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Nota de Falecimento: Kurt Bischof

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Kurt Bischof
(16/12/1924 - 11/01/2013)

Faleceu no último dia 11 de janeiro em Winterstein, Alemanha, de causas naturais aos 88 anos de idade, um dos mais jovens ganhadores da Cruz do Cavaleiro, Obergefreiter Kurt Bischof.

Nascido em Winterstein, no distrito de Gotha, Kurt era filho de Fritz e Margarete Bischof, sendo o terceiro de quatro irmãos. Após completar seus estudos básicos em 1938, tornou-se aprendiz de um ferramenteiro em Schmerbach. Por orientação de seu pai, Kurt permaneceu no trabalho e não participou da Juventude Hitlerista. No verão de 1942, ele foi convocado para treinamento militar em Bad Berka, que deveria durar apenas oito semanas. Contudo, no fim do treinamento ele foi diretamente chamado para compor o 15º Regimento de Infantaria, aprendendo a operar metralhadoras MG 34. No começo de 1943, Kurt foi enviado para o front leste, chegando a Zhitomir e sendo incorporado ao 337º Regimento da 208ª Divisão de Infantaria.

No começo de 1943, o Exército Vermelho estava em ofensiva na região de Zhitomir, seguindo-se à bem-sucedida Operação Urano, que destruiu o 6º Exército alemão em Stalingrado. Em março, enquanto realizava uma patrulha de reconhecimento, Kurt foi surpreendido por uma força inimiga, mas manteve sua posição durante longo tempo, até receber a ordem de recuar, ação pela qual recebeu a Cruz de Ferro de 2ª Classe. Em meados do ano, já na região de Orel, ele cruzava campo aberto quando foi surpreendido por uma salva de artilharia soviética - sendo seriamente ferido abaixo da cintura e nas pernas. Imediatamente evacuado para a retaguarda, e correndo sério risco de vida, ele foi operado num hospital de campanha e depois levado para a Prússia Oriental. Lá, passou por diversos meses de tratamento, nos quais os médicos conseguiram salvar-lhe.

De volta ao front em 1944, Kurt foi novamente ferido por dois estilhaços de granada de mão, além de um estilhaço de morteiro medindo 3 centímetros que atingiu-lhe na cabeça. Deste dia em diante, ele decidiu não mais usar capacete. Em 22 de dezembro de 1944 ele foi agraciado com a Cruz de Ferro de 1ª Classe.

Após o irrompimento inimigo na Silésia em fevereiro de 1945, os soviéticos rapidamente cercaram a cidade de Lauban. Sem muitas armas pesadas com que segurar os tanques soviéticos, o 337º Regimento buscou uma área defensiva em região de terreno irregular, cobrindo as passagens com metralhadoras. Na região designada para a 5ª Companhia, na qual Kurt estava inserido, duas metralhadoras MG 42 foram colocadas em posições avançadas para aguardar o ataque russo. Na manhã do dia 9 de março, contudo, a preparação de artilharia soviética caiu com precisão em cima das metralhadoras, matando as equipagens. Percebendo isso, Kurt, que estava na reserva, correu para a ocupar a primeira metralhadora, mas percebeu que a munição estava perto do fim. Já com a ofensiva inimiga em progresso, ele seguiu para a segunda metralhadora, operando sozinho a arma contra os soviéticos que avançavam, bloqueando seu ataque. Somente após 30 minutos foi que o reforço chegou, e o ataque foi contido. Por suas ações naquele dia, o jovem Kurt Bischof, de 20 anos de idade, foi agraciado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro por seu comandante divisional, Generalleutnant Heinz Piekenbrock, em 14 de abril de 1945.

Seus feitos foram bastante irradiados na imprensa alemã, e o Generalfeldmarschall Ferdinand Schörner, comandante do Grupo de Exércitos Centro, enviou-lhe uma caixa com três garrafas: champagne, conhaque e vinho, com a inscrição: "Para o mais novo ganhador da Cruz do Cavaleiro do XVII Corpo".

Em 10 de maio de 1945 sua unidade se rendeu na Tchecoslováquia. Entregue aos poloneses, ele e outros 40 mil prisioneiros trabalharam nas minas de carvão da Alta Silésia, entregues à Polônia no fim da guerra. Kurt era membro da Associação dos Ganhadores da Cruz do Cavaleiro desde 1995, sendo assíduo participante dos encontros de veteranos. Extremamente bem-humorado e alegre, sua saúde decaiu em 2012. Ele deixa dois filhos.

Agradeço ao amigo Richard Schmidt pela ajuda!

Kurt Bischof no dia de sua condecoração com a Cruz do Cavaleiro, 14/04/1945.

Com Kurt Bischof em Hannover, outubro de 2011.


Nota de Falecimento: Jake McNiece

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Jake McNiece
(24/05/1919 - 21/01/2013)

Faleceu no último dia 21 de janeiro em Ponca City, Oklahoma, EUA, de causas naturais aos 93 anos de idade, o comandante dos "Filthy Thirteen" e inspiração para "Os Doze Condenados", Sargento Jake "McNasty" McNiece.

Nascido em Mayville, Oklahoma, Jake era o sétimo de oito irmãos, filho de Elihugh e Rebecca McNiece. Ele cresceu desenvolvendo boas habilidades de caça e pesca, atividades que amou durante toda a vida. Durante a Grande Depressão, ele teve que trabalhar para ajudar no orçamento familiar, se tornando entregador aos 12 anos de idade. Após terminar os estudos em 1939, tornou-se bombeiro - função que dispensava-o do serviço militar. E foi nessa situação que McNiece se viu após o ataque a Pearl Harbor, e que acabou fazendo-o voluntariar-se para a força paraquedista do Exército em setembro de 1942.

Após o duro treinamento no Campo Toccoa, McNiece foi designado para o grupo de demolição da Companhia do QG do 506º Regimento da 101ª Divisão Paraquedista. Como Sargento, ele lideraria o grupo, composto por duas seções de seis soldados cada, num total de 13 homens. McNiece, contudo, era conhecido por sua péssima disciplina, sendo diversas vezes vezes repreendido e preso. O estado de completa desorganização e sujeira dos alojamentos de seu grupo rendeu-lhes o apelido de "Filthy Thirteen" ("Os Treze Imundos"). Transportados para a Inglaterra em setembro de 1943, os Treze continuaram seu registro de mal-comportamento e rebeldia, entrando sempre em conflito com os oficiais, a quem recusavam-se a tratar por "senhor".

