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Nota de Falecimento: Birger Stromsheim

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 Birger Stromsheim
(11/10/1911 - 10/11/2012)

Faleceu no último dia 10 de novembro em Oslo, na Noruega, de causas naturais aos 101 anos de idade, um dos "Herois de Telemark", Birger Edvin Martin Stromsheim.

Nascido na cidade portuária de Aaselund, Stromsheim terminou seus estudos e trabalhou por muitos anos no ramo de construção civil antes da guerra. Após a invasão alemã em abril de 1940, ele trabalhou na construção de alojamentos para os soldados da Wehrmacht, mas decidiu-se por fugir para a Inglaterra. Em setembro de 1941, juntamente com a esposa ele conseguiu chegar de barco até as Ilhas Shetland, no norte da Escócia. Rapidamente ele foi recrutado pelo SOE e treinado em sabotagem.

Stromsheim e outros compatriotas receberam treinamento em explosivos Brickendonbury, Hertfordshire, onde o SOE inclusive montou uma maquete em escala real do alvo que os noruegueses atacariam: a fábrica de água pesada Norsk Hydro em Vemork, na província de Telemark. Esta fábrica produzia o óxido de deutério, conhecido popularmente como "água pesada" - que era necessária aos alemães para seu programa nuclear. Era, portanto, um alvo de primeira importância.

Na noite de 16 de fevereiro de 1943, Stromsheim e outros cinco colegas foram lançados de paraquedas sobre a Noruega, como parte da Operação Gunnerside. Após alguns dias, encontraram-se com o time da Operação Grouse, que aterrissara em novembro de 1942. Ao chegar à fábrica e analisar o esquema de segurança, os sabotadores decidiram atacar na noite de 27 para 28 de fevereiro. Optaram por descer uma ravina, atravessar um pequeno rio e escalar a face oposta à única ponte que dava acesso à fábrica. Desta maneira, dois pares de sabotadores adentraram o recinto durante a madrugada.

Após encontrarem duas entradas distintas para o porão onde ficavam as máquinas de eletrólise que produziam água pesada, Stromsheim e seus colegas plantaram cargas de demolição pelo local, ativando um detonador para dar-lhes apenas uma curta margem de escape. Na saída, fizeram questão de deixar para trás uma submetralhadora inglesa, para deixar claro que havia sido um trabalho britânico, e não da resistência local. Logo após evacuarem a fábrica, escutaram a detonação.

Embora o barulho não tivesse sido alto - na verdade nem alertou os guardas alemães - foi o suficiente para detonar os recipientes de eletrólise, derramando pelo chão toda a reserva de 500kg de água pesada.

Os sabotadores conseguiram evadir com sucesso o local, e Stromsheim chegou à fronteira sueca após percorrer 400 km de esqui. De volta à Inglaterra, ele recebeu a Military Medal e foi congratulado pela chefia do SOE pelo extremo sucesso da operação. Stromsheim ainda voltaria à Noruega no fim de 1943 e começo de 1944 para sabotar as linhas de suprimentos alemãs no país.

Condecorado pela Inglaterra, EUA, França e Noruega, Stromsheim voltou à construção civil após a guerra. Ele foi por muito tempo um dos principais defensores das medidas preventivas contra uma possível invasão soviética do seu país. Viúvo, ele deixa um filho e uma filha.

Comandos noruegueses reunidos antes do ataque: Birger Stromsheim (centro) e Joachim Ronneberg (direita).

Norsk Hydro, em Telemark, fotografada em 1935.


Reencenação marca 70 anos da Operação Urano

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No último domingo, dia 18 de novembro, aconteceu em Volgogrado (antiga Stalingrado) uma grande reencenação, marcando os 70 anos do lançamento da Operação Urano - a manobra de cerco soviética que encerrou o 6º Exército Alemão dentro da cidade, marcando a virada na maré da guerra a favor da União Soviética.

Participaram do evento impressionantes 250 reencenadores, totalmente equipados com uniformes impecáveis e fiéis aos usados na época; e o mais incrível: veio de Bucareste um grupo de reencenadores do Exército Romeno, para representar os aliados dos alemães que também ficaram presos no cerco. Tudo completado pelos sempre presentes T-34s e outros veículos.

Este será o primeiro marco de uma série de grandes reencenações (como só os russos sabem fazer) das principais vitórias soviéticas até culminar no Desfile da Vitória na Praça Vermelha em Moscou, no dia 9 de maio de 2015.


Agradecimentos aos amigos Sergey Andreev e Gilberto Ziebarth pela dica!

Alemães nas ruínas de Stalingrado.

Tropas do NKVD.

Reencenadores romenos e alemães.

Um cara que se rendeu.

Nota de Falecimento: Hans-Hermann Sturm

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Hans-Hermann Sturm
(12/06/1917 - 24/10/2012)

Faleceu no último dia 24 de outubro em Schondorf, Alemanha, de causas naturais aos 95 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro, Hauptmann Hans-Hermann Sturm.

Aos 20 anos de idade, em 1 de novembro de 1937, Sturm ingressou no 6º Batalhão Antitanque em Herford, próximo a Hannover. No ano seguinte, foi selecionado como candidato a oficial, seguindo para a Academia Militar de Dresden. Comissionado Leutnant em 1939, ele retornou à sua unidade original, desta vez para assumir o comando do 3º Pelotão Antitanque.

Como parte da 6ª Divisão de Infantaria, o pelotão de Sturm participou da invasão da França em maio de 1940, como parte do Grupo de Exércitos B de Gerd von Rundstedt. Avançando pelas florestas belgas em direção ao coração da França, Sturm distinguiu-se no combate contra blindados inimigos, o que lhe rendeu a Cruz de Ferro de 2ª Classe em 9 de julho. Em abril de 1941, a divisão foi enviada para a Prússia Oriental e integrada ao novo Grupo de Exércitos Norte, com o qual tomou parte na Operação Barbarossa. Pouco depois, a unidade foi desviada para apoiar o assalto sobre Moscou no fim do ano. Lá, Sturm ganhou a 1ª Classe da Cruz de Ferro.

Em março de 1942, foi feito ajudante no estado-maior do Generaloberst Gotthard Heinrici, comandante do 4º Exército. Após mais de um ano fora dos combates, Sturm foi transferido para a Divisão Panzergrenadier "Grossdeutschland" - a unidade de elite do Exército Alemão. Ele retornou à linha de frente como Oberleutnant, no comando da 3ª Bateria de Canhões de Assalto, equipada com o StuG III. Desde o começo de 1944, a Grossdeutschland vinha enfrentando o Exército Vermelho em sucessivas batalhas no sul da União Soviética, a oeste do Dniester e, a partir de março, dentro da própria Romênia. No começo de abril, foi lançada uma grande ofensiva soviética contra os campos petróliferos romenos, na Primeira Batalha de Târgu Frumos.

No dia 5 de abril, Sturm recebeu a missão de defender a vital Colina 154, nas promiximidades da cidade de Parliti Sat. Os russos haviam tomado a localidade, e o alto-comando do 8º Exército havia ordenado à Grossdeutschland que a recuperasse. Posicionando seus StuGs em pontos estratégicos para bloquear o avanço vermelho, Sturm preparou seus homens para enfrentar as forças blindadas superiores. Quando os soviéticos atacaram, o fogo rápido e manobras precisas dos alemães fizeram a ofensiva parar, e após ter 9 tanques T-34 destruídos, finalmente recuaram. Aproveitando a confusão do inimigo, Sturm ordenou um contra-ataque imediatamente e, apesar das dificuldades do terreno, recapturou Parliti Sat, garantindo o controle da região. Por sua determinação e espírito combativo durante esta ação, Hans-Hermann Sturm foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 9 de junho de 1944 pelo seu comandante divisional, General Hasso von Manteuffel.

Promovido a Hauptmann no dia 19 de junho, Sturm foi ferido diversas vezes em ação ao longo daquele ano, recebendo também a Insígnia de Ferido em Ouro em 18 de dezembro de 1944. Juntamente com o restante da Grossdeutschland, ele se rendeu em maio de 1945 em Pillau, no Mar Báltico.

Viúvo, ele deixa um filho e três filhas.

Agradecimentos ao amigo Philippe Bastin pela ajuda!

StuG III da Grossdeutschland, como os usados em Parliti Sat.

O plano Aliado para envenenar as plantações japonesas

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Envenenar plantações japonesas com armas químicas durante a Segunda Guerra Mundial era uma tática justificável e “compensadora”, de acordo com documentos militares australianos recém-liberados.

Os documentos também indicam que as autoridades contemplaram testar as armas químicas destruidoras de plantações na cidade de Proserpine, Queensland.

O pensamento contrasta com a política australiana atual – em 1993 Canberra assinou um acordo global banindo o uso e desenvolvimento de armas químicas.

A guerra terminou em 1945 com os bombardeios atômicos americanosdo Japão. Posteriormente, foi revelado que os EUA haviam considerado obombardeio químico do campo japonês.

