de Hannover, Martin era filho do farmacêutico local. Na infância, fez um voo panorâmico com sua mãe, e desde então apaixonou-se pela aviação. Contudo, em novembro de 1937 alistou-se na nascente força de blindados do Exército, sendo designado para o 6º Regimento Panzer. Pouco tempo depois, tornou-se cadete na Escola de Oficiais em Munique, onde conheceu Chiang Wego, filho do líder chinês Chiang Kai-Shek. A amizade entre os dois duraria até a morte de Wego em 1997. Drewes foi comissionado Leutnant em agosto de 1939, e no mês seguinte, à pedido, foi transferido para a Luftwaffe.

Após o treinamento básico de voo, ele foi enviado para a escola de multimotores, onde aprendeu a pilotar aeronaves de médio e grande porte; em seguida, seguiu para a escola de caças pesados, onde adquiriu experiência nos comandos da aeronave que voaria durante toda a Segunda Guerra Mundial: o Messerschmitt Me 110. Concluindo o treinamento em fevereiro de 1941, Drewes foi enviado para o II Gruppe do Zerstörergeschwader 76 (ZG 76), unidade empregada como apoio aéreo na última fase da invasão da Grécia em abril daquele ano.

Ao mesmo tempo, uma revolução anti-britânica acontecia no Iraque, e o novo governo nacionalista pediu ajuda a Hitler para derrotar os ingleses no país. Com os planos secretos de invasão da União Soviética em estágio adiantado, tudo que os alemães puderam enviar foi uma esquadrilha de caça e uma de bombardeio sob comando do Oberst Werner Junck. A esquadrilha de caça escolhida para o Sonderkommando Junck foi justamente a do Leutnant Drewes. Numa manhã de maio no aeródromo de Tatoi, em Atenas, as aeronaves amanheceram pintadas com insígnias desconhecidas e ordens secretas foram dadas aos pilotos para que voassem para base italiana de Rhodes. Em pleno voo, descobriram que seu destino final era o Iraque, onde chegaram em 17 de maio. Naquele dia, Drewes e outros dois colegas atacaram a base aérea da RAF em Habbanyia, mostrando que a Luftwaffe havia chegado ao teatro de operações. Três dias depois, Drewes derrubou sua primeira presa, um solitário Gloster Gladiator. Ao atacar um caminhão inglês dias depois, foi atingido seriamente por tiros de metralhadora e teve que fazer um pouso forçado, vagando pelo deserto até ser encontrado por iraquianos e levado a Bagdá. O pequeno contingente alemão não tinha forças para parar a ofensiva inglesa, e uma evacuação do Iraque foi ordenada.

Retornando à Europa, Drewes passou a voar sobre o Mar do Norte, onde derrubou um Spitfire em 29 de agosto. Promovido a Oberleutnant em 1 de novembro, ele voluntariou-se para uma nova força, recém-criada pelo Oberst Wolfgang Falck: a Nachtjagd (Caça Noturna). Desenvolvida com o objetivo de contra-atacar os bombardeiros da RAF em suas incursões à noite, as unidades de caça noturna utilizavam principalmente o Me 110 e o Junkers Ju 88 como vetores. Guiados por radares de solo e de bordo, interceptavam os alvos em plena escuridão. Após o período de treinamento e adaptação, Drewes foi enviado para a 9ª Staffel do Nachtjagdgeschwader 3 (NJG 3) na Noruega. Seu primeiro abate noturno aconteceu em 17 de janeiro de 1943, quando ele derrubou um quadrimotor Short Stirling sobre Linden, no noroeste da Alemanha. No mês seguinte, recebeu o comando da 7ª Staffel, mas em junho foi transferido para a unidade de elite da caça noturna: o NJG 1, em Leeuwarden, na Holanda. Em agosto, tornou-se comandante da 11ª Staffel, e no dia 3 de outubro, após ser seriamente atingido por destroços de uma de suas vítimas, teve que fazer uma difícil aterrissagem forçada em um morro, escapando da morte por pouco. Quando já contava com 14 vitórias, foi condecorado com a Cruz Alemã em Ouro em 24 de fevereiro de 1944, sendo pouco depois elevado ao comando do III Gruppe, que lideraria até o fim da guerra. Promovido a Hauptmann em abril, Drewes teve sua noite de combate mais bem-sucedida em 22 de maio, quando derrubou 5 Avro Lancasters em sequência, em pouco mais de 90 minutos.

Quando já contava com 48 vitórias e um currículo impecável como comandante, Martin Drewes foi agraciado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 27 de julho de 1944. Promovido a Major em 1 de dezembro, ele alcançou sua última vitória em 3 de março de 1945. Mesmo com a dramática e deteriorante situação dos últimos meses da guerra, Drewes manteve seu grupo em atividade e boa disponibilidade operacional, se tornando o 839º soldado da Wehrmacht a ser condecorado com as Folhas de Carvalho da Cruz do Cavaleiro em 17 de abril de 1945. Ele encerrou a guerra com 52 vitórias aéreas (50 quadrimotores e 2 caças) em 235 missões de combate.

Após ser libertado em 1947, emigrou para o Brasil, onde inicialmente trabalhou para o Departamento de Estradas do estado de Goiás, pilotando Focke-Wulf Fw 58s de aerofotogrametria, realizando o reconhecimento do planalto central para a futura construção de Brasília. Em seguida, conheceu e casou-se com sua esposa Dulce, com quem teve um filho. Trabalhou na gerência de uma fábrica de óleo de coco no Maranhão, e na supervisão de uma madeireira no Amazonas. Na década de 1960, passou a trabalhar como diretor da Volkswagen Seguros, no Rio de Janeiro, de onde aposentou-se nos anos 1980.

Martin Drewes mudou-se para Blumenau, Santa Catarina, em sua aposentadoria. Foi quando publicou sua autobiografia "Sombras da Noite" em 2002, e protagonizou um documentário biográfico, "O Caçador da Noite", em 2008. Ativo participante dos encontros de veteranos na Alemanha, bem como de diversos eventos promovidos pela Força Aérea Brasileira, Drewes era conhecido e admirado em todos os círculos de entusiastas da aviação no país. Em 2011, teve uma extensa biografia publicada na Alemanha: "Sand und Feuer", até o momento disponível somente em alemão.