Na véspera do Dia-D, em 5 de junho de 1944, McNiece - que tinha antepassados índios - raspou seu cabelo no estilo moicano, e passou pintura de guerra indígena no rosto. Esse gesto foi repetido por todos os soldados do seu grupo, no que foram flagrados por repórteres da revista "Star and Stripes", tornando os Treze de McNiece nacionalmente famosos. O grupo de demolição saltou na madrugada do dia 6 de junho, com a missão de destruir pontes em diversos canais para impedir a chegada de reforços alemães nas praias da Normandia. Após destruir as pontes designadas, os Treze guardaram uma outra ponte, segurando-a durante 3 dias e 3 noites, até que um P-51 Mustang a destruiu por engano. "Eu fiquei possesso! Seguramos a ponte contra todos os ataques! Aí vem uma aeronave nossa e a destroi!", lembrou-se ele.

Em seguida, o grupo foi enviado para Carentan, onde ajudaram a conquistar a cidade casa a casa. Evacuados para descanso na Inglaterra em julho, estavam novamente em ação, saltando na Holanda em 17 de setembro. Desta vez, sua missão era desarmar explosivos que os alemães haviam plantado em pontes no canal de Eindhoven. No dia 22, ajudaram a resgatar 60 paraquedistas ingleses que haviam sido cercados. Após 78 dias consecutivos de combate, os Treze receberam novo descanso na França, e por seu mal-comportamento McNiece foi transferido para uma unidade "Pathfinder" (precursores): "Eles queriam se livrar de mim, já estavam de saco cheio". Desta forma, em 22 de dezembro ele saltou sobre a cidade sitiada de Bastogne, em pleno inverno, e demarcou uma área onde os aviões de suprimento podiam lançar suas cargas. Em 19 de fevereiro de 1945, realizou seu quarto e último salto de combate, na travessia do rio Reno. Após isso, foi transferido para o QG do 506º Regimento em Lansburg, onde terminou a guerra.

Retornando aos EUA em dezembro de 1945, ele voltou ao trabalho como bombeiro, e após um sério problema de alcoolismo, parou de beber e casou-se em 1949. Viúvo em 1952, casou-se novamente no ano seguinte, trabalhando nos correios até aposentar-se.

A história dos Filthy Thirteen foi a inspiração para o autor E. M. Nathanson escrever o romance "Os Doze Condenados" em 1965, obra que se tornou um clássico do cinema dois anos depois. Em 2003, McNiece co-escreveu um livro de memórias, chamado "The Filthy Thirteen: From the Dustbowl to Hitler's Eagle's Nest".

Viúvo, ele deixa dois filhos.

Meus agradecimentos ao amigo Rafael Requena pela dica!

McNiece (dir) pinta o rosto de um dos seus soldados na véspera do Dia-D. Inglaterra, 5 de junho de 1944.

Jake McNiece (esq) e James Agnew (dir), veteranos do "Filthy Thirteen".


“Não há Spitfires enterrados”, dizem arqueólogos na Birmânia

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Arqueólogos que procuram Spitfires na Birmânia estão de mãos vazias e acreditam que não há qualquer aeronave para ser encontrada.

Após cavar por quase duas semanas e falar com o chefe da extraordinária caçada, David Cundall, especialistas concluíram que não há evidências dos cerca de 124 Spitfires tenham sido enterradas no fim da Segunda Guerra, como previamente pensado.

Um teimoso Cundall insiste que a caçada ainda continua e disse que os arqueólogos estão procurando no lugar errado. Ele permanece crente na testemunha que disse que os aviões foram enterrados, de acordo com a BBC.

Uma fonte disse que os arqueólogos no local da escavação em Rangoon não acreditam que exista qualquer Spitfire enterrado lá ou em outro lugar da Birmânia. A empresa que financiou a escavação cancelou uma coletiva de imprensa e confirmou que nenhum Spitfire foi encontrado.

Antes de a escavação começar em 7 de janeiro, o radar de penetração de solo encontrou uma massa metálica sob o local, o que deu esperança aos que acreditavam encontrar-se lá 36 Spitfires enterrados. Contudo, tudo o que acharam foi uma folha metálica usada durante a construção do aeroporto local.

Horas antes da revelação, um professor aposentado de geologia, Soe Thein, que estava envolvido na escavação, havia dito que a equipe de busca tinha localizado caixas de madeira sob o aeroporto de Rangoon, que poderiam conter aeronaves. Estas caixas estariam sob cabos e tubulação hidráulica: “Não paramos nem podemos parar. É apenas um pequeno atraso no nosso trabalho”.

David Cundall, fazendeiro de Lincolnshire, passou os últimos 17 anos fazendo campanha para encontrar o tesouro enterrado. Ele disse ter reunido oito testemunhas oculares, incluindo aviadores ingleses e americanos, além de birmaneses, que dizem que os aviões foram encaixotados e enterrados por ordem de Lord Louis Mountbatten em 1945.

Numa segunda escavação em Myitkyina, no norte da província de Kachin, os pesquisadores encontraram uma caixa de madeira inesperadamente cheia de lama, que deverá levar semanas para ser bombeada.

Foi dito que as aeronaves teriam sido embrulhadas, encaixotadas e transportadas da fábrica em Castle Bromwich, em West Midlands, para a Birmânia em agosto de 1945. Algumas voaram diretamente até lá, enquanto outras foram levadas de navio e protegidas contra as intempéries.

Quando a guerra contra os japoneses na Birmânia acabou, elas teriam sido enterradas para garantir que não fossem usadas por guerrilheiros birmaneses.

A caçada ao tesouro vinha sendo descrita como “uma história da determinação britânica contra todas as adversidades”.

Fonte: The Telegraph, 18 de janeiro de 2013.

Última cópia de Mein Kampf assinada por Hitler vai a leilão

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Uma cópia de “Mein Kampf”, a autobiografia de Adolf Hitler, assinada por ele no bunker enquanto os soviéticos se aproximavam de Berlim, vai a leilão em breve.

Acredita-se que esta seja a última cópia assinada por Hitlerantes de seu suicídio em 30 de abril de 1945. Ele a deu de presente a um membro-sênior desconhecido de seu estado-maior, num último gesto de desafio e esperança na causa nacional-socialista.

Especialistas dizem que a assinatura foi feita com pressa, e mais parece um rabisco – um reflexo de seu atribulado estado mental naquele período. O exemplar é de uma edição limitada de 1939, marcando o 50º aniversário de Hitler.

Na época, Hitler já tinha se mudado definitivamente para o bunker sob a Chancelaria em Berlim, enquanto os russos aproximavam-se da cidade pelo leste.

O livro foi adquirido muitos anos atrás por um britânico, que o comprou de um colecionador americano. Ele agora espera leiloá-lo pela quantia inicial de 5.000 libras.

Richard Westwood-Brooks, da casa de leilões Mullocks, disse: “O livro é raríssimo porque contém a assinatura de Hitler com a data de 5 de março de 1945. Em março, os Aliados avançavam pelo oeste e os soviéticos pelo leste, fazendo grandes avanços, e bem neste dia os Aliados capturaram Colônia”.