Documentos revelados pelos Arquivos Nacionais da Austráliareferem-se ao país ter recebido informações dos Aliados a respeito da destruição de plantações com armas químicas. Os documentos fazem referência a alvos em “jardins vegetais” nas ilhas japonesas e plantações de arroz.

Minutas de um encontro em setembro de 1948 do Sub-comitê Australiano de Guerra Química e Biológica, revelam que o Tenente-Coronel N. L. Carterdisse: “De um ponto de vista estratégico, a destruição das plantações pode não ser uma arma satisfatória, mas do ponto de vista tático pode ser compensadora”.

O comitê, ao contemplar o uso de armas químicas, também disse: “O problema deve ser similar àquele que foi considerado nos últimos estágios da guerra, quando pensou-se que um ataque aos jardins vegetais por todo o Japão seria justificável”.

Armas químicas acabaram não sendo usadas na Segunda Guerra Mundial. Porém, um ataque às plantações sufocaria ainda mais o Japão, que já sofria de sérias crises de fome entre a população.

O comitê australiano de 1948 recebeu um relatório de peritos ingleses, detalhando como os Estados Unidos – em julho de 1945 – havia construído estoques de armas químicassuficiente para destruir um décimo do arroz do Japão”.

Isso seria, logisticamente, “uma formidável operação a se concretizar”, segundo o relatório.

Fonte: War History Online, 25 de novembro de 2012.

Nota de Falecimento: Sergei Ostaschenko

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Sergei Ostaschenko
(25/09/1924 - 22/11/2012)
 
Faleceu no último dia 22 de novembro em Kharkov, na Ucrânia, de causas naturais aos 88 anos de idade, o Heroi da União Soviética, Major-General Sergei Mikhailovich Ostaschenko.

Nascido na aldeia de Belovo, próxima a Belgorod, Ostaschenko era filho de camponeses. Após terminar seus estudos, pretendia estudar manejo de gado e voltar à trabalhar na fazenda. Contudo, o irrompimento da Operação Barbarossa fez seu futuro mudar drasticamente. Depois de perder o irmão Nikolai nos primeiros dias da guerra contra a Alemanha, Sergei decidiu tornar-se artilheiro do Exército Vermelho.

Após completar 18 anos, foi chamado para o escritório de alistamento em Belgorod em fevereiro de 1943. Depois de um rápido e intenso treinamento de apenas um mês, Ostaschenko foi designado para uma unidade de linha de frente, o 1.844º Regimento de Artilharia Antitanque, com o qual participou da Batalha de Kursk em julho. Com a criação do Front da Estepe, sob comando do então Coronel-General Ivan Konev, a unidade de Ostaschenko foi integrada ao 7º Exército da Guarda, e enviada para a frente de batalha do Dnieper.

No dia 27 de setembro de 1943, o Sargento Ostaschenko foi um dos primeiros artilheiros a cruzar o rio Dnieper, sob pesado fogo alemão, e imediatamente passou a dar apoio à infantaria na cabeça-de-ponte da margem oeste. Os alemães mantiveram tremenda pressão sobre a posição russa por 16 dias consecutivos, incluindo ataques aéreos e de blindados. Foi então que sua unidade recebeu a missão de capturar a estratégica vila de Borodaevka - um ponto forte da resistência alemã. No pesado combate resultante, Ostaschenko destruiu nove ninhos de metralhadoras inimigas, segurando contra-ataques por dias a fio. No dia 2 de outubro, os alemães montaram um contra-ataque com um batalhão de infantaria apoiado por tanques, diretamente contra sua posição. A apenas 200 metros de distância, Ostaschenko abriu fogo contra a força atacante, destruindo três tanques inimigos em curtíssimo tempo, além de provocar pesadas baixas entre os soldados da Wehrmacht. O ataque alemão foi então cancelado, e os soviéticos solidificaram sua posição a oeste do Dnieper. No dia 26 de outubro, por seu desempenho exemplar nas funções de comando na frente de batalha, o Presidium do Soviete Supremo condecorou o Sargento-Júnior Sergei Ostaschenko com a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética. Ele tinha 19 anos de idade.

Em seguida, Ostaschenko foi selecionado para se tornar oficial, seguindo para a Academia Militar de Kostroma, na região de Leningrado. Logo após sua graduação em agosto de 1944, seguiu novamente para a frente de batalha, participando dos combates na costa do Báltico até a vitória final em maio de 1945.

Após a guerra, Ostaschenko continuou no serviço militar, graduando-se na Academia Militar de Artilharia em 1962, comandando em seguida um Batalhão de Mísseis Táticos no distrito de Kirovogrado. Foi em seguida professor no Instituto de Mecanização Agrícola de Kharkov, passando para a reserva em 1977. Em 1995, tornou-se presidente do Comitê Regional de Veteranos de Guerra de Kharkov, e foi autor de dois livros sobre a guerra.

General Ostaschenko (dir) sendo homenageado no Dia da Vitória em 2011.

Soldados ucranianos no funeral de Ostaschenko, 23 de novembro de 2012.

XXIV Encontro Nacional dos Veteranos da FEB

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Apesar de que mais de 40 países tenham eventualmente composto o bloco dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, apenas num punhado deles hoje podemos ver eventos comemorativos da vitória neste que foi o maior dos conflitos humanos. EUA, Rússia e Inglaterra são os países que realmente celebram seus veteranos e seus feitos, sendo que em outros lugares essas comemorações inexistem, ou são bastante tímidas.

Mas eis que aqui neste canto hemisférico da América do Sul existe uma reunião nacional anual – da única divisão de infantaria expedicionária do único país a enviar tropas para o teatro de operações da Europa: o Brasil. Um evento que pouca gente conhece fora do país, e o mais surpreendente, dentro dele também.

Entre os dias 7 e 10 de novembro de 2012, na cidade mineira de Juiz de Fora, foi realizado o XXIV Encontro Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira. 67 anos após o fim da Segunda Guerra, e após décadas de total descaso para com aqueles que deram suor e sangue nos campos de batalha italianos vestindo as cores nacionais, foi um momento imenso valor emocional e histórico.

Decidi-me por comparecer ao encontro deste ano, pois há alguns anos já freqüento as comemorações do Dia Nacional da Aviação de Caça no Rio de Janeiro. Ainda no mês de julho, quando o calendário oficial do evento foi divulgado, fiz minha inscrição e comprei minhas passagens.

No dia 6/11, saí de Montes Claros pela manhã, num voo até Belo Horizonte, de onde pegaria minha conexão para Juiz de Fora. Ainda na capital encontrei-me com meu amigo Gilberto Ziebarth Jr., que viera de Blumenau também para o evento, e juntos fizemos a etapa final de voo. Juiz de Fora fica localizada no extremo sudeste do estado de Minas Gerais, estando bem próxima ao Rio de Janeiro. É uma região muito montanhosa, e a cidade tem muitas ladeiras e morros.

Conforme já orientado pela organizadora do evento, Fátima Inhan (filha do ex-combatente Antônio “Toninho” de Pádua Inhan– presidente da ANVFEB-JF), reservamos um hotel no centro da cidade, próximo à sede da associação. O centro de Juiz de Fora é extremamente cheio, com milhares de pessoas indo e vindo a toda hora do dia. Sem muito espaço para expansão horizontal, a cidade já conta com 700 mil habitantes, o que invariavelmente gera a multidão.

No dia 7 pela manhã, com clima bom e céu enevoado, seguimos até a sede da Associação Nacional dos Veteranos da FEB, na rua Howian. No caminho, atravessamos os trilhos ferroviários que cortam o centro da cidade. Para o desavisado, apenas mais um obstáculo a cruzar; porém, não pude deixar de parar e pensar que foi justamente por ali que o 11º Regimento de Infantaria passou, no começo de 1944, em direção à Vila Militar no Rio de Janeiro. É certamente um local histórico.

Chegando à associação, fomos recepcionados pela Fátima, que estava bastante atarefada com as providências de última hora. Uma rápida explicação do cronograma do encontro e recebemos nossas credenciais. Que surpresa! No meu crachá consta “Inscrição: 001”! Fátima me explica que fui o primeiro a confirmar a inscrição no evento, ainda em julho. Isso certamente me deixou orgulhoso!

Estávamos saindo para o almoço quando um carro parou na frente do prédio. Dele, desce um senhor de boné branco, tênis e bengala na mão. O andar meio dificultoso não esconde a idade avançada, mas a sensação inconfundível que se tem ao estar na presença de um veterano da Segunda Guerra não me deixou dúvidas. Tratava-se de uma testemunha ocular da história.

Na sede da ANVFEB-JF, com o veterano Newton Cidade.

Nos encontros de veteranos que freqüentei na Alemanha, a grande dificuldade era a língua. Por mais que eu conseguisse um certo nível de comunicação em alemão, nada é mais confortável que o bom e velho português. Sendo assim, foi bastante fácil iniciar uma conversa amigável: trata-se do Sr. Newton Cidade, vindo do Rio de Janeiro, veterano do 1º Regimento de Infantaria. O Sr. Newton possui a característica que marca os veteranos de guerra da FEB: uma amizade carismática e uma simplicidade tocante.