Viúvo desde 2010, ele sofreu um acidente doméstico em junho de 2013, após o qual sua saúde declinou sensivelmente, vindo a falecer a apenas uma semana de seu 95º aniversário.

Me lembro como se fosse ontem a primeira vez que conversei com Martin Drewes, por telefone, no fim de 2006. Estava eu propondo a ele a realização de um documentário em vídeo sobre sua vida, e confesso que sentia muito receio de que ele rejeitasse a proposta. Martin, contudo, me surpreendeu aceitando o convite, e após os trâmites com o financiamento, conheci-o finalmente em Blumenau em fevereiro de 2008. Foram quatro dias de entrevista filmada, no qual ele nos brindou com suas histórias e seu amplo conhecimento da guerra aérea noturna. Tornamo-nos bons amigos depois disso. Martin convidou-me para ir com ele conhecer a Alemanha e participar dos encontros de veteranos. Uma experiência valiosíssima para qualquer pesquisador, que abriu-me as portas para conhecer veteranos de diversos países, como Inglaterra, Romênia, Itália e Estados Unidos. Visitei-o sempre que possível em Blumenau, cidade onde também fiz diversos amigos.

Hoje o Martin nos deixa, admirado não só pela carreira de caçador, mas especialmente pela pessoa que era. Uma mensagem sua é inesquecível: fale aquilo que sabe, aprenda a enxergar com seus próprios olhos. Válido para todos os momentos da vida. Tenho certeza de que este descanso foi-lhe merecido. Drewes marcou sua passagem por este mundo com honra, e a história nunca se esquece dos grandes homens.

Com Martin Drewes em Bad Honnef, Alemanha, outubro de 2009.


Martin Drewes (no camelo) e Adolf Brandstetter no Iraque, maio de 1941.

Drewes (esq) com a equipe de solo junto ao seu Messerschmitt Me 110, 1944.

Martin Drewes e seu ajudante Walter Scheel em Laon, França, março de 1944. Scheel se tornaria Presidente da Alemanha Ocidental em 1974.

Jubileu de Prata da Rainha Elizabeth II, 7 de julho de 1977. Walter Scheel (dir) cumprimenta a Rainha e o Príncipe Phillip. Martin Drewes aparece logo atrás do Príncipe.

Messerschmitt Me 110G-4 de Martin Drewes. III.NJG 1, Alemanha, verão de 1944.

Nota de Falecimento: Sagadat Nurmagambetov

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Sagadat Nurmagambetov
(25/05/1924 - 24/09/2013)

Faleceu no último dia 24 de setembro em Almaty, no Cazaquistão, de causas naturais aos 89 anos de idade, o Heroi da União Soviética, General-de-Exército Sagadat Kozhahmetovich Nurmagambetov.

Nascido no pequeno vilarejo de Kosym, na província cazaque da antiga União Soviética, Nurmagambetov completou os estudos e começou a trabalhar como chefe de uma cabana de leitura em uma fazenda coletiva. Após a invasão alemã da União Soviética, as baixas e grandes recuos forçados ao Exército Vermelho forçaram Stalin a recorrer em massa aos povos não-eslavos da URSS, e em 1942 Nurmagambetov foi convocado e enviado rapidamente para um curso de formação de oficiais na Escola Militar de Kushka, no Turcomenistão. Graduando-se em abril de 1943, foi imediatamente enviado para a linha de frente.

O Tenente-Júnior Nurmagambetov recebeu o comando de um pelotão de metralhadoras no 1.052º Regimento da 301º Divisão de Infantaria. Com essa divisão integrada ao 5º Exército de Choque, ele participou da liberação de Krasnodar, no Mar Negro, seguindo incessantemente pela Ucrânia, Moldávia, Bielorrússia e Polônia, já no fim de 1944. Neste período, as qualidades do jovem oficial de 20 anos de idade se mostravam, tendo ele passado a comandar uma companhia e sido promovido a Capitão. Estando posicionado ao longo do rio Vístula, na Polônia, o Exército Vermelho preparava-se para executar a Ofensiva Vístula-Oder, que os levaria às portas de Berlim. A ofensiva iniciou-se no dia 12 de janeiro de 1945, sob comando geral dos Marechais Georgy Zhukov e Ivan Konev. No dia 14, quando os soviéticos ainda tentavam romper as defesas alemãs no vale do Vístula perto de Wyborow, o 1.052º Regimento recebeu ordens de tomar a colina 125.7, posição de tiro inimiga que dominava a região. Os alemães haviam montado diversos ninhos de metralhadora e morteiros na elevação, e os soviéticos estavam quase paralisados. Um dos metralhadores de Nurmagambetov foi abatido, e ele, após rapidamente analisar a desesperada situação, tomou a arma e abriu fogo contra os inimigos. Com cobertura das armas de sua companhia, ele atacou morro acima, vencendo a resistência alemã e fincando no topo a bandeira vermelha. No dia seguinte, Nurmagambetov organizou seus homens e atacou uma ponte fluvial a sudoeste de Varka, capturando-a e mantendo-a por dois dias, até a chegada de reforços. Por extrema coragem e liderança demonstrada nessas ações, o Presidium do Soviete Supremo condecorou o Capitão Nurmagambetov com a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética em 27 de fevereiro de 1945, sendo também promovido a Major.

Seguindo em frente com a vanguarda do 5º Exército de Choque do General Nikolai Berzarin, Nurmagambetov assumiu o comando de um batalhão. No dia 14 de abril, com o início da ofensiva final contra Berlim, ele comandou um ataque que rompeu as defesas alemãs, penetrando em 5 trincheiras e permitindo a passagem de tanques. No dia 18, tendo sido um dos primeiros a alcançar os subúrbios da capital do Reich, Nurmagambetov enfrentou três contra-ataques alemães em seguida, mantendo sua posição, apesar das pesadas baixas sofridas. Cinco dias depois, seu batalhão foi o primeiro a cruzar o rio Spree, já dentro da cidade, e chegar à margem ocidental. Liderando suas tropas no subúrbio de Treptow, sudoeste da cidade, ele foi ferido em combate no dia 24, sendo evacuado para a retaguarda. Por tais ações, o comandante do 1.052º Regimento, Coronel Alexander Peshkov (também Heroi da União Soviética) recomendou Nurmagambetov para uma segunda Estrela Dourada. Contudo, esta condecoração nunca foi autorizada.