Hitler ainda esperava que um contra-ataque miraculoso pudesse virar a maré a seu favor novamente; então, em 5 de março ele presenteou alguém com este livro, autografando-o”, concluiu.

O leilão acontece no próximo dia 14 de fevereiro.

Fonte: Daily Mail, 14 de janeiro de 2013.

Nota de Falecimento: Bill Cullerton

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Bill Cullerton
(02/06/1923 - 12/01/2013)

Faleceu no último dia 12 de janeiro em Downders Grove, Illinois, EUA, de causas naturais aos 89 anos de idade, o ás norte-americano Capitão Willliam John "Bill" Cullerton.

Nascido em Chicago, Illinois, e criado em Oak Park, Cullerton viveu grande parte de sua infância em meio aos tempos da Grande Depressão. Aos 19 anos de idade, em 11 de setembro de 1942, juntou-se Programa de Cadetes da Aviação da Força Aérea do Exército dos EUA, sendo comissionado 2º Tenente em 7 de janeiro de 1944.

Embarcado para a Inglaterra, em agosto de 1944 ele chegou a uma unidade de linha de frente: o 357º Esquadrão do 355º Grupo de Caça, baseado no aeródromo de Steeple Morden, em Cambridgeshire. Este grupo era reconhecido como a melhor unidade de ataque ao solo da 8ª Força Aérea, voando o North-American P-51D Mustang desde abril. Cullerton e seus colegas do 357º - popularmente conhecido como "Dragon Squadron" - iniciaram missões de ataque à bases aéreas da Luftwaffe e outros alvos de oportunidade, e rapidamente ele abriu seu escore: em 14 de agosto, sobre Hildesheim, na Baixa Saxônia, ele derrubou dois Messerschmitt Me 109s. Logo em seguida, Cullerton destruiu sete aeronaves inimigas em solo. Em 2 de novembro, ele novamente apresentou sucesso semelhante, ao abater mais dois inimigos no ar e destruir outros seis em solo. Por esses ações ele foi condecorado com a Distinguished Service Cross, tendo se tornado o primeiro piloto da 8ª Força Aérea a destruir oito aeronaves inimigas em um único dia.

Ao retornar dos EUA para seu segundo tour de combate em março de 1945, Cullerton imediatamente derrubou mais um caça da Luftwaffe em combate aéreo e destruiu outros dois em ataques ao solo. Ao realizar uma missão em 5 de abril, ele foi abatido por fogo antiaéreo alemão, fazendo um pouso forçado num campo aberto. Imediatamente localizado por soldados da Waffen-SS, Cullerton foi baleado no estômago. Após ser encontrado por soldados americanos, foi atendido por um médico alemão que salvou sua vida.

Cullerton foi então evacuado para os EUA, onde recebeu os últimos cuidados. Ele havia encerrado a guerra com um total de 20 vitórias confirmadas. Frequentemente citado nas manchetes dos jornais de sua cidade natal, Cullerton retornou a Chicago com uma recepção de heroi, e logo casou-se com sua antiga namorada, Elaine.

Um ávido pescador e praticante de camping, Cullerton foi apresentador de um famoso programa de rádio sobre o tema, chamado "Great Outdoors", entre 1979 e 1999. Ele também fundou uma fábrica de produtos de pesca e acampamento.

Bill Cullerton deixa esposa, três filhas e três filhos.

P-51D "Miss Steve" de Bill Cullerton após pouso forçado na Alemanha, 5 de abril de 1945.

Bill Cullerton.

Lançamento: "Stalingrado", da M.Books

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Stalingrado: ótima surpresa.
Nestes dias em que celebramos os 70 anos do desfecho da épica Batalha de Stalingrado, reacende o desejo de entender melhor como aquele poderoso conjunto de acontecimentos foi desencadeado, e como é que uma unidade militar de elite da Wehrmacht pôde ser colocada em situação totalmente terminal.

E quem quer entender como foi que isso aconteceu encontra um bom ponto de partida em “Stalingrado – A resistência heróica que destruiu o sonho de Hitler dominar o mundo”, novo lançamento da M.Books que acaba de chegar às livrarias brasileiras.

O autor da obra, o britânico Rupert Matthews, é conhecido por sua extrema versatilidade literária, tendo escrito mais de 70 livros cujos temas variam de história militar, guias turísticos da Grã-Bretanha e até o sobrenatural. Contudo, não se deixe enganar: Matthews apresenta aqui um texto explicativo bastante conciso, que leva o leitor a entender as engrenagens por trás deste momento culminante da Segunda Guerra Mundial.

E o esforço em permanecer fiel à obra originalé uma nota a favor da M.Books, que nem mesmo mudou a capa do livro, preservando o visual da edição inglesa. Este aspecto permeia todo o livro, que é altamente recheado de fotografias e mapas– e pasmem, legendados com preciosismo! Darei apenas um exemplo: na fotografia da página 69 lê-se: “Um KV-1 soviético queima perto da cidade de Voronezh, junho de 1942. Estes tanques pesados eram imunes às armas alemãs, mas atolavam em solo macio.” Não é difícil imaginar que uma típica legenda feita no Brasil seria: “Tanque russo pega fogo.

Confesso que foi uma excelente surpresa ver uma obra de história militar publicada no Brasil com tamanho cuidado editorial, indicando que realmente passou por uma revisão especializada. E isso, todos vocês sabem, é uma formiga branca no formigueiro editorial brasileiro, tão inundado de lançamentos porcos e com pouca ou nenhuma fidelidade terminológica à história militar clássica – ou mesmo à boa escrita. Parece que para vender no Brasil basta estampar um tanque ou um avião de combate na capa e pronto! Um total desrespeito aos leitores.

Felizmente, este não é caso de “Stalingrado”. Em apenas 208 páginas, a obra consegue passar ao leitor toda a cadeia de eventos levou à fatídica destruição do 6º Exército alemão cercado dentro na longínqua cidade soviética.

Partindo de uma abordagem introdutória, Matthews dedica o capítulo inicial a explorar os fatos por trás do início da Segunda Guerra Mundial, mostrando a tensão montante na década de 1930 na Europa e como a União Soviética se encaixava neste contexto. Adicionando valor ao seu texto com fotos e mapas, mostra as operações de guerra na Polônia, França, Iugoslávia e Grécia, além da invasão soviética da Finlândia no inverno de 1939-1940.

Em seu segundo capítulo, o autor descreve os pormenores da Operação Barbarossa, a invasão alemã da União Soviética, iniciada em 22 de junho de 1941. A importância deste capítulo é mostrar como o bem-sucedido avanço alemão de 1941 levou os soviéticos à beira do colapso, resistindo por pouco na frente de Moscou durante o inverno – e abrindo caminho para as operações ofensivas do verão de 1942 no sul do país.