Visitamos juntos a sala do pequeno museu da associação, e ele contou-nos passagens de seu serviço durante a guerra. Com a hora do almoço avançando, tivemos que nos despedir. À noite haveria a recepção de abertura do evento, e nos veríamos de novo.

Às 19h chegamos ao saguão do Hotel Ritz, na Avenida Barão do Rio Branco. O recinto estava tomado por boinas azuis e seus familiares, e grande emoção tomava todos, pois ali estavam velhos amigos que se reencontravam após longo período afastados. São momentos muito emocionantes de se testemunhar, devo confessar. Camaradas de guerra, amizades forjadas sob fogo inimigo, mantidas sete décadas depois.

Por minha vez, reencontrei também os amigos que vieram de Belo Horizonte: Marcos Renault, Sergio Carneiro e o grupo de preservação histórica de BH – todos entusiastas da FEB e grandes promotores da causa dos nossos ex-combatentes. Não poderia deixar de mencionar também a presença ilustre do Presidente Nacional da ANVFEB, General Márcio Rosendo.

Noite Italiana.

Após a recepção no saguão, seguimos todos para o salão de festas do hotel, onde foi servido um belo jantar tematizado “Noite Italiana”. Uma trupe de dança italiana se apresentou para os presentes, enquanto nosso anfitrião, Toninho Inhan, passava pelas mesas cumprimentando seus convidados. Toninho fora soldado do 11º RI, e foi um dos conquistadores de Montese. Hoje, aos 87 anos recém-completados, é um exemplo de vitalidade e bom-humor.

Neste momento chegaram também os amigos italianos que sempre estão presentes nos encontros nacionais: Mario Pereira, filho do veterano Miguel Pereira (já falecido), guardião do Monumento Votivo à FEB em Pistoia, e Giovanni Sulla, o maior entusiasta estrangeiro da Força Expedicionária, colecionador de militaria e autor de livros sobre nossos soldados. Sulla e seu característico humor italiano é sempre uma atração à parte.

Com o veterano Cláudio Soares, 1º RI.

Com nosso anfitrião: Antônio de Pádua Inham, 11º RI.

Saída do evento: Sr. Cláudio e Gilberto.

No fim da festa, parados em frente ao hotel, ainda fomos surpreendidos pelas canções do veterano Rafael Braz, de Belo Horizonte, que tem uma voz lírica e nos presenteia com clássicos do Brasil nos anos 1940... Belo fim de noite!

O dia 8 amanheceu semi-aberto, e teríamos logo cedo a missa em ação de graças na Catedral de São Sebastião. Por estar com meu uniforme da FEB, a Fátima me pediu para levar um dos estandartes da divisão para o altar. Desnecessário dizer o quanto foi honroso fazer isso, e enquanto entrava pela nave central não pude deixar de relembrar a descrição da missa do 11º Regimento na Catedral de Pisa, descrita pelo recém-falecido Major Ruy Fonseca no documentário “O Lapa Azul”.

Veteranos na Catedral de São Sebastião.

General Rêgo Barros e o veterano Raul Kodama, da artilharia da FEB.

Logo após a celebração, seguimos para a sede da associação para a abertura oficial do evento e para o almoço.

Para surpresa geral, o salão no segundo andar do prédio da ANVFEB ficou lotado com veteranos, familiares, autoridades militares e outros. A execução do Hino Nacional e da Canção do Expedicionário foram emocionantes. Tivemos, durante este almoço, a oportunidade de escutar o veterano José Maria Nicodemoscontar histórias exclusivas de seu serviço como apontador de morteiros – algo que somente se desfruta escutando o próprio protagonista!

Com Dona Carlota Mello, enfermeira da FEB.

Neste dia, à noite, aconteceu uma recepção no quartel do 10º Batalhão de Infantaria– antigamente sede do 10º Batalhão de Caçadores, unidade que seguiu para São João Del Rei como parte integrante do 11º Regimento Expedicionário – com saboroso jantar oferecido pelo comandante. Quem tiver a oportunidade de passar pelo 10º Batalhão, não deixe de visitar o pequeno mas interessantíssimo museu lá instalado, que contém muitos armamentos da Segunda Guerra Mundial.

Contudo, este foi um dia para dormir cedo, pois na manhã seguinte iríamos para São João Del Rei, fazer um passeio pela cidade-sede do11º Regimento.

E assim foi feito, às 7:30h entramos nos ônibus que nos esperavam no Parque Halfeld, e tomamos a estrada rumo a São João Del Rei. O tempo estragou um pouco o passeio, visto que uma chuva constante caía pela região toda. Entretanto, chegamos ao destino na hora marcada. O grupo fez uma passagem pelo museu do 11º RI – que eu já tinha visitado em abril deste ano – e que possui um acervo realmente invejável, inclusive duas metralhadoras MG 42 em seus tripés originais.

Uma das MG 42s do museu.

Ainda no museu, tivemos uma verdadeira aula de operação da MG 42 (a famosa “Lurdinha”) com nosso amigo Giovanni Sulla. Podemos dizer que saímos dali prontos pra operar a máquina! Também tivemos uma conversa com o veterano Manuil Piegas, de Porto Alegre. Sargento no 11º RI, ele teve seu batismo de fogo em Montese, quando teve seu comandante de pelotão ferido por uma bomba. Manuil emocionou-se bastante ao relatar que teve que assumir momentaneamente o comando do pelotão em plena ação, dizendo ter ficado responsável pelas vidas de quase 40 homens. Somente pode-se imaginar o que é passar pelo que o Sr. Manuil passou...

Uma recepção e almoço se seguiram na sede do 11º Batalhão de Montanha, e às 15h nos enfileiramentos na estação ferroviária para o trajeto de trem até Tiradentes. A velha locomotiva histórica a vapor deu um sabor diferente ao passeio, evidenciando a identidade de Minas Gerais aos visitantes de outros locais.

Genival Máximo contando como chegou ao topo do Monte Castelo.

Com o veterano Anselmo Alves, de São Luís-MA.

No trem para Tiradentes, com Giovanni Sulla e sua esposa.

A chuva se fez sentir mais uma vez, e o passeio acabou sendo encurtado. Voltamos de ônibus para Juiz de Fora a partir da própria Tiradentes. À noite, fui convidado por Marcos Renault para um jantar de recepção a um casal de amigos que acabara de chegar, Vitor Santos e Ana Lúcia Nogueira.
 
Finalmente, no sábado, dia 10 – último dia do evento – tivemos a cerimônia oficial de concessão das Medalhas Mascarenhas de Morais, realizada no pátio do 10º Batalhão. Seguiram-se discursos do General Rêgo Barros (comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada) e do nosso anfitrião Toninho Inham. Em seguida, fomos levados para o almoço oferecido pelo quartel.

Gilberto Ziebarth e Marcos Renault.

Soldados de linha de frente do Brasil: Manuil Piegas, Ary Roberto (ambos conquistadores de Montese) e Genival Máximo (conquistador de Monte Castelo).

Gilberto Ziebarth, General Rêgo Barros, Giovanni Sulla, Vitor Santos, eu, Mário Pereira.

Veterano João Lansilotte autografando fotos.

Veteranos de Porto Alegre: Oudinot Willadino (6º RI) e Manuil Piegas (11º RI)

À noite, no Círculo Militar de Juiz de Fora, foi realizada o Jantar Dançante. Neste evento de gala, tivemos a distribuição de honrarias para os veteranos, bem como uma emocionante execução da Canção do Expedicionário por todos os veteranos reunidos no centro do salão – tudo puxado pelo “tenor”, veterano Rafael Braz.

A despedida de todos foi seguindo-se, visto que nossos antigos guerreiros vão para a cama cedo. Os ônibus das diversas excursões que os trouxeram foram recolhendo os valorosos pracinhas. Pra quem ficou por último, o sentimento de saudade já aparecia. Como brasileiro, não há ocasião mais importante do que essa para testemunhar pedaços reais da história que tanto nos enche de orgulho como os veteranos da FEB.

Com o veterano do 9º Batalhão de Engenharia, Antônio Cruchaki.

Dona Carlota e Fátima Inham.

Fim de festa, ao lado do veterano Fidelcino Filgueiras, do 1º RI.

Fica o sentimento de satisfação – e chego a dizer dever cumprido– por ter participado desta festividade tão bonita e marcante. Que possamos ainda comemorar muitas vezes com nossos heróis!

Adiantando aos amigos: o encontro do ano que vem será realizado em São Bernardo do Campo. Nos vemos lá!

Filme russo transforma tanque Tiger em Moby Dick

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Para Karen Shakhnazarov, diretor de “White Tiger” (Tigre Branco), o Capitão Ahab era um persistente condutor de tanques soviéticos, e seu Moby Dick era um empoeirado tanque alemão.

Shakhnazarov disse que moldou o conto clássico de Herman Melville numa história que se passa no fim da Segunda Guerra Mundial.