Após a guerra, ele ingressou na Academia Militar de Frunze em 1946, graduando-se em novembro de 1949. Seguindo carreira como oficial de estado-maior, foi chefe de operações do Distrito Militar do Turquestão, comandou uma divisão de infantaria motorizada e foi subcomandante do Grupo de Forças Sul na Hungria na década de 1950. Foi membro do Soviete Supremo do Cazaquistão de 1971 a 1994. Foi o oficial de origem cazaque mais prestigiado na URSS, atingindo a patente de Coronel-General.

Em seguida à queda da União Soviética em dezembro de 1991, o Cazaquistão finalmente ganhou sua independência, e Nurmagambetov foi imediatamente apontado chefe do Comitê de Defesa Nacional pelo presidente Nursultan Nazarbayev. Em maio de 1992, ele tornou-se o primeiro Ministro da Defesa da República do Cazaquistão, sendo promovido a General-de-Exército e mantendo o cargo até sua aposentadoria em novembro de 1995. Em 23 de maio de 1994, havia sido a primeira pessoa a receber a alta honraria de seu país, a Estrela Dourada de Heroi do Cazaquistão.

Nos anos seguintes, ele seguiu como assessor esporádico do Presidente Nazarbayev, e em 1999 foi chamado para liderar um grupo de estudo de línguas nacionais e estrangeiras para assuntos militares, fundando uma escola na capital do país, Astana.

Ele deixa esposa, dois filhos e muitos netos e bisnetos. Seu filho, Talgat Nurmagambetov, é Major-General da reserva do Cazaquistão.

Nurmagambetov (esq) e um colega.

Major Nurmagambetov (dir) em Berlim, maio de 1945.

General-de-Exército Sagadat Nurmagambetov, Ministro da Defesa do Cazaquistão, 1995.

Nota de Falecimento: Nicholas Oresko

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Nicholas Oresko
(18/01/1917 - 04/10/2013)

Faleceu no último dia 4 de outubro em Englewood, New Jersey, EUA, de complicações cirúrgicas aos 96 anos de idade, o ganhador da Medalha de Honra do Congresso, Sargento Nicholas Oresko.

Nascido em Bayonne, New Jersey, Oresko terminou os estudos e imediatamente começou a trabalhar no setor de refinamento de petróleo. Ele já tinha muitos anos de carreira na área quando o Japão atacou os EUA em Pearl Harbor em dezembro de 1941, trazendo o país de vez para a Segunda Guerra Mundial. Sendo assim, aos 25 anos de idade, Oresko decidiu alistar-se no Exército em março de 1942. Após o período de treinamento, Oresko foi enviado para uma unidade de instrução, permanecendo nesta posição até meados de 1944.

Após os desembarques na Normandia em 6 de junho de 1944, numerosos reforços foram embarcados nos EUA rumo à Europa, e entre eles estava o Sargento Nicholas Oresko, que era sargento de pelotão da Companhia C do 132º Regimento, 94ª Divisão de Infantaria. A unidade desembarcou em solo francês em setembro daquele ano, inicialmente cuidando da "limpeza" de bolsões de resistência alemães deixados para trás pelo avanço Aliado no norte da França. Em dezembro, foram enviados para substituir a 90ª Divisão de Infantaria na fronteira alemã junto à Linha Siegfried, bem em frente às posições da 11ª Divisão Panzer. Foi quando os alemães desencadearam a Ofensiva das Ardenas, inicialmente causando pânico nas fileiras norte-americanas. Contudo, alguns dias depois, o esforço blindado alemão acabou perdendo ímpeto, e daí em diante os americanos retomaram a iniciativa.

Desta maneira, em 23 de janeiro de 1945, o pelotão de Oresko encontrava-se perto de Tettingen, Alemanha, imobilizado a dois dias por duas casamatas inimigas com metralhadoras posicionadas 15 metros acima e à frente dos homens. Em meio à espessa camada de neve que cobria a paisagem, o Sargento Oresko decidiu que era hora de quebrar aquele impasse, e, levantando-se, ordenou um ataque geral à elevação. Contudo, ele viu que nenhum de seus soldados se movia, paralisados de medo pelas rajadas alemãs. "Foi quando olhei para o céu pensei: 'Deus, eu sei que vou morrer agora. Só peço que seja rápido, por favor'", lembrou-se. Oresko então começou a correr sozinho em direção às casamatas inimigas, armado com seu fuzil M1 algumas granadas de mão. Com os projéteis zunindo ao seu redor, ele chegou perto da primeira casamata e conseguiu lançar uma granada pela abertura, completando a eliminação da guarnição alemã com tiros de fuzil. Foi quando uma rajada atingiu-o no quadril, e Oresko foi ao chão. Seriamente ferido e sangrando profusamente, ele arrastou-se até a segunda casamata, lançando também uma granada e usando o M1 para eliminar os inimigos restantes. Ele ainda recusou evacuação médica até garantir que a posição havia sido realmente tomada. Em seu destemido e solitário ataque, Oresko havia matado 12 soldados inimigos e impedido uma possível carnificina em suas próprias fileiras. Ele foi enviado para um hospital, onde permaneceu até o fim do conflito.

Como reconhecimento por suas corajosas ações em 23 de janeiro, o Sargento Nicholas Oresko foi agraciado com a mais alta honraria norte-americana por bravura em combate, a Medalha de Honra do Congresso. Ele foi condecorado pessoalmente pelo Presidente Harry Truman numa cerimônia no jardim da Casa Branca em 30 de outubro de 1945.

Pedindo baixa do Exército, Oresko retornou à vida civil e trabalhou no Departamento Nacional de Assuntos de Veteranos por 32 anos, até atingir sua aposentadoria. Era conhecido por seu incansável bom humor e por ser um dançarino invejável. Viúvo desde 1980, seu único filho faleceu antes dele, em 2010. Sem mais nenhuma família direta, Oresko todavia nunca sentiu-se sozinho: toda a comunidade local adorava-o e sempre prestavam-lhe ajuda e companhia.