A partir do terceiro capítulo, Matthews passa a retratar a Batalha de Stalingrado em si, começando pela Operação Azul, que levou o 6º Exército até a cidade que levava o nome de Stalin, às margens do rio Volga.

Gosto bastante da “Nova História Militar”, que insere novos aspectos sociais às narrativas de batalhas, como depoimentos de civis e cartas de soldados relatando as dificuldades da vida na linha de frente (que é o estilo do conhecido autor Antony Beevor), mas confesso que é bom voltar à tradicional narrativa à la Kenneth Macksey – relatando as batalhas e decisões militares como acontecimento principal– que é o caso desta nova obra. Me vi totalmente imerso na leitura, incapaz de deixar o livro de lado, lendo capítulo após capítulo.

Stalingrado” surpreende pela quantidade de informação inserida numa obra enxuta. Aqui, você irá muito além dos nomes mais clichês de Paulus e Zhukov. Conhecerá comandantes de corpos, divisões e regimentos. Saberá que armas foram utilizadas e quem protagonizou qual ação. E o melhor: vai sair desta leitura entendendo de verdade o que foi e o que representou a tão falada Batalha de Stalingrado.

Meus parabéns à M.Books e meu sincero desejo de que mais obras desse nível cheguem por aqui!

Plano para resgatar o Lightning de Gales é traçado

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Os destroços do caça da Segunda Guerra Mundial, expostos após 65 anos pela mudança das marés na costa do País de Gales, serão resgatados.

Conhecido como “A Dama de Harlech”, o Lockheed P-38 Lightning foi descoberto em julho de 2007 após décadas escondido sob as areias. Foi a primeira vez que o raro caça norte-americano foi visto desde que fez um pouso forçado na costa galesa durante treinamento em 1942.

O resgate, em um local secreto perto da praia em Harlech, será iniciado assim que um lar para a aeronave for encontrado. O Grupo Internacional de Recuperação de Aeronaves Históricas (TIGHAR) espera retirar a aeronave do mar.

O diretor do projeto, Ric Gillespie, disse: “Quando tivermos uma casa para a aeronave poderemos começar a juntar as permissões necessárias com o governo local para removê-la, finalizando a operação com um levantamento de fundos para o resgate. É desafiador, mas factível”.

O avião permanece bem enterrado na areia. Somente nós sabemos onde ele está, e esta é a única razão pela qual ainda não foi desmantelada por saqueadores. Nossa intenção é recuperar a aeronave e conservá-la, o que significa um longo processo de tratamento do metal para que não corroa mais após ser tirado da praia. Precisamos de um museu britânico como parceiro para conservar e exibir a aeronave. Os grandes museus aeronáuticos como o Museu da RAF e o Imperial War Museum estão cientes e interessados, mas impedidos de alocar recursos agora devido a outros compromissos imediatos”.

Acredita-se que a aeronave caiu em 1942 enquanto participava de voos de treinamento e sofreu um corte nos motores. Incrivelmente, o piloto, Tenente Robert Elliott, saiu ileso da aeronave, mas desapareceu em ação somente três meses depois durante as batalhas na Tunísia.

Fonte: Daily Mail, 31 de janeiro de 2013.

Nota de Falecimento: Willi Kriessmann

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 Willi Kriessmann
(11/10/1919 - 18/12/2012)

Faleceu no último dia 18 de dezembro em Hillsborough, California, EUA, de causas naturais aos 93 anos de idade, o piloto de Arado Ar 234 da Luftwaffe, Feldwebel Dr. Wilhelm Ludwig "Willi" Kriessmann.

Nascido em Feistriz, na Áustria, Willi se encontrava em meio ao período de serviço militar obrigatório quando a Alemanha unificou-se com seu país em março de 1938. Convocado para a Luftwaffe em outubro daquele ano, ele terminou o treinamento básico e foi aprovado para a escola de voo. Willi foi selecionado para a escola de multi-motores em outubro de 1939 e, em julho de 1940, para a escola de bombardeiros. Ao completar treinamento em outubro daquele ano, foi enviado para uma unidade operacional, o Kampfgeschwader (KG) 4, onde deveria voar missões sobre as docas de Londres durante a Batalha da Inglaterra.

Contudo, devido ao recrudescimento da defesa aérea inglesa e o aumento das perdas de aeronaves, a Luftwaffe teve que diminuir o número de ataques diurnos gradualmente, até passar a operar somente à noite. Neste cenário, Willi então foi enviado para Berlim, voando numa esquadrilha a serviço do Ministério do Ar. Em julho de 1941, ele foi transferido para a equipe de voo do Generaloberst Hubert Weise, comandante das defesas aéreas da Alemanha, Holanda e Dinamarca. Willi foi mantido fora de combate durante a Operação Barbarossa e o primeiro ano da guerra na União Soviética, mas sua sorte logo mudaria.

No começo da primavera de 1942, as unidades de linha de frente da Luftwaffe estavam em crescente necessidade de pilotos experientes, e em 1 de abril Willi apresentou-se no quartel-general IV Grupo do KG 53 "Legion Kondor", para voar operacionalmente o Heinkel He 111. Após um acidente num voo de treinamento - que o deixou ferido e hospitalizado por dois meses - ele decolou para sua primeira missão de bombardeio, partindo de Pskov, no norte da URSS. Em sua maioria, as missões eram de apoio às tropas na linha de frente, e a sempre constante escolta de Messerschmitts e Focke-Wulfs do JG 53 dava certa segurança aos bombardeiros. Durante o inverno de 1942, Willi foi um dos pilotos que supriram por ar os 20 mil soldados alemães cercados em Velikiye Luki, que ficou conhecida como "Pequena Stalingrado do Norte", dado a semelhança desta batalha com aquela lutada às margens do Volga.

No dia 5 de julho de 1943 a Wehrmacht iniciou a Operação Cidadela, destinada a eliminar o saliente de Kursk, na zona central do front russo. O KG 53 foi movido para a área como reforço, e logo na madrugada daquele dia Willi voou sua primeira missão. Novamente decolando às 6:41 da manhã, seu He 111 foi armado com quatro bombas de 250kg para atacar posições de artilharia soviética. Após ser recebido com pesada antiaérea, Willi acertou em cheio o alvo em sua segunda passagem, mas após fazer o retorno seu artilheiro dorsal gritou avisando que havia Yaks em perseguição. Enquanto as rajadas de metralhadora crivavam buracos na fuselagem do Heinkel, o artilheiro traseiro conseguiu abater um dos caças. Contudo, o segundo Yak, pilotado pelo Major Plotnikov, da 16º Divisão de Caças da Guarda, conseguiu colocar uma rajada certeira por toda a asa esquerda do bombardeiro, que começou a soltar fumaça branca. Willi instintivamente colocou a aeronave num mergulho, fazendo o piloto russo pensar que a aeronave estava perdida. Ao recobrar o controle a baixa altitude sobre um imenso campo de trigo, ele cortou a força do motor e elevou um pouco o nariz, deixando a aeronave escorregar para o chão em meio ao trigo alto. "Foi a coisa mais bonita que fiz na minha vida", disse Willi. Toda a tripulação saiu ilesa, e eles foram rapidamente resgatados por um panzer que passava.