Eu realmente amo Moby Dick, é um dos meus livros favoritos”, disse ele a uma platéia durante o Festival de Sundance.

White Tiger” é o candidato russo para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e segue a história do Sargento Ivan Naydenov, que, após quase ser morto numa batalha brutal contra o misterioso panzer, se torna obcecado em destruí-lo a qualquer custo. O Tiger, que escolhe suas vítimas soviéticas com facilidade, parece imune a qualquer contra-ataque. Num piscar de olhos, o misterioso “tigre branco” desaparece por florestas densas e pântanos inacessíveis a qualquer tanque normal.

O tanque é como um fantasma – e é essa sua qualidade mística que Shakhnazarov esperava capturar.

A vida é mística. Você não tem as respostas. Por que? Para que? O que aconteceu?”, disse ele. Shakhnazarov também confessou que há muito tempo queria fazer um filme da Segunda Guerra como tributo ao seu falecido pai, que serviu no Exército Vermelho durante a guerra.

O diretor disse que seu pai serviu num batalhão de tanques antes da guerra, mas que o que mais o inspirou foram as histórias de combatedele contra os alemães durante o conflito. “Ele foi um personagem real dos combates. Para mim, era mais importante fazer um tributo à sua memória e à de seus amigos que venceram a guerra”. E não foi tarefa fácil.

Dispensando a animação computadorizada, Shakhnazarov trouxe diversos tanques de verdade para as cenas de batalha. E além do desafio de encontrar relíquias da Segunda Guerra que pudessem ser “destruídas”, ele teve que tornar as lutas entre os lentos gigantes de aço em algo excitante para a tela grande.

Geralmente, tanques são muito lentos e os combates acontecem à grande distância. Para o cinema, você precisa dar um jeito nisso... Foi um desafio enorme”, confessou.

O diretor Karen Shakhnazarov.

O orçamento de 6 milhões de dólares também pagou pelos sets de filmagens, bastante elaborados e prontos para destruição.

Havia pequenas cabanas de madeiras de um vilarejo russo, como também o cenário destruído de uma cidade do leste da Alemanha – além de uma câmara ornada onde Hitler pondera seu papel na história.

O orçamento foi uma das partes menos complexas da realização do filme, que serve como uma meditação para a loucura da guerra e a violência nela contida. “Todos odeiam a guerra, mas ela existe. A guerra sempre existiu, e hoje também há guerras, certo? Seria ela parte de nossa natureza?”, concluiu Shakhnazarov.

Fonte: The Wrap, 8 de dezembro de 2012.

Nota de Falecimento: Fritz Seyffardt

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Fritz Seyffardt
(20/08/1920 - 27/11/2012)

Faleceu no último dia 27 de novembro em Hennef, Alemanha, de causas naturais aos 92 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro Oberleutnant Fritz Seyffardt.

Nascido em Krautscheid, na Renânia, Seyffardt juntou-se à Luftwaffe após completar seu período no Reichsarbeitsdienst em 1940. Ao completar o treinamento de voo e ser comissionado Leutnant, ele foi designado para o recém-criado Schlachtgeschwader 1 (SG 1) - a nova unidade de ataque ao solo da Luftwaffe.

Voando o Messerschmitt Me 109E em missões de apoio ao avanço alemão no sul da União Soviética, Seyffardt ganhou gradualmente experiência no ataque às formações blindadas inimigas, sob orientação de seu comandante, Major Hubertus Hitschhold (Cruz do Cavaleiro com Folhas de Carvalho). No outono de 1942, Seyffardt tornou-se um dos primeiros pilotos a estrear operacionalmente o novo caça Focke-Wulf Fw 190, que se tornaria um dos melhores vetores de ataque da guerra: "Em 1942 eu vi e voei meu primeiro Fw 190; fiquei extasiado com a aeronave. A diferença entre o 190 e o 109 era que havia mais espaço na cabine do Focke-Wulf, e os controles eram mais simples - por exemplo, os flaps de pouso eram elétricos. Outra característica notável era sua estabilidade. Graças ao trem de pouso largo, os pousos eram muito mais fáceis em pistas ruins".

Em outubro de 1943 foi criado o Schlachtgeschwader 2 "Immelmann", e Seyffardt foi imediatamente transferido para o II Gruppe da unidade, que estava sob comando do lendário Hans-Ulrich Rudel. Após ter voado centenas de missões de ataque ao solo e ter aberto seu escore de vitórias aéreas, ele foi agraciado com a Cruz Alemã em Ouro em 12 de dezembro de 1943, quando sua unidade já dava apoio ao recuo da Wehrmacht na região de Kirovogrado, na atual Ucrânia. Logo em seguida, o II./SG 2 se envolveu na encarniçada luta pela Península da Crimeia em 1944, engajando a VVS em confrontos de grande escala. Seyffardt tornou-se neste período um dos maiores peritos da Luftwaffe na destruição de um tipo particular de oponente soviético: o "tanque voador" Ilyushin Il-2 Sturmovik. Somente com a perda da Crimeia em maio de 1944 o SG 2 recuou para a Romênia, continuando de lá o combate contra o avanço inimigo.

E pela combinação de centenas de bem-sucedidas missões, nas quais destruiu grandes quantidades de veículos blindados, comboios e concentrações de tropa, além de dezenas de aeronaves inimigas, Fritz Seyffardt foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 8 de agosto de 1944. Pouco depois, ele foi promovido a Oberleutnant.

Recuando com sua unidade para a Tchecoslováquia no fim da guerra, Seyffardt rendeu-se aos americanos em maio de 1945, tendo encerrado sua carreira na Luftwaffe com 506 missões operacionais completadas, nas quais derrubou 30 aeronaves inimigas. Detalhe: todas elas eram Sturmoviks.

Meus agradecimentos ao amigo Richard Schmidt pela ajuda!

Oberleutnant Fritz Seyffardt.


Última reunião de 2012 na ANVFEB de Pernambuco

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Agostinho (centro), seu filho Thiago, e os veteranos José Ribeiro da Silva (esq) e José Souto Maior (dir).

Nosso leitor e entusiasta da Segunda Guerra Mundial Agostinho Romão Nadler da Silva, de Olinda-PE, enviou-me um relato sobre a última reunião da ANVFEB – Regional Pernambuco – de 2012.

Inicialmente acho que todos devemos dar os parabéns ao Agostinho por ter nos prestado este favor de registrar o evento e prestar homenagens aos nossos veteranos. Levou junto seus filhos, Victor e Thiago, para que pudessem conhecer os ex-combatentes da FEB, num exemplo de civismo e patriotismo que deveria ser copiado por muitos. Pequenas ações deste tipo é que mantém viva a esperança de construirmos um Brasil melhor!

Agostinho com os filhos Thiago (esq) e Victor (dir), em frente à ANVFEB.

A reunião, que encerrou as atividades de 2012 da Regional Pernambuco da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, aconteceu na sede de Olinda, na Avenida Carlos de Lima Cavalcanti, nº 3.874, no último dia 1 de dezembro.

As reuniões desta regional acontecem sempre no primeiro sábado de cada mês, e já está prevista a próxima reunião para o dia 5 de janeiro de 2013.

Neste encerramento de 2012, estiveram presentes oito veteranos, bem como parentes e amigos. O presidente da regional, o veterano Alberides Passos, abriu o evento, secretariado pelo Sr. Sílvio Mário Messias. Em seguida, a palavra foi passada para outros veteranos e presentes.

Cabo Alberides Passos, desarmador de minas, presidente da ANVFEB-PE.

O presidente e seu secretário.

Alguns presentes à reunião.

O 2º Sargento José Souto Maior prestou um comovente depoimento, no qual relatou que, durante uma patrulha de reconhecimento com outros 10 homens, foi surpreendido por um grupamento alemão. Um dos brasileiros foi morto por uma rajada de metralhadora MG 42, sendo partido ao meio. Coube então a Souto Maior a decisão de lutar em condições de inferioridade ou render-se. Nisso iniciaram uma oração, e quase imediatamente uma aeronave Aliada sobrevoou a área, atacando a posição alemã e permitindo a fuga da patrulha brasileira.

Visivelmente comovido e com olhos lacrimejantes, Souto Maior então deixou o recinto, sendo confortado pelo Agostinho, que agradeceu-lhe pelo depoimento.

O momento solene foi seguido por uma confraternização na área dos fundos do prédio da associação, no qual os entusiastas puderam conversar animadamente com os veteranos e ouvir suas histórias.

Veteranos José Souto Maior (esq), Alberto Nepomuceno (centro) e Otaviano Gomes (dir) durante a confraternização.

Neste momento em que a memória da FEB passa por um tímido resgate – nas mãos de indivíduos que se importam e se esforçam para diminuir o descaso governamental para com os veteranos durante tantas décadas – registros de eventos como este, feitos por pessoas como o Agostinho, são de extrema valia.

Que nossos veteranos saibam que não serão esquecidos, mesmo que seu próprio governo finja que eles não existam!

