Hoje completaria 90 anos de idade o único filho de Montes Claros a morrer em combate na Segunda Guerra Mundial.
Geraldo Martins Santana, filho de Antônio Martins de Santana Primo e Josefina Cândida Santana, nasceu em Montes Claros – MG, em 29 de março de 1923. Estudou na Escola Normal Oficial e era estimado pelos colegas, tido como bom estudante. Sem meios de prosseguir nos estudos e com grande desejo de servir à pátria, aos 17 anos de idade seguiu para Belo Horizonte, onde, em 5 de janeiro de 1941, conseguiu ser integrado à 2ª Companhia do 10º Regimento de Infantaria.
Promovido a Cabo em 14 de setembro de 1942, Geraldo foi transferido para a Companhia de Metralhadoras do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, em São João Del Rei – MG, quando esta unidade foi incorporada à Força Expedicionária Brasileiraem fins de 1943.
Transferido para a Vila Militar no Rio de Janeiro com o 11º RI no começo de 1944, Geraldo passou por todo o treinamento conjunto com o 1º RI e 6º RI. No dia 22 de junho foi transferido para o 6º Regimento de Infantaria– unidade que, secretamente, já havia sido escolhida para embarcar no 1º Escalão rumo à Itália.
Desta forma, Geraldo Santana embarcou no navio USS General Mann em 30 de junho de 1944, zarpando para o Teatro de Operações dois dias depois. Chegando à Nápoles em 16 de julho, o 1º Escalão foi acampado e recebeu os novos equipamentos e vestimentas do Exército Americano, recebendo novo período de treinamento em zona de combate.
Alocado na 5ª Companhia (Cap. Manoel Inácio de Souza Jr.) do II Batalhão do 6º RI, Geraldo Santana entrou em ação no dia 15 de setembro de 1944, quando o Destacamento FEB, comandado pelo General Zenóbio da Costa, substituiu tropas americanas na linha de frente das planícies litorâneas do Vale do Serchio.
No dia 18, os brasileiros libertaram sua primeira cidade, Camaiore, sendo recebidos com festa pela população local. Em 26, atingiram Monte Prano, para em seguida iniciar uma intensa sequência de conquistas durante todo o mês de outubro, chegando às proximidades de Castelnuovo no dia 30.
Os brasileiros foram então transferidos para o setor do Vale do Reno na noite de 1 para 2 de novembro. Inicialmente ocupando a Torre di Nerone, a 5ª Companhia deslocou-se dias depois para a região de Marano sul Panaro, e foi lá, na jornada do dia 9 de novembro de 1944, que o Cabo Geraldo Martins Santana foi morto em ação com um tiro de fuzil alemão. Ele tinha 21 anos de idade.
Sua família, assim como as de todos os soldados do 1º Escalão, não souberam da partida de seus entes queridos para a guerra na Itália. Não houve aviso prévio para os soldados, e os mesmos não puderam enviar cartas antes da partida. Somente meses depois é que receberam correspondências do Ministério da Guerra avisando do embarque do 1º Escalão.
O corpo de Geraldo foi enterrado no cemitério americano em Vada, e alguns meses depois chegou a correspondência do General Mascarenhas de Morais avisando a família da lamentável morte do jovem montesclarense.
Ao fim da guerra em 1945, seu corpo foi trasladado para o novo Cemitério Militar Brasileiro em Pistoia, na Quadra C, Fileira 10 – Sepultura 117.
Geraldo Santana recebeu a Medalha de Campanha da FEB, Medalha Sangue do Brasil e a Cruz de Combate de 2ª Classe.
Em 1959, seus restos mortais, juntamente com todos os outros mortos da FEB na Itália, foram transportados para o Rio de Janeiro, e seu pai recebeu correspondência da Comissão de Repatriamento de Restos Mortais, questionando se a família gostaria de receber os restos de Geraldo, ou sepultá-lo no Monumento Nacional aos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Ponderando que no Monumento seu filho estaria sempre guardado e em lugar de honra, o Sr. Antônio Santana optou pela segunda opção.
Neste dia 29 de março de 2013, meu conterrâneo Geraldo Santana completaria 90 anos de idade. Hoje, apenas uma pequena rua no centro de Montes Claros leva seu nome, e a cidade nada sabe sobre este filho que deu sua vida em combate, defendendo a nação brasileira no estrangeiro.
Mas que fique marcado este dia, pois a Sala de Guerra não se esqueceu, e a memória deste bravo e jovem soldado permanecerá viva enquanto durarmos.