Após realizar 93 missões de bombardeio com o KG 53, ele foi transferido para Kovno em 11 de janeiro de 1944, mas sofreu um ferimento ocular em um voo de adaptação para missões noturnas. Proibido de voar à noite após um exame médico, Willi foi retirado da linha de frente e iniciou uma nova missão: transferir aeronaves da fábrica para unidades operacionais. Neste serviço ele pilotou caças noturnos Junkers Ju 88G, Ju 188, Dornier Do 217 e até mesmo o grande Heinkel He 177 (conhecido por seu alto índice de acidentes fatais). No fim de 1944, ele se tornou um dos primeiros pilotos qualificados para voar o Arado Ar 234 - o primeiro bombardeiro a jato da história. "Era um avião maravilhoso. Acho que era mais bem-desenhado do que o Messerschmitt Me 262. Era monoposto, então não tínhamos que praticar muito. Decolagens e pousos eram bem diferentes das aeronaves de pistão", lembrou-se. Willi voou seu primeiro Ar 234 em 12 de dezembro de 1944, e o último em 1 de maio de 1945.

Após render-se aos ingleses e passar um ano e meio em detenção, Willi prosseguiu seus estudos e conseguiu um PhD em Ciências Políticas na Universidade de Graz, passando a trabalhar para o Ministério do Comércio da Áustria. Em 1953 ele foi nomeado comissário de comércio na Costa Oeste americana, o que levou à sua mudança definitiva para a California. Anos depois, Willi abriu sua própria empresa de importação/exportação, aposentando-se como bem-sucedido empresário do ramo.

Em 17 de março de 1945, Willi decolou com o Arado Ar 234B #140312, partindo da fábrica em Püttnitz em direção a Magdeburg, base do KG 76. Esta aeronave foi, ao fim da guerra, capturada pelos americanos, sendo hoje o único exemplar do Arado Ar 234 no mundo todo, exibida no Smithsonian Museum em Washington DC. Após pesquisas de entusiastas na década de 1980, descobriu-se que Willi havia sido o piloto daquela aeronave, e ele pôde ver seu Arado novamente em 1990.

Willi Kriessmann era talvez o mais ativo veterano alemão na internet. Escreveu e traduziu diversos artigos e outras obras de história militar da Segunda Guerra, e gravou uma série de entrevistas em áudio sobre suas memórias do conflito. Ele era um ativo jogador de tênis e participava anualmente de maratonas de ciclismo na Europa. Sofreu um infarto em julho de 2012, mas se recuperou bem. Em dezembro, uma série de outros infartos provaram-se fatais.

Ele deixa esposa, quatro filhos e seis netos.

Willi (esq) na escola de bombardeiros.

O Arado Ar 234B do Smithsonian Museum, único no mundo - e exemplar que Willi pilotou em 1945.

Willi Kriessmann em sua casa na California com o pequeno Evan.

Conheci Willi em 2010 por intermédio do meu amigo croata Boris Fabian. Willi era um estudioso das colônias alemãs nas américas, e discutimos bastante sobre Blumenau e cercanias. Após conhecer um pouco mais sobre sua carreira na Luftwaffe, passamos a conversar bastante pelo Skype, e hoje lembro-me das constantes e entusiasmadas ligações dele para contar sobre um achado em seu antigo diário de voo ou um novo artigo em que estava trabalhando. Uma pessoa jovial, esportista, educada e serena. Infelizmente, não tive a oportunidade de ir aos EUA conhece-lo pessoalmente. Notei sua ausência do Skype no fim do ano passado, mas somente agora meu amigo Fabian me deu a triste notícia de seu falecimento.

Descanse em paz Willi!

Boris Fabian e Willi Kriessmann em Graz, Áustria, 8 de maio de 2012.


O soldado coreano que lutou em três exércitos

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Yang Kyoungjong, em uniforme da Wehrmacht, após ser capturado pelos americanos na Normandia.

Quando postei ano passado a respeito do filme coreano “My Way, vimos que o roteiro dizia ser adaptado a partir de uma história real. Embora um tanto fantástica, a história do soldado coreano mostrado na trama é verdadeira sim!

Tirando alguns floreios inseridos no roteiro cinematográfico, houve sim um coreano capturado pelos americanos na Normandia usando uniforme alemão, e seu nome era Yang Kyoungjong.

Kyoungjong tinha 18 de anos de idade em 1938, quando foi convocado para serviço militar no Exército Imperial Japonês – para quem não se recorda, a Península da Coréia era uma colônia japonesa na época.

Enviado para o Exército de Kwantung, aquartelado na Manchúria, Kyoungjong acabou fazendo parte do efetivo japonês que enfrentou as maciças forças soviéticas na Batalha de Khalkhin Gol em 1939. Capturado, ele foi levado de trem até um campo de trabalhos forçados na Sibéria.

Após mais de dois anos em cativeiro soviético, Kyoungjong e outros milhares de prisioneiros foram integrados ao Exército Vermelho em 1942, numa época em que Moscou necessitava desesperadamente de potencial humano para enfrentar a ofensiva alemã contra a URSS.

Durante a Terceira Batalha de Kharkov, em março de 1943, o jovem coreano foi capturado pelas vitoriosas tropas alemãs de Erich von Manstein, e levado a um campo de prisioneiros. Quando descobriu-se sua origem coreana (considerada parte do Japão), ele foi integrado a um dos Ostbataillonen, ou “Batalhões do Leste” – unidades de voluntários e conscritos de origem asiática que serviram no Exército Alemão.

Sua unidade foi enviada para a Península de Contentin, na Normandia, nas proximidades da praia Utah, invadida pelos americanos em 6 de junho de 1944. Após sobreviver ao bombardeio aeronaval Aliado e aos combates iniciais contra as posições fortificadas nas praias, Kyoungjong acabou sendo capturado por paraquedistas americanos.

De acordo com o Tenente Robert Brewer, do 506º Regimento da 101ª Divisão Aerotransportada, ninguém conseguia se comunicar com o asiático em uniforme alemão, e logo pensou-se que se tratava de um japonês. Kyoungjong foi então enviado para um campo de prisioneiros na Inglaterra.