Da esquerda para a direita: José Ribeiro da Silva, 85 anos, 11º RI; Gastão Veloso de Melo, 88 anos; Otaviano Gomes da Silva, 92 anos, 1º RI; Geraldo Paes Leme do Amaral, 88 anos; Alberides Passos, 92 anos; José Souto Maior, 89 anos; Odemir Dechamps (esforço de guerra, serviu em Fernando de Noronha); Alberto Nepomuceno Agra, 88 anos; Josias Bezerra de Melo, 15º RI em João Pessoa.
  
Brasão na parede da associação.

A frase fala por si!

Um esquadrão de Spitfires enterrado em Birmingham?

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Um esquadrão completo de Spitfires pode estar enterrado sob as casas de Birmingham, diz um aposentado, que alega ter ajudado a escondê-los.

Matt Queenan, 83 anos, acredita que podem existir Spitfiresbem-preservados dentro de caixas escondidas bem fundo no solo, provavelmente sob casas.

Ele diz que foi um dos homens que os enterrou em 1950, após lubrificá-los e encaixotá-los sob instrução do Ministério da Guerra.

Queenan agora veio a público com sua história, após 36 dos icônicos caças terem sido encontrados na Birmânia. As aeronaves, encontradas pelo entusiasta da aviação David Cundall, deverão retornar em breve para a Inglaterra, após 67 anos “perdidas”. Um dos Spitfires ficará em exibição em Birmingham.

Mas Queenan, um ex-boxeador, disse: “Você não precisa ir até a Birmânia para encontrar Spitfires. Há muitos enterrados bem aqui em Birmingham”.

Ele diz que as operações foram realizadas num hangar do Castelo Bromwich, perto de onde as aeronaves foram construídas durante a Segunda Guerra Mundial.

Após terem sido instruídos a enterrá-los por Harry Bramwell, funcionário do Ministério da Guerra, os trabalhadores “os cobriram de graxa” antes de “encaixotá-los”, disse.

Um porta-voz do Museu da RAF disse que a história não pode ser descartada, enquanto o Ministério da Defesa disse ser “altamente improvável”.

Queenan prossegue: “Era dezembro. Fomos reunidos por Harry Bramwell no centro da cidade. Cobrimos os aviões com graxa e eles foram encaixotados. Nos disseram que seriam enterrados. Eu acho que eles foram enterrados lá perto, perto da estrada de Chester, mas não sei onde. Pode haver casas sobre eles ou qualquer outra coisa, porque naqueles dias era tudo campo”.

O Museu da RAF em Londres disse que a história de Queenan pode ser verídica: “É possível, mas simplesmente não sabemos. Muitos dos Spitfires foram descartados em ferros-velhos locais. A RAF não mantinha registros depois das aeronaves serem entregues para um terceiro. É difícil, mas pode ter acontecido”.

Já o Ministério da Defesa disse: “É muito improvável que Spitfires tenham sido enterrados em Birmingham nos anos 1950. Teríamos evidências disso”.

Neste ano, o entusiasta David Cundall, de 62 anos, encontrou 36 Spitfires na Birmânia, após pesquisar por 15 anos e gastar mais de 10 mil libras na busca. “Eles estavam enterrados lá em suas caixas de transporte. Foram encerados e embrulhados em papel especial. Estão em excelentes condições”, disse ele.

As aeronaves retornarão para a Grã-Bretanha após o Primeiro-Ministro David Cameron ter intervindo em favor de sua repatriação.

Fonte: The Telegraph, 9 de dezembro de 2012.

Nota de Falecimento: Hubert Meyer

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Hubert Meyer
(05/12/1913 - 16/11/2012)

Faleceu no último dia 16 de novembro em Leverkusen, na Alemanha, de causas naturais aos 98 anos de idade, o último comandante divisional e mais alto oficial vivo da Waffen-SS, SS-Obersturmbannführer Hubert Meyer.

Nascido em Berlim, Meyer estudou química antes de juntar-se à SS em 15 de julho de 1933, sendo alocado na 12ª Companhia do Standarte "Deutschland" em agosto de 1934. Em 1936 ele foi selecionado para o curso de oficiais em Bad Tölz, na Bavária, sendo comissionado SS-Untersturmführer em 20 de abril de 1937. Logo ele recebeu o comando de um pelotão da 10ª Companhia da Leibstandarte-SS "Adolf Hitler".

Promovido a SS-Obersturmführer em novembro de 1938, ele comandou seu pelotão na invasão da Polônia, ganhando a Cruz de Ferro de 2ª Classe em novembro de 1939. Feito ajudante do III Batalhão da Leibstandarte, Meyer tomou parte nas operações do verão de 1940 contra Holanda e França. Logo após a rendição francesa em 24 de junho ele assumiu o comando da 12ª Companhia, e em novembro foi promovido a SS-Hauptsturmführer. Em abril de 1941, comandou sua unidade durante a Campanha dos Bálcãs, ganhando a Cruz de Ferro de 1ª Classe em 7 de julho.

Nas primeiras semanas da Operação Barbarossa, Meyer distinguiu-se no comando de sua companhia durante o avanço contra Kiev. Contudo, em 4 de agosto, num campo coberto de altos girassois, a 12ª Companhia foi surpreendida por um destacamento de snipers bem posicionados, e Meyer foi um dos feridos na ação. Após três meses de recuperação hospitalar, ele retomou o comando em 20 de novembro, sendo em seguida enviado para um curso preparatório de estado-maior no Regimento de Artilharia da Leibstandarte. Com a divisão sendo retirada para a França em 1942, Meyer foi feito oficial de estado-maior do 1º Regimento Panzergrenadier-SS - retornando para o front leste em fevereiro de 1943.

De volta aos combates, ele recebeu o comando do III Batalhão do 1º Regimento, participando da Terceira Batalha de Kharkov. Ao liderar um contra-ataque ao sul da cidade em 9 de março, foi seriamente ferido por um estilhaço de granada, seguindo mais uma vez para o hospital. Ainda em recuperação, ele foi promovido a SS-Sturmbannführer em 20 de abril, e por suas ações na Batalha de Kharkov recebeu a Cruz Alemã em Ouro em 16 de maio. De junho a setembro de 1943 Meyer cursou o 10º Curso de Estado-Maior do Exército, sendo no ato de sua graduação apontado Chefe de Estado-Maior da recém-formada 12ª Divisão Panzer-SS "Hitlerjugend".

Enviada para a França em 1944, a divisão combateu os Aliados após os desembarques na Normandia em junho. Em 6 de setembro, o comandante da Hitlerjugend, SS-Brigadeführer Kurt "Panzer" Meyer caiu prisioneiro de guerrilheiros belgas, e Hubert Meyer tomou o comando da divisão provisoriamente. Ele manteve-se na liderança da unidade, em constante ação, até ser substituído pelo SS-Brigadeführer Franz Kraemer em 24 de outubro. Retornando ao seu posto de Chefe de Estado-Maior da divisão, Meyer foi promovido a SS-Obersturmbannführer (Tenente-Coronel) em 9 de novembro de 1944. Permanecendo com a divisão até o fim, ele rendeu-se aos americanos em Enns, na Áustria, em 8 de maio de 1945.

Libertado do cativeiro em abril de 1948, Meyer tornou-se o historiador oficial da 12ª Divisão Panzer-SS, autorando dois livros sobre a unidade. Originalmente publicada em alemão, sua obra foi também traduzida para o inglês, sendo publicada pela última vez em 2005. Com a morte do também SS-Obersturmbannführer Bernhard Frank em 29 de junho de 2011, Hubert Meyer tornou-se o mais graduado oficial da SS vivo, bem como o último comandante de divisão da Segunda Guerra Mundial.

Sendo assim, os mais altos oficiais da SS ainda vivos nesta data são os SS-Sturmbannführers Günter Wanhöfer e Eberhard Heder.

SS-Sturmbannführer Hubert Meyer cumprimenta o Generalfeldmarschall Gerd von Rundstedt, março de 1944.

Meyer (centro, com binóculos) conversa com o SS-Obersturmbannführer Heinz Milius, comandante do 25º Regimento Panzergrenadier-SS, no quartel-general da 12ª Divisão Panzer-SS. Normandia, junho de 1944.

Nota de Falecimento: Daniel Inouye

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Daniel Inouye
(07/09/1924 - 17/12/2012)

Faleceu no último dia 17 de dezembro em Bethesda, Maryland, EUA, de falência respiratória aos 88 anos de idade, o ganhador da Medalha de Honra do Congresso, Capitão Daniel Ken "Dan" Inouye.

Nascido em Honolulu, no Havaí, filho de pais japoneses imigrantes, Inouye era voluntário da Cruz Vermelha em Pearl Harbor quando os japoneses atacaram o porto em 7 de dezembro de 1941 - ele tinha 17 anos. Após auxiliar as vítimas do ataque, Inouye e sua família foram presos pelo governo dos EUA, que os considerava "elementos perigosos".