Em setembro de 2013, Oresko acidentou-se e quebrou um fêmur. Durante a operação de restauração do osso, passou por complicações médicas e não resistiu. Desde a morte de Barney Hajiro em janeiro de 2011, Oresko era o mais velho ganhador da Medalha de Honra ainda vivo. A posição agora passa para Robert D. Maxwell, de 92 anos.

Presidente Truman condecora o Sargento Oresko com a Medalha de Honra, 30 de outubro de 1945.

Nicholas Oresko, 2001.

Nicholas Oresko.

Livro: A Primeira Guerra Mundial - História Completa

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Cem anos atrás o mundo assemelhava-se a um barril de pólvora, de uma forma que nunca mais se repetiu. Não que o mundo não se incendiasse de novo, claro, mas a natureza daquela tensão toda era o canto do cisne de ummundo que desaparecia.

A Europa ainda era o centro político-econômico do mundo, e nela diversos impérios de tradição secular vinham afiando suas armas numa corrida armamentista que, cedo ou tarde, explodiria em fúria como nunca antes se vira. Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Rússia, Áustria-Hungria e Império Otomano vinham há décadas engalfinhando-se em esquentadas disputas diplomáticas por recursos e mercados concorrentes, todos determinados a usar os meios que fossem necessários para tornar-se a 1ª potência entre potências.

E no próximo ano marcaremos exatos cem anos desde que tudo isso explodiu numa guerra de proporções mundiais. É isso que você vai conferir em preciosos detalhes numa das obras de história militar mais interessantes lançadas este ano: “A Primeira Guerra Mundial – História Completa”, do Professor Lawrence Sondhaus.

O lançamento, realizado pela Editora Contexto, vem ampliar com valor seu catálogo de história militar. A obra conta com generosas 558 páginas, ricas em ilustrações e notas explicativas que orientam o leitor através da fascinante história do primeiro conflito mundial. Sondhaus tem a habilidade de categorizar e setorizar as diversas frentes, fases e campanhas da Primeira Guerra Mundial em capítulos de fácil entendimento e leitura agradável. E posso atestar, essa não é uma tarefa leve.

Apesar do que possa parecer à primeira vista, a Primeira Guerra Mundial não foi apenas aquele combate tedioso e sangrento, envolvido em lama e trincheiras, que estendeu-se por quatro anos nos campos franceses. Entre 1914 e 1918 o mundo observou uma explosão de tecnologia, que ainda combinada com os últimos suspiros da Era Vitoriana, criou uma atmosfera única na história humana.

Combates se estenderam das pradarias europeias até o coração da África Equatorial, do Oriente Médio até a longínqua costa do Chile. Morriam os sabres, cargas de cavalaria e uniformes coloridos, para dar lugar às armas automáticas, tanques, couraçados e aeronaves de combate – que ao mesmo tempo em que maravilhavam, aterrorizavam pelo puro choque. As armas haviam evoluído, e as táticas não. O resultado foi o terrível banho de sangue no qual jovens de diversas nações se viram envoltos: pessoas como Erwin Rommel, George Patton, Heinz Guderian, Bernard Montgomery, Carl Spaatz, Ernst Udet e Charles de Gaulle– não como generais, mas como meros tenentes, e portanto, dentro do olho do furacão. As lições que ali aprenderam moldaram seu pensamento e toda a doutrina que desenvolveram e utilizaram na Segunda Guerra Mundial vinte anos depois.

A compreensão do que foi a Primeira Guerra Mundial, como se desencadeou e desenvolveu, até sua abrupta conclusão em novembro de 1918, é essencial para qualquer estudioso ou entusiasta da história militar do século XX, e principalmente do conflito 1939-1945. Digo inclusive que entender a Primeira Guerra Mundial mudará diversos pontos-de-vista e percepções que você tem sobre a Segunda Grande Guerra.

Esta obra vem preencher uma lacuna importante no mercado literário brasileiro sobre 1914-1918: uma fonte introdutória sólida e de fácil entendimentosobre a Primeira Guerra, que você consumirá com o prazer de ler um romance. Um século depois, vivemos no mundo originado a partir daquele conflito, e parece que nunca antes a leitura daqueles eventos foi tão pertinente.

Nota de Falecimento: Karl-Heinz Altermann

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Karl-Heinz Altermann
(04/06/1922 - 26/11/2013)

Faleceu no último dia 26 de novembro na Alemanha, de causas naturais aos 91 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro Hauptmann Karl-Heinz Altermann.

Nascido em Köpenick, subúrbio de Berlim, Altermann terminou seus estudos e ingressou no treinamento básico em 25 de outubro de 1940, junto ao 12º Batalhão de Infantaria em Meiningen. Transferido para o 33º Regimento em 30 de dezembro, ele foi enviado para uma unidade de ocupação na França. Seu batismo de fogo aconteceu em 20 de abril de 1941 com o 304º Regimento, durante a invasão da Grécia.

Em 16 de setembro de 1941 Altermann foi selecionado para a Escola de Oficiais de Tropas Panzer em Wunsdorf, de onde graduou-se em 12 de fevereiro de 1942, sendo comissionado Leutnant. Ele então recebeu o comando de um pelotão do 304º Regimento Panzergrenadier da 2ª Divisão Panzer, atuando na área de Rzhev, no setor central da União Soviética. Durante a Operação Seydlitz, lançada pelos alemães para destruir um saliente soviético entre Bely e Kholm, Altermann liderou seu pelotão contra um grupamento blindado inimigo, destruindo um T-34 em combate corporal, sendo seriamente ferido na ação e evacuado para um hospital na retaguarda. Ao recuperar-se, ele foi enviado para Paris, onde cursou a escola de treinamento de comandantes de companhia em unidades de tropas motorizadas, em fevereiro de 1943.