Após a guerra, e com sua identidade reconhecida, o soldado coreano de história fantástica emigrou para os Estados Unidos, indo morar no estado de Illinois. Lá, Kyoungjong casou-se com uma americana e teve dois filhos e uma filha. Viveu quietamente, até falecer aos 81 anos de idade em 1992.

Agradeço ao leitor Davis Ortigoza pela dica.

Nota de Falecimento: Ken Jernstedt

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Ken Jernstedt
(20/07/1917 - 05/02/2013)
 
Faleceu no último dia 5 de fevereiro em Hood River, Oregon, EUA, de causas naturais aos 95 anos de idade, o último dos Tigres Voadores, Kenneth Allen "Ken" Jernstedt.

Nascido em Carlton, no Oregon, Jernstedt cresceu numa fazenda perto do rio Yamhill, concluindo seus estudos básicos em 1935. Logo em seguida ingressou na Universidade de Linfield, onde conheceu sua futura esposa, Laura Elliott. Ele graduou-se em 1939 e logo depois ingressou no Corpo Aéreo dos Fuzileiros Navais. Após terminar o treinamento e ser comissionado 2º Tenente em 1940, ele foi enviado para a base aérea de Guantanamo, em Cuba.

Lá, em meados de 1941, Jernstedt foi notado por sua extrema perícia nos comandos de uma aeronave de caça, e sutilmente convidado para se juntar à Central Aircraft Manufacturing Company - uma empresa de fachada que encobria a criação do famoso American Voluntary Group (AVG). Com os Estados Unidos ainda oficialmente neutros na Segunda Guerra, o Presidente Roosevelt autorizou a criação de um grupo de caça americano voluntário para voar na China, cujos homens seriam "recrutados" entre os melhores das Forças Armadas. Recebendo o dobro do salário de piloto militar e com um bônus de 500 dólares por cada aeronave japonesa derrubada, Jernstedt e outros exoneraram-se do serviço militar e zarparam de San Francisco para Hong Kong em junho de 1941, finalmente chegando à base operacional de Toungoo, na Birmânia, em setembro. Lá, o AVG voaria o Curtiss P-40 Warhawk, decorado com a famosa "boca de tubarão". Os chineses deram-lhes o apelido que se tornaria eterno: "Tigres Voadores".

Jernstedt foi designado para a 3ª Esquadrilha "Hells Angels", e realizou missões de interceptação e proteção da Estrada da Birmânia contra ataques aéreos japoneses. Ele atingiu sua primeira vitória em 23 de dezembro de 1941 sobre Rangoon, quando derrubou um bombardeiro japonês. Em sua missão mais memorável, Jernstedt e o colega Bill Reed descobriram um aeródromo inimigo em Moulmein abarrotado com cerca de 30 aeronaves, que eles metralharam incessantemente até esgotarem a munição. Em julho de 1942, no fim de seu contrato de um ano com o governo chinês, Jernstedt tinha acumulado um total de 10,5 vitórias confirmadas, fazendo dele o quinto maior ás dos Tigres Voadores. Jernstedt também foi elevado a estrela pela imprensa do Oregon, por se tornar o primeiro ás do estado.

Ao retornar para os EUA, Jernstedt foi chamado pela Republic para trabalhar como pilotos de testes, e voou todas as versões do P-47 Thunderbolt, além de dezenas de outras aeronaves americanas em fase experimental.

Após a guerra, Jernstedt mudou-se para Hood River, onde comprou uma empresa de engarrafamento de refrigerantes Coca-Cola, tornando-se um bem-sucedido empresário local. Em 1959 tornou-se prefeito da cidade, cumprindo também mandatos no legislativo estadual pelas décadas seguintes. Em 1989, elegeu-se prefeito de Hood River pela segunda e última vez, aposentando-se definitivamente em 1991.

Desde 1979, Jernstedt vinha sofrendo problemas de perda de visão devido a um glaucoma, ficando cego do olho direito em 1981. Em 1996, ele perdeu completamente a visão, passando a andar acompanhado de seu fiel cão-guia, Driscoll. Após 10 anos juntos, Driscoll morreu em 2006, e Jernstedt nunca mais encontrou um cão com que se adaptasse.

Com sua morte, encerra-se definitivamente o capítulo histórico dos Tigres Voadores. Ele deixa esposa, cinco filhas, dois filhos, 22 netos e oito bisnetos.

Os Tigres Voadores na China em 1942. Jernstedt é o segundo à esquerda, sentado.

Ken Jernstedt na cabine de um P-40 num show aéreo em Hood River, 1999.

Começará a busca pelo submarino HMS Saracen

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HMS Saracen

Um novíssimo navio de pesquisas francês irá começar uma busca pelo submarino britânico HMS Saracen, um dos mais famosos da Segunda Guerra Mundial.

O navio André Malraux, de 13 milhões de dólares, entrou em serviço ano passado e irá zarpar de Marselha para tentar encontrar os destroços do submarino classe S afundado 70 anos atrás.

Terry Hodgkinson, um autor britânico que escreveu muitas obras sobre o HMS Saracen, disse que a equipe francesa “planeja localizar o submarino inicialmente por sonar, e depois enviar uma câmera-robô para filmá-lo e fotografá-lo”.

Uma cópia desses filmes será enviada para o Museu de Submarinos da Royal Navy em Gosport para seus arquivos. Alguns serão enviados para os familiares dos tripulantes do Saracen”, concluiu.

O HMS Saracen foi afundado por sua própria tripulação perto de Bastia no sábado, 14 de agosto de 1943, após ser seriamente danificado por cargas de profundidade das corvetas italianas Minerva e Euterpe.

O Tenente Michael Lumby, comandante do Saracen, deliberadamente esperou 24h porque não queria afundar seu submarino na malfadada data da sexta-feira 13.

Isso significou que toda a tripulação teve que ficar submersa até as 2h da madrugada do sábado, antes que o comandante ordenasse o engenheiro-chefe a abrir as válvulas com os motores ainda funcionando.

Alguns anos antes, o Saracen havia afundado o submarino alemão U-335, com quase toda sua tripulação, em sua primeira patrulha a sudoeste das Ilhas Faroe.

O submarino então tornou-se notório após adentrar o Mediterrâneo, lançando diversos ataques de torpedos contra a navegação italiana e alemã, bem como contra portos inimigos.

Pouco antes de ser afundado, ele havia sido usado para infiltrar agentes do MI6 na Córsega, cujo objetivo era vigiar as forças do Eixo na ilha.

Dois tripulantes do Saracen se afogaram quando tentavam sair do barco, o que significa que ele é agora um túmulo subaquático. Outros foram capturados pelos italianos, mas libertados quando o país saiu da guerra no mês seguinte.