Em 1943, Washington liberou o alistamento de nipo-americanos nas Forças Armadas, e imediatamente Inouye voluntariou-se para compor o 442º Time Regimental de Combate, a unidade nissei do Exército dos EUA. Chegando a Sargento antes mesmo de embarcar para o front, ele recebeu o comando de um pelotão. Desembarcando na Itália em maio de 1944, o regimento combateu de Roma até o rio Arno. Em setembro, os japoneses foram embarcados para a França, e enviados para o front das Montanhas Vosges. Foi lá que foram empregados na terceira tentativa de resgate do 1º Batalhão do 141º Regimento de Infantaria - o "Batalhão Perdido", que havia sido cercado pelos alemães nas montanhas. Ao liderar um ataque durante este sangrento combate, Inouye foi baleado no peito logo acima do coração, mas a bala foi parada por duas moedas de prata que ele levava no bolso (e que se tornaram seus "amuletos de sorte" posteriormente). Por suas ações no resgate do batalhão, ele foi promovido a 2º Tenente.

Em 23 de março de 1945 o regimento foi novamente transportado para a Itália, desta vez chegando à Linha Gótica e sendo anexado à 92ª Divisão de Infantaria "Buffalo". Operando no setor costeiro da Ligúria em 21 de abril, Inouye liderou um ataque a uma fortificada posição alemã em San Terenzo. Ao tentar flanquear a posição, seu pelotão entrou na zona de fogo de três ninhos de metralhadora alemães a apenas 40 metros de distância. Ao ordenar que seus homens se abaixassem, Inouye foi atingido no abdômen, mas ignorou o grave ferimento e avançou sozinho contra o primeiro ninho, lançando granadas de mão e disparando sua submetralhadora Thompson. Destruindo a posição, ele chamou seus homens para um ataque à segunda metralhadora, que foi destruída logo antes dele ir ao chão devido à perda de sangue.

Enquanto outros soldados atraíam o fogo da terceira metralhadora, Inoyue arrastou-se pelo chão até chegar a 10 metros da arma. Ele então levantou-se e ergueu o braço direito para lançar sua última granada, quando um soldado alemão na casamata disparou, ceifando-lhe o braço na altura do cotovelo. Caindo completamente tomado pela dor lancinante, Inouye viu soldados vindo em seu auxílio e gritou para que se mantivessem longe, pois havia visto seu braço no chão ainda segurando a granada armada. Com a mão esquerda, ele tomou a granada de seu braço cortado no chão e, enquanto os alemães remuniciavam, atirou-a na casamata. Num último esforço supremo, Inouye levantou-se e foi em direção à posição inimiga disparando sua Thompson com o braço esquerdo, eliminando todos os alemães. Caindo inconsciente, Inouye foi então transportado para um hospital de campo.

Por esta ação, digna do mais alto reconhecimento, Inouye recebeu a segunda mais alta condecoração americana, a Distinguished Service Cross - sendo vítima do racismo velado que permeava as Forças Armadas dos EUA na época. Promovido a Capitão, ele permaneceu em serviço até 1947, quando passou para a reserva.

Voltando para o Havaí, Inouye formou-se em Direito e foi eleito para a Câmara dos Representantes dos EUA em 1959. Em 1962, foi eleito Senador pela primeira vez, sendo o primeiro nipo-americano a fazer parte da casa. Desde então, Inouye foi reeleito ininterruptamente para representar o Havaí em Washington.

Na década de 1990, o Pentágono reavaliou registros de combate de veteranos asiáticos e negros, para corrigir erros históricos motivados pelo racismo. Sendo assim, 21 veteranos nipo-americanos tiveram seus registros reconhecidos como aptos para a maior condecoração norte-americana por bravura. Em cerimônia na Casa Branca em 21 de junho de 2000, o Presidente Bill Clinton condecorou o Senador Daniel Inouye com a Medalha de Honra do Congresso, reconhecendo seus feitos heroicos em San Terenzo.

Sendo o senador com mais tempo de casa, Inouye era também o 3º na linha de sucessão presidencial. Ele deixa esposa e um filho.

Meus agradecimentos ao amigo Rafael Requena pela dica!

Daniel Inouye com John Kennedy na Casa Branca, abril de 1962.

Bill Clinton condecora Inouye com a Medalha de Honra, 21 de junho de 2000.

Senador Daniel Inouye.

Nota de Falecimento: Nikolai Pribylov

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Nikolai Pribylov
(30/10/1921 - 19/12/2012)

Faleceu no último dia 19 de dezembro em Voronezh, Rússia, de causas naturais aos 91 anos de idade, o Heroi da União Soviética, Coronel Nikolai Anisimovich Pribylov.

Nascido em Tula, ao sul de Moscou, Pribylov era filho de operários e ao terminar os estudos em 1940 decidiu juntar-se ao aeroclube local. Em setembro daquele ano foi aceito como estudante na escola de aviação de Tambov. Com a invasão alemã da União Soviética em junho de 1941, a escola foi transferida para o Usbequistão, e de lá ele se graduou no começo de 1943.

Enviado inicialmente para Kuibyshev, Pribylov chegou à linha de frente em outubro de 1943 junto ao 672º Regimento da 306ª Divisão de Aviação de Ataque do 17º Exército - 3º Front Ucraniano. Sua unidade, responsável por atacar diretamente as forças alemãs em solo, era equipada com o legendário avião blindado Ilyushin Il-2 Sturmovik, que Pribylov aprendeu a domar com maestria. Já em dezembro daquele ano ele ganharia a Ordem da Estrela Vermelha, e durante todo o ano de 1944 esteve na vanguarda do avanço soviético pela Ucrânia, Romênia e Hungria.

Em 22 de dezembro de 1944 ele liderou uma formação de 4 Sturmoviks contra um comboio de veículos na estrada Shered-Mor, na Hungria. Aproximando-se do alvo pelo sul, recebeu pesado fogo antiaéreo, mas manobrando com habilidade, conduziu seu grupo até os veículos alemães, destruindo pessoalmente dois tanques e 3 outros carros. Dois dias depois, partiu para atacar o pátio ferroviário de Bodaik. Mais uma vez sob fogo antiaéreo, destruiu dez vagões cheios de munição, sendo em seguida atacado por caças da Luftwaffe. No combate ele conseguiu derrubar um Focke-Wulf Fw 190 - apesar de seu Il-2 ter sido alvejado diversas vezes (matando o artilheiro traseiro), ferindo-o no rosto e no braço esquerdo. Sangrando profusamente, Pribylov conseguiu conduzir sua formação em segurança de volta à base. Em janeiro de 1945 ele iniciu uma série de missões ofensivas de grande sucesso contra Budapeste e outros alvos húngaros controlados pelos alemães, destruindo dezenas de veículos e interrompendo o abastecimento de muitas divisões inimigas no front.

No dia da vitória final, em 9 de maio de 1945, ele havia completado 218 missões operacionais, nas quais mostrou excelentes qualidades de pilotagem e comando, culminando na destruição de grande quantidade de veículos alemães e outros materiais de guerra, além de ter derrubado um Fw 190 e dividido a destruição de outros quatro caças e um bombardeiro. Por seu impressionante histórico de combate nos comandos do Sturmovik, o Presidium do Soviete Supremo concedeu a Nikolai Pribylov a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética no dia 29 de junho de 1945.

Servindo no Extremo Oriente até 1948, Pribylov passou para a reserva na patente de Tenente-Coronel. Trocaria a aviação militar pela civil, tornando-se piloto no Cazaquistão e posteriormente em Voronezh. Comandando tanto aeronaves de passageiros quanto de carga, ele foi um dos pilotos empregados no transporte de peças de foguetes para o Cosmódromo de Baikonur durante muitos anos. Tendo acumulado mais de 30 mil horas de voo em mais de 40 anos de carreira, fez sua última aterrissagem em 1982, quando tornou-se gerente no aeroporto de Voronezh. Aposentou-se definitivamente em 1992.

Em 2010, Nikolai Pribylov recebeu o título de cidadão honorário de Voronezh, e uma das aeronaves que opera no aeroporto da cidade foi batizada com seu nome. A escola onde ele estudou em Tula tem no jardim um monumento em sua homenagem.

Nikolai Pribylov (dir) com os colegas Leonid Schifrin (esq) e Andrey Arkhipov (centro).

Coronel Pribylov e um modelo do Sturmovik.

Nota de Falecimento: Alois Schnaubelt

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Alois Schnaubelt
(16/01/1921 - 11/12/2012)

Faleceu no último dia 11 de dezembro em Gelsenkirchen, Alemanha, de causas naturais aos 91 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro SS-Oberscharführer Alois Schnaubelt.

Nascido em Wachtel, nos Sudetos da então Tchecoslováquia, Schnaubelt teve sua região de nascimento incorporada ao Terceiro Reich em outubro de 1938, e em 1940 alistou-se na recém-criada Waffen-SS. Após completar seu treinamento, foi integrado à 4ª Bateria do 2º Batalhão de Flak-SS em 3 de setembro de 1940, operando o canhão antitanque/antiaéreo Flak 88mm.