De volta à URSS, Altermann foi novamente ferido em combate, somente voltando ao front em julho, quando foi transferido para o 25º Regimento Panzergrenadier da 12ª Divisão Panzer. Com essa unidade participou dos pesados combates em Kursk, e em janeiro de 1944 assumiu o comando da 1ª Companhia. A 12ª Panzer foi atingida diretamente pelo Exército Vermelho na Operação Bagration quando encontrava-se na área de Babruysk, na Bielorrússia, em junho daquele ano, mas a unidade de Altermann conseguiu escapar dos envolvimentos iniciais recuando até a Letônia. Em 20 de julho ele foi promovido a Oberleutnant, reagrupando suas forças na região de Dobele nos meses seguintes. Ao anoitecer de 20 de setembro, o comandante da 12ª Divisão Panzer, Generalleutnant Erpo Freiherr von Bodenhausen, ordenou um ataque geral da unidade contra um saliente soviético em sua área, encontrando resoluta resistência dos inimigos. Neste momento, Altermann agiu rapidamente, manobrando sua companhia para atingir os soviéticos numa posição enfraquecida, conseguindo através de grande bravura pessoal desmantelar a resistência russa e assegurar o sucesso do ataque. Ferido seriamente pela terceira vez, ele foi evacuado para Prússia Oriental. Ainda no hospital, Altermann foi agraciado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 4 de outubro por suas ações em Dobele.

Promovido a Hauptmann em 15 de fevereiro de 1945, ele continuou a enfrentar o Exército Vermelho na região de Stettin, recuando ante o maciço avanço inimigo. Sua unidade conseguiu cruzar o rio Elba e rendeu-se aos americanos no fim da guerra em maio daquele ano.

PzKpfw IV da 12ª Divisão Panzer no front leste, 1944.

Nota de Falecimento: Harald Nugiseks

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Harald Nugiseks
(22/10/1921 - 02/01/2014) 

Faleceu no último dia 2 de janeiro em Pärnu, na Estônia, de causas naturais aos 92 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro Capitão Harald Nugiseks.

Nascido em Särevere, um pequeno vilarejo no centro da Estônia, Harald era o mais novo de uma numerosa família rural que vivia nas mesmas terras a nove gerações. Ao terminar os estudos, ele fez um curso de jardinagem e, posteriormente, de comércio. Foi quando a União Soviética invadiu e anexou o país em 17 de junho de 1940, transformando a Estônia num estado comunista. As perseguições e deportações de cidadãos estonianos para campos de trabalho na URSS continuaram até junho de 1941, quando os alemães invadiram a União Soviética e o Grupo de Exércitos Norte expulsou os soviéticos dos países bálticos.

O novo governo pró-alemão da Estônia formou corpos voluntários para treinamento na Alemanha, e Nugiseks foi um dos enviados ao Terceiro Reich naquele ano. Retornando do treinamento, ele juntou-se à força de segurança nacional, permanecendo até dezembro de 1942. No ano seguinte, Nugiseks juntou-se à Legião Estoniana da Waffen-SS, sendo enviado para treinamento na Escola de Cabos e Sargentos da SS em Lauenburg, na Alemanha. A Legião Estoniana, de 5.000 homens, recebeu seu batismo de fogo em novembro de 1943, quando o Exército Vermelho rompeu as linhas alemãs em Nevel, perto de Pskov. Sem reservas na área, a Wehrmacht enviou os estonianos para a frente de batalha, onde conseguiram fazer os soviéticos recuarem 15 quilômetros até 13 de novembro. Harald foi ferido em ação, recebendo a Cruz de Ferro de 2ª Classe em seguida.

Em 23 de janeiro de 1944 a Legião foi elevada a 20ª Divisão de Granadeiros da SS, com a adição de outros 38.000 estonianos à formação. Colocada sob comando do III Corpo Panzer-SS do SS-Gruppenführer Felix Steiner, a divisão entrou em combate na cabeça-de-ponte de Narva em 17 de fevereiro, quando o 2º Exército de Choque do General Leonid Govorov rompeu as linhas alemãs na região para tentar tomar o Istmo de Narva, considerado por Moscou uma chave para a Finlândia. A divisão estoniana era a principal força de Steiner na contenção da cabeça-de-ponte soviética em Narva, e foi colocada no front em 17 de fevereiro. A pressão estoniana lentamente empurrou os soviéticos, espremendo-lhes entre duas frentes, a norte e a sul de sua posição, mas com muito custo. Com o pesado fogo de artilharia e metralhadoras soviéticas, a unidade de Nugiseks - o I Batalhão do 46º Regimento de Granadeiros-SS - perdeu quase todos os seus oficiais em combate. Em 24 de fevereiro, enfrentando um impasse e sem nenhum oficial restante, o SS-Unterscharführer Nugiseks assumiu o comando do batalhão em plena batalha, mudando as táticas até então usadas e ordenando que um suprimento de granadas de mão fosse colocado em trenós, para que os soldados não tivessem que arrastar-se de volta para conseguir mais. Com o aumento das granadas disponíveis aos estonianos, Nugiseks e seus homens conseguiram gradualmente espremer os soviéticos pelo norte, destruindo finalmente sua posição. Seriamente ferido no combate, ele foi evacuado para a retaguarda. Como reconhecimento da importância de suas ações para a vitória na Batalha de Narva, Harald Nugiseks foi agraciado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 20 de março de 1944, quando ainda encontrava-se no hospital. Durante sua recuperação, ele se envolveu numa briga com soldados que assediavam enfermeiras da Cruz Vermelha.

Em outubro de 1944 ele recebeu alta e retornou à sua unidade em Neuhammer, na Alta Silésia. Os estonianos participaram das batalhas no Oder, sendo cercados em março na área de Oberglogau. Conseguindo escapar do cerco em 19 de março, a divisão foi enviada para a região de Praga, onde lutou suas últimas batalhas. Tentando render-se aos americanos, os estonianos caíram capturados pelos guerrilheiros checos. Entregue aos soviéticos, Nugiseks ficou preso até novembro de 1946, sendo liberado na Estônia apenas para ser novamente preso em fevereiro de 1947. Deportado para a Sibéria, ele só foi libertado definitivamente em 1958, retornando ao seu país.

Tornando-se trabalhador da construção civil, Nugiseks construiu com as próprias mãos a residência da sua família na década de 1970, na cidade de Pärnu. Com a queda do comunismo em 1991, Nugiseks foi reabilitado pelo governo e seus serviços em combate contra a União Soviética ganharam grande apreço popular. Em 1994, ele foi promovido a Capitão da Reserva, e era o único ganhador da Cruz do Cavaleiro autorizado por seu governo a usar a condecoração original oficialmente.