O Tenente Lumby foi enviado para um campo de prisioneiros na Alemanha e, após a guerra, assumiu o comando do famoso cruzador HMS Belfast, que hoje é um museu flutuante em Londres.

Acredita-se que hoje haja somente dois sobreviventes dos 48 tripulantes que serviram no Saracen, e há uma placa de mármore em Bastia em memória dos que morreram.

Se os franceses conseguirem localizar o submarino, uma insígnia de bronze será deixada junto dos destroços. Nela, se lê: “Em memória do HMS Saracen e sua tripulação, que tiveram papel de destaque na liberação da Córsega. Afundado em 14 de agosto de 1943”.

Fonte: The Telegraph, 17 de fevereiro de 2013.

Nota de Falecimento: Pierre Lorillon

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Pierre Lorillon
(13/05/1918 - 18/02/2013)

Faleceu no último dia 18 de fevereiro em Bastia, na Córsega, de causas naturais aos 94 anos de idade, o último dos ases do Grupo de Caça Normandie-Niemen, Comandante Pierre Lorillon.

Nascido em Champigny-sur-Marne, no norte da França, Lorillon desde jovem mostrou-se um apaixonado pelo voo, conseguindo sua licença de piloto civil aos 20 anos de idade. Em 1939, conseguiu ser admitido na escola de pilotos militares do Armée de l'Air, terminando o treinamento no ano seguinte e sendo enviado para o Norte da África. E foi lá que ele viu seu país ser invadido pela Alemanha em 10 de maio de 1940.

Impossibilitado de voar de volta para a França, Lorillon recebeu em junho a notícia de que o Marechal Petain havia assinado um armistício com os alemães, fundando um novo governo francês em Vichy, que controlaria as colônias francesas. Apesar de ser simpatizante da causa de Charles De Gaulle, ao contrário de outros colegas Lorillon não encontrou oportunidade para alcançar Gibraltar e tentar chegar à Grã-Bretanha para servir nas Forças Francesas Livres, permanecendo na África até 1943, após os Aliados ali desembarcarem na Operação Torch e vencerem as forças do Eixo no continente.

Enviado à Londres, Lorillon voluntariou-se para servir no Grupo de Caça Normandie-Niemen, a unidade voluntária francesa criada por De Gaulle para combater os alemães na União Soviética. Em 8 de maio de 1944, ele finalmente chegou ao aeródromo de Tula, onde os franceses operavam. A bordo do Yakovlev Yak-9, Lorillon abriu seu escore em 8 de agosto, quando destruiu um Junkers Ju 87 Stuka sobre Goldap, na Polônia. Em 17 de outubro ele demonstrou mais uma vez suas habilidades ao abater dois Focke-Wulf Fw 190 em Gumbinnen, na Prússia Oriental - feito que ele repetiu em 16 de janeiro de 1945, desta vez em combate sobre Kussen. Agora pilotando o Yakovlev Yak-3, Lorillon derrubou um caça inimigo em fevereiro e outro em março, fechando seu rol de abates em 27 de março sobre Pillau, ao derrubar seu último Focke-Wulf. Com a vitória final, os franceses receberam de Stalin a permissão de levar consigo seus Yaks para a França. Lorillon terminou a guerra com 8 vitórias aéreas confirmadas.

Após a guerra ele continuou no Armée de l'Air, servindo na defesa aérea da Guiana Francesa entre 1946 e 1950. Dali partiu para a Indochina, voando missões de transporte aéreo em apoio às tropas francesas em terra. Entre 1954 e 1960 ele foi designado para a Base Aérea de Bordeaux, e nos dois anos seguintes serviu pela última vez na linha de frente na Argélia. Pierre Lorillon aposentou-se da Força Aérea em 1 de janeiro de 1969, na patente de Comandante (Major). Em toda sua carreira militar, ele acumulou 18 condecorações em 1.288 missões operacionais, totalizando 1.810 horas de voo em combate.

Após mais alguns anos trabalhando como gerente de projetos no Ministério do Trabalho, Lorillon aposentou-se definitivamente. Em 21 de maio de 2008, o presidente Nicolas Sarkozy condecorou-o com a Grã-Cruz da Legião da Honra, o grau mais alto da mais alta condecoração francesa por bravura.

Com sua morte, restam somente dois pilotos do Normandie-Niemen ainda vivos: Gaël Taburet e Jean Sauvage.

Os pilotos franceses François de Geoffre, Georges de Friédé e Pierre Lorillon, na União Soviética.

Pierre Lorillon (centro) encontra-se com mecânicos russos que serviram os Yaks do Normandie-Niemen. Moscou, maio de 2010.

Nota de Falecimento: Pyotr Nesterov

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Pyotr Nesterov
(26/06/1924 - 16/02/2013)

Faleceu no último dia 16 de fevereiro em Sura, na Rússia, de causas naturais aos 88 anos de idade, o Heroi da União Soviética, Tenente Pyotr Andreyevich Nesterov.

Nascido na aldeia de Gremyachevka, na região de Penza, a sudeste de Moscou, Nesterov vinha de uma família de camponeses. Após abandonar os estudos na 8ª série devido aos tempos difíceis, mudou-se para Saratov, indo trabalhar numa fábrica de aeronaves pouco antes do começo da Operação Barbarossa. Com a invasão alemã em pleno fôlego e a desesperada necessidade de homens para o Exército, Nesterov foi convocado aos 17 anos de idade em março de 1942.

Após completar seu treinamento básico de infantaria, ele foi escolhido para prosseguir para a escola de formação de oficiais, sendo comissionado Tenente-Júnior em 1943. Enviado para a linha de frente em maio daquele ano, Nesterov recebeu o comando de um pelotão de metralhadoras do 312º Regimento da 109ª Divisão de Rifles da Guarda. Alocada no 2º Front Ucraniano do Marechal Ivan Konev, sua unidade participou dos combates em Kursk, Belgorod, Odessa e Kiev, além de enfrentar os alemães no Bolsão de Cherkassy em janeiro de 1944. Após penetrarem na Romênia pelos Cárpatos, os soldados de Konev continuaram sua marcha para oeste em direção à Iugoslávia, chegando às margens do rio Danúbio em outubro. A unidade de Nesterov posicionou-se na margem oriental em frente à aldeia de Ritopek, 10 quilômetros a sudeste de Belgrado.