Como parte da 2ª Divisão Panzer-SS Das Reich, o 2º Batalhão de Flak participou da Operação Barbarossa desde o começo, avançando contra Smolensk junto ao Grupo de Exércitos Centro. Schnaubelt participou de seguidas e intensas batalhas contra o Exército Vermelho, ganhando valiosa experiência no uso do 88. Em 1942, Das Reich foi enviada para descanso na França, somente retornando ao front leste no começo de 1943. Em setembro daquele ano, Schnaubelt foi transferido para a 3ª Bateria do 5º Batalhão de Flak-SS, pertencente à 5ª Divisão Panzer-SS Wiking. Em 4 de janeiro de 1944, o experiente artilheiro recebeu o comando de seu próprio 88.

Em agosto de 1944 a Wiking foi enviada para Fortaleza de Modlin, no rio Vistula, perto de Varsóvia, na Polônia. Lá, lutando ao lado da Divisão Panzer Hermann Goering, a Wiking destruiu o 3º Corpo Blindado soviético, antes da ofensiva soviética parar por ordem de Stalin durante o Levante de Varsóvia. Após o levante polonês ser sufocado na capital, os soviéticos reiniciaram a ofensiva, e o 5º Batalhão de Flak ficou responsável por fechar a estrada próxima à vila de Karlino. Com somente 3 canhões 88mm, os alemães posicionaram-se durante a noite de 19 de outubro, aguardando a ofensiva a qualquer momento. Logo ao amanhecer do dia 20, uma imensa barragem de artilharia russa irrompeu sobre o vilarejo, destruindo grande parte das estruturas existentes e incendiando quase toda a localidade. Schnaubelt e seus colegas receberam a ordem de atirar somente a 300 metros de distância, pois seria a única chance de sucesso contra a ofensiva inimiga. Os russos lançaram o ataque de infantaria com apoio de 35 tanques T-34 e T-41 logo em seguida.

Segurando os nervos contra a onda de homens e máquinas que avançava, os artilheiros viram as marcas de 500 e 400 metros serem ultrapassadas pelos soviéticos, abrindo fogo quando estes chegaram aos 300. Com o primeiro T-34 incendiado, a confusão passou a reinar no campo de batalha. Os 88mm estavam bem camuflados, o que dificultou aos tanquistas soviéticos contra-atacar. Schnaubelt, demonstrando calma extrema, aguardou até que o primeiro tanque inimigo estivesse a meros 80 metros de sua posição para abrir fogo. Com a explosão resultante, a infantaria soviética perdeu o ímpeto, e nos intensos 25 minutos seguintes, Schnaubelt destruiu com precisão 9 tanques inimigos. Ao ver os soviéticos recuarem, Schnaubelt olhou por seu binóculo e disse: "Acho que os pegamos todos!".

Por suas ações na manutenção da linha de frente, repelindo um ataque blindado soviético a queima-roupa, Alois Schnaubelt foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 16 de novembro de 1944.

Prosseguindo nos combates, a Wiking foi transferida para Budapeste, na Hungria, onde combateu recuando para a Tchecoslováquia. Em abril de 1945, Schnaubelt assumiu o comando da 3ª Bateria quando o comandante anterior foi morto em ação. Ele rendeu-se aos americanos em maio, sendo libertado do cativeiro em 19 de fevereiro de 1948.

Meus agradecimentos ao amigo Richard Schmidt pela dica.

Alois Schnaubelt.

Terceiro Lancaster pode decolar em breve

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"Just Jane" taxiando em Lincolnshire.

Um Avro Lancaster que apareceu no seriado “Dr. Who” pode ser o tornar o terceiro exemplar com capacidades de voo no mundo todo.

O bombardeiro, batizado “Just Jane”, atualmente realiza taxeamentos no Centro de Aviação Histórica de Lincolnshire. Fred e Harold Panton, seus donos, estão restaurando a aeronave como tributo ao seu irmão Christopher – que morreu num Lancaster em 1944, sobre Nuremberg.

Eles até então não haviam conseguido um quarto motor Rolls Royce Merlin– que disseram ser a chave para levá-lo ao ar.

Fred Panton disse: “Esperamos que ele voe em breve, e é certeza que irá voar. Mas antes que comecemos, precisamos deixar tudo em condições de voo, e acho que precisamos de 14 meses para isso. Se tirássemos os motores do Just Jane para enviá-los para reparo, tudo poderia demorar três anos. Os novos motores pouparão tempo”.

Ele ainda acrescentou: “Eu não sabia, até que o momento em que o último motor foi entregue, que há mais de 11 mil partes num motor Merlin – isso te dá a idéia do quão complexo ele é. E pensar que esses foram construídos logo antes da guerra...

Os irmãos compraram o Lancaster (Avro NX611) em 1983 e o trouxeram da base aérea da RAF em Scampton para seu museu em East Kirby. A última vez que voou foi em 1971.

O museu também adquiriu um novo trem de pouso, torres de tiro e pneus novos para o avião, que apareceu no especial de natal de 2011 do seriado “Dr. Who”.

Atualmente, há somente dois Lancasters em condições de voo – o do Memorial da Batalha da Inglaterra em Coningsby e o do Museu de Aeronaves Militares em Hamilton, Canadá.

Fonte: BBC News, 20 de dezembro de 2012.

Restauração de Heinkel He 111 progride na Suécia

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Numa oficina de Falkenberg, na costa oeste da Suécia, a restauração de um Heinkel He 111H-3 segue a todo vapor, com a seção do nariz tendo sido recentemente terminada.

O raro bombardeiro foi recuperado das margens do Lago Sitasjaure, no extremo norte da Suécia, no verão de 2008. O trabalho está sendo realizado por voluntários da Forced Landing Collection (FLC), em cooperação com a Nord-Osterdal Aircraft e o Museu Histórico Militar de Tolga, na Noruega.

Atualmente, o trabalho se concentra no compartimento de bombas.

O Heinkel, matrícula WrNr 6830, pertencia à 5ª Staffel do Kampfgeschwader 26 “Vestigium Leonis, e fez um pouso forçado em Sitasjaure em 15 de maio de 1940, após ser danificado em combate com Blackburn Skuas do 800º Esquadrão da Real Aviação Naval sobre Narvik.

Os quatro tripulantes sobreviveram, e após cruzarem a fronteira com a Noruega foram capturados pelos ingleses e levados para o Canadá como prisioneiros de guerra. O bombardeiro foi descoberto por autoridades suecas uma semana depois, mas a recuperação da aeronave não foi tentada devido ao isolamento do remoto local de queda.

Quando a restauração estiver terminada, pretende-se exibir o He 111 num diorama em escala real, mostrando o bombardeiro como estava logo após seu pouso forçado.

A equipe da FLC está atualmente procurando plantas e informações técnicas que permitam completar este que é um dos mais ambiciosos projetos de restauração de aeronaves na Suécia.

Fonte: Aeroplane Monthly, 28 de dezembro de 2012.

Seção frontal do He 111, ainda em restauração.

Nota de Falecimento: Alfie Fripp

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Alfie Fripp
(13/06/1913 - 03/01/2013)

Faleceu no último dia 3 de janeiro em Bornemouth, Inglaterra, de causas naturais aos 99 anos de idade, o britânico que mais tempo passou como prisioneiro de guerra, Squadron Leader Alfred George "Alfie" Fripp.

Nascido em Alverstoke, Hampshire, Fripp ingressou na RAF em 1930, aos 17 anos de idade. Treinado como navegador, em 1939 ele era Sargento e servia no 57º Esquadrão, que voava Bristol Blenheims. No dia 6 de setembro, três dias após a Inglaterra declarar guerra à Alemanha, Fripp casou-se com sua namorada Vera Allen.

Algumas semanas depois, seu esquadrão foi enviado para a França, como parte dos efetivos preliminares da Força Expedicionária Britânica. Os Blenheims imediatamente iniciaram missões de bombardeio e reconhecimento sobre território alemão, e numa dessas missões em outubro de 1939, a tripulação de Fripp foi atacada. Num dia de céu absolutamente claro, um Messerschmitt Me 109 colocou-se na cola do Blenheim e alvejou a aeronave. O piloto, Flight Lieutenant Michal Casey, colocou o avião num mergulho para escapar do caça alemão, indo parar a apenas alguns metros do topo das árvores. Apesar de despistar o Me 109, o Blenheim acabou por chocar-se contra as copas das árvores, e fez um pouso forçado. Todos os tripulantes saíram ilesos, e imediatamente capturados.

Alfie Fripp passou por um total de 12 diferentes campos de prisioneiros durante os anos seguintes, incluindo o famoso Stalag Luft III, perto de Sagan, na Baixa Silésia (hoje na Polônia). Quando a Grande Fuga começou a ser planejada em 1943, Fripp foi recrutado pelos organizadores, ajudando na construção dos túneis conseguindo ferramentas vitais e atuando como vigia. Contudo, pouco tempo antes da fuga, ele foi transferido para outro campo. Na fuga, realizada em 24 de março de 1944, 76 homens fugiram, mas todos, exceto três, foram recapturados. 50 deles foram fuzilados como represália.