Em 2008, Harald Nugiseks recebeu do governo estoniano a Medalha da Gratidão, após uma grande campanha popular em seu favor. Com sua morte, resta somente um único ganhador da Cruz do Cavaleiro não-germânico (Alemanha e Áustria) ainda vivo: o dinamarquês Soren Kam.

Meus agradecimentos ao amigo Richard Schmidt pela colaboração.

Nugiseks na frente de batalha.

Reunidos, três dos quatro estonianos ganhadores da Cruz do Cavaleiro: SS-Standartenführer Alfons Rebane (esq), SS-Unterscharführer Harald Nugiseks (centro), e SS-Obersturmbannführer Harald Riipalu (dir).

Capitão Harald Nugiseks.

Nugiseks em sua casa.

Celebrações do 90º aniversário de Harald Nugiseks, Pärnu, 22 de outubro de 2011.

Nota de Falecimento: Vladimir Kozlov

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Vladimir Kozlov
(23/12/1923 - 08/01/2014)

Faleceu no último dia 8 de janeiro em Krasnodar, na Rússia, de causas naturais aos 90 anos de idade, o Heroi da União Soviética Capitão Vladimir Vassilevich Kozlov.

Nascido em Zaporozhye, hoje na Ucrânia, Vladimir era filho de Vassily Kozlov e Valentina Kozlova, ambos trabalhadores. Terminando seus estudos, ele ingressou no Exército Vermelho em 1940, sendo no ano seguinte transferido para a Escola de Aviação Militar de Kacha, em Sevastopol. Foi justamente como cadete da aviação que Kozlov recebeu o primeiro impacto da Operação Barbarossa. Nos primeiros dias da invasão, um grupo de comandos anfíbios alemães atacou o posto de sentinela no qual ele estava de guarda, e Kozlov teve que retornar fogo e afastar os inimigos.

Concluindo seu treinamento de voo em fins de 1942, Kozlov somente chegou à linha de frente em fevereiro de 1943, quando tornou-se piloto do 828º Regimento de Aviação de Ataque da 260ª Divisão, 7º Exército Aéreo, atuando no Front da Karélia. Engajando os alemães e finlandeses na região, Kozlov tomou parte numa das missões mais perigosas da guerra: o ataque a objetivos em solo, fortemente defendidos na maioria das vezes. Para tanto, sua unidade voava o lendário Ilyushin Il-2 Sturmovik, armado com dois potentes canhões de 23 mm, e uma espessa blindagem que protegia o motor e o piloto. Desta maneira, atacou as linhas de frente, colunas blindadas, trens, pontes, balsas, aeródromos, navios e as instalações portuárias em Petsamo e Kirkenes - em coordenação com a Marinha Soviética. Em 1944, foi transferido para o 4º Exército Aéreo do 2º Front Bielorrusso, assumindo o comando de seu esquadrão. Kozlov tornou-se um dos mais exímios pilotos de Sturmovik em sua área de operações, dando apoio aos fuzileiros soviéticos no Golfo da Finlândia, Lago Ladoga e no Mar Báltico, além de atacar diversas cidades finlandesas, norueguesas e alemãs, quase sempre enfrentando a pesada artilharia antiaérea inimiga.

Quando o Marechal Rokossovsky assumiu o comando do 2º Front Bielorrusso em novembro de 1944, Kozlov passou a dar apoio ao avanço soviético pela Prússia Oriental e Pomerânia, juntando-se à ofensiva ao norte de Berlim em abril de 1945. Ele voou sua 129ª e última missão em 6 de maio de 1945, apenas dois dias antes da capitulação final da Alemanha. No dia 18 de agosto daquele ano, como reconhecimento de sua exemplar performance de comando e combate contra contra o inimigo - ele nunca teve seu avião abatido - o Presidium do Soviete Supremo condecorou o Tenente Vladimir Kozlov com a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética.

Promovido a Capitão, ele graduou-se na Academia de Navegação Aérea de Krasnodar em 1947. Passou para a reserva em 1949, entrando então no ramo da construção civil. Em 1959, graduou-se no Instituto Nacional de Engenharia Civil e trabalhou por diversos anos como construtor em empresas estatais, chegando a engenheiro-chefe. Em 1967, tornou-se professor no Instituto Politécnico de Krasnodar, onde lecionou até aposentar-se em 1989.

A partir de então, Kozlov trabalhou em associações de veteranos e presidiu a regional da Associação Nacional dos Herois da União Soviética a partir de 1993. Ele deixa esposa e uma filha.

Sturmoviks prontos para decolar, 1944.

Kozlov é presenteado em seu 90º aniversário, 23 de dezembro de 2013.


Viagem para a Normandia em junho de 2014!

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Pessoal, a Almeida Turismo, empresa de Campinas-SP, está com um pacote de viagem para a Normandia em junho de 2014, levando você para participar das celebrações dos 70 anos do Dia-D!

Meu amigo Alexandre Triffoni está coordenando a viagem e disse-me que há poucas vagas ainda disponíveis, portanto, vale a pena fazer a correria!

Vejam todas as informações abaixo e pelo link: http://pt.scribd.com/doc/191399339/Normandia-2014-Turismo-Tematico

Nota de Falecimento: Waldemar von Gazen

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Waldemar von Gazen
(06/12/1917 - 13/01/2014)

Faleceu no último dia 13 de janeiro em Göttingen, na Alemanha, de causas naturais aos 96 anos de idade, o ganhador das Espadas para a Cruz do Cavaleiro, Major Waldemar von Gazen.

Nascido numa família nobre em Hamburgo, Gazen desde pequeno mostrou grande fascínio pela profissão militar. Ao terminar os estudos, ingressou como cadete no 66º Regimento de Infantaria, em 1936. Comissionado Leutnant em 1 de setembro de 1938, tomou parte com seu regimento na anexação dos Sudetos, e no ano seguinte, com a unidade subordinada à 13ª Divisão de Infantaria, teve seu batismo de fogo na invasão da Polônia.