No começo de 1945, ele foi um dos prisioneiros que participaram da marcha forçada em pleno inverno, fugindo do avanço soviético de Sagan até Spremberg, na qual muitos homens morreram de frio e fome. Finalmente libertado ao fim da guerra, após passar seis anos em cativeiro, Alfie Fripp retornou para a RAF, continuando seu serviço até 1969, aposentando-se na patente de Squadron Leader (Major).

Em 2009, Fripp retornou ao Stalag Luft III pela primeira vez desde a guerra, para recordar os amigos mortos. "Quanto aos alemães, já os perdoei, mas não esquecerei".

Muito ativo até seus últimos dias, Fripp participou das celebrações no Cenotáfio de Londres em novembro de 2012, e já planejava voltar ao Stalag Luft III em março de 2013 para celebrar o anivérsario da Grande Fuga. Além de ser o britânico que ficou mais tempo em cativeiro, Fripp também era o prisioneiro de guerra britânico mais velho ainda vivo.

Viúvo, ele deixa dois filhos e quatro netos.

Ex-prisioneiros britânicos visitam o Stalag Luft III em 2009. Da esq. p/ dir.: Andrew Wisemann, Alfie Fripp, Frank Stone e Reg Clever.

Squadron Leader Alfie Fripp.

Hawker Tempest será restaurado de volta ao voo no Texas

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O Hawker Tempest II MW404 chegou ao aeroporto de Hooks, perto de Houston, no Texas, para seu novo dono Chris Miller, que comprou a aeronave na Inglaterra. Agora, o Tempest será restaurado de volta às condições de voo, num projeto de cinco anos.

O raro caça é um dos somente nove sobreviventes conhecidos do modelo. A primeira tarefa de Miller é fazer uma relação daquilo que ele tem, o que falta e o que precisa ser substituído.

De acordo com o proprietário, encontrar partes para os sistemas hidráulicos será sua maior dor de cabeça, mas um extensivo trabalho na cobertura metálica terá que ser realizado – incluindo a construção dos novos bordos de ataque das asas e cobertura do motor.

Animadoramente, a estrutura da fuselagem está fundamentalmente em ordem, e não irá requerer muitos reparos. Miller já conseguiu um motor radial Curtiss-Wright R-3350 e um propulsor de um Douglas Skyraider– que irão substituir o motor original Bristol Centaurus e o propulsor Rotol, já que os componentes americanos são mais baratos e de manutenção mais fácil.

Nos últimos anos o MW404 ficou armazenado num pátio da antiga base aérea da RAF em Hemswell, perto de Lincoln. A aeronave saiu originalmente da linha de montagem da Hawker em 1945, sendo destinada ao 247º Esquadrãona base aérea de Chibolton, Hampshire.

Após dois anos de serviço, o MW404 foi recomprado pelo fabricante para ser recondicionado e vendido para a nascente Força Aérea Indiana.

Entregue em 1948, serviu na Índia com a matrícula HA557. Após o modelo ser retirado de serviço ativo em abril de 1954, o MW404 serviu como “isca” na base aérea de Poona, junto com outros doze Tempests II.

Em 1979, o entusiasta da aviação histórica Doug Arnoldcomprou o desgastado MW404, junto com outras quatro aeronaves indianas em condições similares, transportando-as para a Inglaterra.

Embora muitos desses caças tenham sido restaurados nos últimos 33 anos, é um atestado das dificuldades envolvidas o fato de que nenhum deles jamais voou novamente.

Fonte: Aeroplane Monthly, 28 de dezembro de 2012.

Tanque alemão da Primeira Guerra encontrado em rio na Polônia

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A7V na França em março de 1918.

Um tanque A7V alemão da Primeira Guerra Mundial foi encontrado no fundo de um rio na Polônia. Não há exemplares originais deste veículo na Europa, somente uma réplica no museu de Munster.

Os destroços estão no rio Wieprz, perto de Lubartow, numa profundidade de quatro metros. O tanque está no fundo do rio, de cabeça para baixo. Segundo Kamil Zydlewski, membro de um grupo de entusiastas de história militar, “pode-se ver o fundo do tanque e a parte traseira das esteiras, olhando da superfície”.

As dimensões e forma do achado sugerem que realmente é um tanque alemão A7V da Primeira Guerra Mundial. “Fizemos checagens, e não há semelhanças com nenhum outro veículo. Queremos resgatá-lo e restaurá-lo”, disse Zydlewski.

O veículo foi encontrado no rio Wieprz durante uma busca por relíquias da Batalha de Kock, a última grande batalha travada na área em outubro de 1939 entre tropas alemãs e Grupo Operacional Independente do General Franciszek Kleeberg.

Para reconstruir o tanque, plantas foram conseguidas nos arquivos em Dresden. Agora, está sendo realizado um levantamento de fundos para a recuperação – já existe compromisso de cooperação das autoridades locais de Lubartow.

O A7V poderia estar sendo usado como trator de artilhariapelo Exército Polonês, que em 1920 estava em guerra contra os soviéticos. É possível que o tanque fosse propriedade privada pouco antes disso.

Com o fim da Primeira Guerra, tanques alemães (sem armas) foram vendidos a proprietários privados. Eles serviram como tratores agrários e em outras funções pesadas. Quando iniciou-se a guerra contra a URSS em 1920, foram todos requisitados pelo Exército.

Os alemães produziram apenas algumas dúzias de tanques A7V em 1918. Essas máquinas tinham aproximadamente 9 metros de comprimento por 4 metros de largura, com altura de 3 metros.

Eram equipados com um canhão e seis metralhadoras, e a tripulação era de doze homens. Não há nenhum exemplar original na Europa (o único está na Austrália) e existe somente uma réplica em Munster.

Mesmo que somente uma parte dele ainda esteja ali, já será uma valiosa peça de museu”, disse Zydlewski.

Fonte: War History Online, 8 de janeiro de 2013.

Veteranos ingleses são impedidos de aceitar medalhas russas

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Ten.-Cmd. Roy Francis, veterano dos comboios do Ártico.

Marinheiros britânicos que participaram dos perigosos comboios do Ártico para suprir a frente de combate soviética reclamam que seu governo não lhes permite aceitar honrarias oferecidas por Moscou.

O Ministério da Relações Exteriores do Reino Unido estima que 400 marinheiros britânicos não puderam aceitar a Medalha de Ushakov porque estariam prestes a receber uma comenda do governo britânico especificamente relacionada aos comboios, e também porque os eventos ocorreram há mais de cinco anos.

Winston Churchill disse que os comboios passaram pela “pior jornada no mundo” enquanto entregavam mais de 7.500 caças e 5.000 armas antitanque que ajudaram a União Soviética a enfrentar as forças de Hitler no front leste.

Eu realmente estou triste com isso”, disse Reay Clarke, 89 anos, que serviu nos comboios. “Acho que é uma desgraça que não possamos simplesmente dizer sim aos russos e dizer-lhes para entregar as medalhas. Acho que estão sendo gentis e atenciosos ao lembrar do que fizemos por eles. Deveríamos simplesmente dizer ‘Muito obrigado!’”.

O Tenente-Comandante Roy Francis, 90 anos, que serviu a bordo do cruzador HMS Edinburgh quando este escoltou comboios até Murmansk em 1942, abriu uma petição junto ao Primeiro-Ministro para que as medalhas russas sejam aceitas.

Na viagem de volta, o cruzador foi afundado após sucessivos ataques alemães, quando carregava 4 toneladas de ouro como pagamento de Stalin. Dois oficiais e 56 marinheiros morreram.

Francis disse: “Além da ameaça dos submarinos, bombardeiros e navios de superfície alemães, o principal inimigo era o tremendo frio. Sei de navios que acumularam tanto gelo que viraram, afundando com toda a tripulação”.

Jacky Brookes, gerente do projeto do Museu do Comboio Ártico Russo, que deve ser aberto em Loch Ewe, no noroeste da Escócia, estima que 3.000 homensmorreram nas viagens. 85 navios mercantes e 16 navios de guerra foram perdidos.

O governo disse apreciar o gesto russo de reconhecer seus veteranos, mas disse que os mesmos já foram honrados com a medalha de campanha Estrela do Atlântico, uma comenda para serviços gerais no mar. Os marinheiros sobreviventes dos comboios também receberam um broche de lapela chamado Insígnia do Ártico em 2006. O Primeiro-Ministro recentemente anunciou a criação de uma medalha específica para reconhecer a bravura dos marinheiros dos comboios.

Estou feliz que este governo finalmente decidiu dar-nos uma medalha de campanha. Mas me disseram que o processo para concessão pode levar meses – então espero ainda estar aqui para ver toda essa burocracia ser concluída. Nenhum de nós está ficando mais jovem”, disse Francis.

Fonte: The Telegraph, 14 de janeiro de 2013.
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