O jovem oficial Gazen mostrou-se um líder de pelotão aguerrido e talentoso, ganhando as duas classes da Cruz de Ferro naquela campanha. No ano seguinte, mostrou desempenho semelhante durante a invasão da França, chegando com seu pelotão motorizado a Calais e Lyon ao fim do combate. Em setembro ele foi promovido a Oberleutant, e no mês seguinte, sua divisão foi transformada em 13ª Divisão Panzer. Seu regimento foi então enviado para a Romênia, como parte da missão alemã de instrução naquele país. Gazen somente regressou à Alemanha em 28 de maio de 1941, recebendo o comando da 2ª Companhia. Com o início da Operação Barbarossa, a 13ª Divisão Panzer foi designada para o Grupo de Exércitos Sul do Generalfeldmarschall Gerd von Rundstedt, operando na Ucrânia. A unidade de Gazen era uma das pontas-de-lança do 1º Exército Panzer, e foi a primeira tropa da Wehrmacht a atingir o rio Don na cidade de Rostov, e por isso ele foi agraciado com a Cruz Alemã em Ouro em 15 de novembro. Contudo, os soviéticos retomaram a cidade num rápido contra-ataque, encerrando as operações ofensivas naquela região devido à chegada do inverno.

Em 25 de julho de 1942, Gazen novamente partiu para a ofensiva e recapturou Rostov, abrindo o caminho para a invasão alemã do Cáucaso. Por este feito, o Oberleutnant von Gazen foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 18 de setembro, sendo também promovido a Hauptmann. Com o cerco do 6º Exército em Stalingrado em dezembro, Gazen e seus homens foram realocados para Kuban, onde os alemães detinham uma cabeça-de-ponte. Contra os incessantes ataques blindados soviéticos, Gazen liderou um grupo de combate que manteve o perímetro alemão - destruindo 22 tanques soviéticos em dois dias - o que permitiu a evacuação do 1º Exército Panzer para fora do Cáucaso, num total de quase 250 mil soldados. Por este feito, ele se tornou o 182º soldado da Wehrmacht a receber as Folhas de Carvalho para a Cruz do Cavaleiro em 18 de janeiro de 1943.

Em 28 de agosto de 1943 ele recebeu o comando do 66º Regimento Panzergrenadier, sendo imediatamente jogado no centro da ação pelo domínio da Península da Crimeia. Como parte das defesas da Linha Panther-Wotan, os alemães precisavam assegurar a posse da cidade de Melitopol para manter o controle da península. Desta forma, o regimento de granadeiros de Gazen bateu-se contra numerosos ataques soviéticos contra a cidade em setembro de 1943, derrotando todas as investidas e mantendo segura a posição alemã. Por esse sucesso, em 3 de outubro Gazen tornou-se o 38º soldado da Wehrmacht a ser agraciado com as Espadas para a Cruz do Cavaleiro, sendo também promovido a Major.

Em 1944 seu regimento continuou ininterruptamente em ação no oeste da Ucrânia, até ser destruído em combate durante a Operação Bagration em agosto daquele ano. Gazen foi seriamente ferido neste combate e evacuado para a retaguarda. Ao recuperar-se, foi designado para servir no Estado-Maior do Exército, passando por todos os cursos necessários. No fim de 1944 ele foi feito Chefe de Estado-Maior da 13ª Divisão Panzer, desta vez operando na Hungria. Ao fim da guerra, Gazen rendeu-se aos americanos, sendo libertado do cativeiro em 1946.

Após a guerra, Waldemar von Gazen formou-se em direito e tornou-se um renomado advogado. Em sua aposentadoria, foi membro assíduo das reuniões de veteranos da Associação dos Ganhadores da Cruz do Cavaleiro, sendo nos últimos anos (e após a morte de Hajo Herrmann), o mais altamente condecorado presente nas celebrações. Com sua morte, resta somente um único ganhador das Espadas da Cruz do Cavaleiro ainda vivo, o Major Erich Rudorffer.

Gazen (3º da esq. p/ dir.) recebe as Folhas de Carvalho das mãos de Hitler, 1943. Ao seu lado estão Erich Bärenfänger e Wilhelm Niggemeyer.

Major Waldemar von Gazen.

Ao lado de Waldemar von Gazen em Kirchheim, Alemanha, outubro de 2010.

Achim Wunderlich, Waldemar von Gazen e Erwin Kressmann. Kirchheim, Alemanha, outubro de 2010.

Nota de Falecimento: Herbert Fries

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Herbert Fries
(01/03/1925 - 06/01/2014)

Faleceu no último dia 6 de janeiro em Emmerichenhain, Alemanha, de causas naturais aos 88 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro Oberfähnrich Herbert Fries.

Nascido em Waldmühlen, na Renânia-Palatinado, Fries terminou seus estudos e imediatamente serviu o período obrigatório no Reichsarbeitsdienst (RAD) entre março e junho de 1943, na região de Graz, na Áustria. Logo em seguida, em 25 de junho, voluntariou-se para a força paraquedista da Luftwaffe, os famosos Fallschirmjäger. Após o treinamento básico em Gardelegen, Fries seguiu para a escola de caçadores de tanques Salzwedel e Avignon, na França.

Em janeiro de 1944, ele foi designado para servir na 2ª Companhia do 1º Batalhão de Caçadores da 1ª Divisão Paraquedista, que na época pertencia ao 10º Exército do General Heinrich von Vietinghoff - em combate na área de Francavilla, na costa do italiana do Adriático. No fim daquele mês, a 2ª Companhia moveu-se de Francavilla para Piedimonte, na área de Monte Cassino, onde a Wehrmacht vinha segurando o avanço Aliado. Lá, Fries tomou o comando de uma torre enterrada de Pzkpfw V Panther, com um canhão de 75 mm KwK 42/L70 e uma metralhadora MG 34. Auxiliado por mais três colegas (municiador, operador de rádio e operador de metralhadora), Fries se viu em meio ao intenso fogo aéreo e terrestre da última ofensiva Aliada em maio de 1944, que finalmente desalojou os alemães da Linha Gustav. Contudo, no dia 21 de maio, numa distância de 1.700 metros, ele abriu fogo de sua posição camuflada, destruindo sete tanques inimigos. No dia seguinte, com os soldados Aliados a apenas 600 metros, continuou a resistir, destruindo mais seis tanques. Apesar da continuidade do ataque Aliado no dia 23, Fries e sua equipe ainda mantiveram-se na posição da torre de Panther, destruindo mais sete tanques, antes de finalmente evacuarem a área. Por ter atrasado consideravelmente o avanço inimigo em setor, destruindo 20 tanques em três dias de combate, permitindo assim o recuo da 1ª Divisão Paraquedista para a próxima linha de defesa, Herbert Fries foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 5 de setembro de 1944.

Em 15 de novembro Fries foi enviado para servir como instrutor na Escola de Líderes "Brückner" em Bosco Chiesanuova, perto de Verona, na Itália. Em 8 de maio de 1945 foi feito prisioneiro em Rovereto, próximo ao Lago di Garda, sendo mantido em cativeiro até 25 de julho de 1947.

Fries era membro frequentador das reuniões da Associação dos Ganhadores da Cruz do Cavaleiro, e também o mais jovem dos ganhadores desta condecoração ainda vivo. Com sua morte, não resta mais nenhum Fallschirmjäger ganhador da Cruz do Cavaleiro.

Herbert Fries, junho de 1944.

Fries (centro) segue para a linha de frente na Itália, outubro de 1944.

Herbert Fries.

Ao lado de Herbert Fries em Kirchheim, Alemanha, outubro de 2010.

Conheça o luxuoso interior do Hindenburg, em cores!

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Os dirigíveis classe Hindenburg, com seus 244 metros de comprimento, ainda são as maiores aeronaves já construídas pelo homem. Esses gigantes de hidrogênio cruzavam o Atlântico ligando as Américas à Europa em 3 dias, quando navios levavam semanas para fazer o mesmo percurso.

Embora sua silhueta prateada seja bastante conhecida, poucas oportunidades temos de conhecer o luxuoso interior destes dirigíveis - que pouco deviam aos cruzeiros de luxo da época. Faça uma viagem no tempo, com essas impressionantes fotografias coloridas:

Salão de jantar.

Salão de jantar.

Observatório de bombordo e o salão de jantar.

Sala de fumantes.

Sala de fumantes.

Sala de leitura.

Cabine de passageiros.

Salão comunal dos passageiros.

Salão comunal dos passageiros.

Salão comunal dos passageiros.

Fonte: Retronaut, 22 de abril de 2011.

General Dobran celebra seus 95 anos de vida!

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Hoje está celebrando seu aniversário de 95 anos o último dos ases romenos na Segunda Guerra Mundial: Major-General Ion Dobran.

Esta magnífica data, uma conquista a ser celebrada na vida de cada ser humano que ela atinge, é especialmente distinta para esse homem que hoje é, praticamente, o último de sua espécie. Representante legítimo da finada Real Academia da Força Aérea Romena, entidade tradicional que produziu os mais prolíficos pilotos e ases do Eixo – depois dos próprios alemães – na campanha contra a União Soviética, Ion Dobran é o reflexo de uma era passada, de uma Romênia que não existe mais.

Dada minha curiosidade insaciada pelo esforço de guerra dos parceiros menores da Alemanha, e particularmente da Romênia (que foi a 4ª maior potência do Eixona guerra), decidi ir à Bucareste em 2009 conhecer de perto o país e os homens que tomaram parte naquele esforço. Sendo assim, tive a felicidade de conhecer o General Dobran durante uma visita à sua residência, uma tímida casa num velho distrito da capital romena.


A casa, de aspecto tão idoso quanto seu dono, logo revelou-me seu altíssimo conteúdo histórico, e me vi imerso na história da Romênia no Século XX, bem ali. O grande mostruário com suas condecorações fica na sala. As antigas comendas da monarquia romena como a Ordem da Estrela da Romênia, Ordem da Coroa da Romênia e Ordem da Virtude Aeronáuticase misturam com a Medalha da Vitória, outorgada a ele pelo governo soviético – lembrando a mudança de posicionamento do país após agosto de 1944. Na parede, a fotografia do Rei Mihai I, o último monarca romeno, deposto pelos comunistas em 1947 – simbolizando que ali morava um resistente, um patriota, que não dobrou sua mente após meio século de dominação comunista da Romênia.

Dobran saiu da academia para o maior teatro de operações de guerra da história humana, nos comandos do caça de produção nacional IAR 80. Em 1943, fez a conversão para o mais moderno Messerschmitt Me 109, sendo treinado por ninguém menos que o ás alemão Helmut Lipfert (203 vitórias), e vencendo-o numa perigosa disputa de voo rasante – razão pela qual ganhou o apelido de “Faquir”.

Durante sua longa carreira de 340 missões operacionais, Dobran conheceu Erich Hartmanne almoçou com Hans-Ulrich Rudel, foi derrubado três vezes e teve um combate quase mortal com um ás americano, o Capitão Barrie Davis, que quase sete décadas depois reencontrou-o e tornou-se seu amigo.

Dobran e Davis ao lado de um IAR 80. Bucareste, janeiro de 2010.

Foi expulso da Força Aérea pelos comunistas no começo da década de 1950, após recusar-se a assinar um termo no qual repudiava todas as suas ações contra a União Soviética na Segunda Guerra. Passou por anos de grande dificuldade, até conseguir um trabalho de piloto comercial na TAROM. Aposentou-se e permaneceu na obscuridade até a queda do governo comunista de Ceausescu em 1989.

Dobran é homenageado no horário nobre da TV romena pelo apresentador Adrian Ursu, maio de 2013.

O apresentador Adrian Ursu usa uma camiseta com uma foto de Dobran e os dizeres "Eroul Meu" ("Meu Heroi").

Hoje, como último dos ases romenos ainda vivo, é recebedor de grande apreço nacional, e foi devidamente homenageado pelo Estado-Maior da Força Aérea Romena por seus 95 anos de vida. Olhando para essas fotos, enviadas pelo amigo e historiador Sorin Turturica, posso dizer que o velho ás não envelheceu um dia desde que estive com ele 5 anos atrás.

Feliz aniversário General Dobran, e que muitos outros anos lhe venham ainda!



Fotos: Forţele Aeriene Române, Secvential cu Adrian Ursu.
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