Como parte da primeira leva, Nesterov atravessou o Danúbio sob pesado fogo alemão, que causou severas baixas na travessia. Em terra, os soviéticos se mantiveram acuados num pequeno trecho de praia, recebendo fogo de ninhos de metralhadora, granadas e morteiros. Num momento crítico da batalha, o Tenente-Júnior Nesterov, de 20 anos de idade, teve que assumir o comando de toda a companhia quando o comandante foi seriamente ferido e evacuado. Ele então montou um ataque a um ponto elevado, avançando contra as armas automáticas inimigas enquanto lançava granadas. Alvejado no ombro, Nesterov não notou o grave ferimento no calor do combate, mas o sangue já manchava todo o seu uniforme. Após tomar a elevação, e com apenas um punhado de soldados ao seu lado, Nesterov enfrentou um contra-ataque alemão, desta vez usando granadas e uma metralhadora para defender-se. Uma granada lançada contra ele explodiu, e estilhaços abriram-lhe uma grande ferida na cabeça e outra na mandíbula, arrancando-lhe cinco dentes. Perdendo a consciência, Nesterov foi evacuado da cabeça-de-ponte, mas sua brava resistência e liderança do desesperado ataque contra a elevação haviam desviado a atenção alemã e permitido a chegada de reforços que consolidaram a posição soviética a oeste do Danúbio.

Já num hospital em Sochi, na costa do Mar Negro, Nesterov recebeu a notícia de que o Presidium do Soviete Supremo havia condecorado-o com a Estrela Dourada de Heroi da União Soviética em 24 de março de 1945, por suas ações na travessia do Danúbio.

Após recuperar-se, ele foi a Moscou receber sua comenda. Sentado numa estação de trem, um Major sentou-se ao seu lado e perguntou-lhe: "O que faz aqui?", e Nesterov respondeu: "Fui condecorado como Heroi. Vim buscar a comenda". "Você, uma criança, é Heroi? Conta outra", disse o incrédulo Major, e Nesterov contou-lhe a história e mostrou-lhe o decreto. Em seguida foi levado até o Kremlin, onde recebeu sua Estrela Dourada das mãos do Presidente do Soviete Supremo, Mikhail Kalinin.

Após a guerra, Nesterov passou para a reserva e voltou para sua terra natal, residindo na cidade de Sura, onde trabalhou na administração municipal até aposentar-se. Uma escola na cidade recebeu seu nome, e também há uma placa em sua homenagem.

Pyotr Nesterov era o último Heroi da União Soviética da região de Penza. Ele deixa esposa e dois filhos.

Tenente Pyotr Nesterov, Heroi da União Soviética.

Nesterov e sua esposa, Maria Nesterova.

Quer ser dono de um Messerschmitt Komet original? Você pode!

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Quem sempre sonhou em ter em casa um exemplar original do clássico interceptador a foguete da Luftwaffe– e tem muito dinheiro no bolso – agora tem a oportunidade única de realizar o sonho.

Um Messerschmitt Me 163B Komet, um dos sete exemplares originais restantes no mundo, está sendo leiloado num site de vendas de aeronaves, pelo lance mínimo de 575 mil dólares. A fuselagem original de alumínio e madeira está quase 100% completa, bem como o motor Walter HWK 109-509A-2.

Segundo o vendedor, todos os instrumentos de voo estão em condições originais. Na verdade, estima-se que 80% da aeronave esteja como saiu da fábrica, e o restante foi completado com peças da época.

Este exemplar do Komet chegou a ser utilizado em ação, sendo parcialmente consumido por um incêndio após o pouso. O avião foi então levado para uma oficina, onde acabou sendo escondido ao fim da guerra.

A única parte que realmente necessita de reparos é a cauda do Komet, que atualmente está sem a cobertura metálica.

Confira aqui o anúncio e faça sua oferta!

Agradeço ao amigo Gilberto Ziebarth pela dica!

Nota de Falecimento: Georg Bleher

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Georg Bleher
(04/02/1919 - 25/02/2013)

Faleceu no último dia 25 de fevereiro em Stuttgart, Alemanha, de causas naturais aos 94 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro, Oberleutnant Georg Bleher.

Nascido em Langenau, às margens do Danúbio, Bleher era filho de um ferroviário. Ele terminou seus estudos e imediatamente iniciou um estágio como aprendiz na indústria. Em 1939 foi convocado para o serviço obrigatório no Reichsarbeitsdienst, trabalhando na construção da Linha Siegfried até março de 1940. Em 18 de junho, Bleher foi recebeu a convocação para o serviço militar, recebendo treinamento básico junto ao 34º Regimento da 35ª Divisão de Infantaria.

Na primavera de 1941, a 35ª Divisão foi enviada para a Prússia Oriental, próximo à fronteira com a União Soviética. Na noite do dia 21 de junho, seu pelotão foi enviado para a fronteira, e às 3h da manhã Bleher viu passar por cima de si uma formação de bombardeiros alemães adentrando o território soviético. Era o começo da Operação Barbarossa. Com o sargento de seu pelotão ferido, Bleher teve que assumir o comando dos soldados e prosseguir o ataque, capturando uma elevação importante para o cenário local. Em agosto ele foi ferido em ação e evacuado para um hospital em Varsóvia, retornando ao front em outubro. Nas batalhas ao redor de Smolensk ele recebeu a Cruz de Ferro de 2ª Classe, e em seguida sua unidade foi empregada no setor de Moscou. Lá, Bleher enfrentou o contra-ataque siberiano que fez os alemães recuarem das cercanias da capital. Mais uma vez ferido e desta vez sofrendo de congelamento, Bleher corria risco de ter ambas as mãos amputadas, mas um período de recuperação na Alemanha preveniu isso.

De volta à ação no fim do verão de 1942, se envolve nos vários combates na região do Dnieper junto ao Grupo de Exércitos Centro, recebendo sua Cruz de Ferro de 1ª Classe em 17 de outubro. Já um experiente comandante de pelotão, em setembro de 1943, Bleher foi selecionado para a escola de oficiais em Dresden. Após completar o curso, é comissionado Leutnant em 1 de abril de 1944. Desta vez não voltou para sua antiga unidade, sendo enviado para o 358º Regimento da 205ª Divisão de Infantaria, em Polotsk, na Bielorrússia. Diretamente atingida pela Operação Bagration em julho de 1944, a 205ª Divisão foi uma das unidades alemãs isoladas no chamado Bolsão da Curlândia, na Lituânia. Em 25 de outubro de 1944, Bleher recebeu a Insígnia de Ferido em Ouro, por ter sido ferido mais de 5 vezes em combate.

Promovido a Oberleutnant em 1 de janeiro de 1945, ele passou os meses seguintes em constante ação devido às sucessivas tentativas soviéticas de romper as linhas alemãs e destruir as tropas cercadas. Por tais atos, recebeu a Cruz Alemã em Ouro em 9 de março. Em 23 de março, diante de uma gigantesca força de ataque soviética, o I Batalhão do 358º Regimento - no qual a unidade de Bleher se encontrava - contra-atacou a temida 8ª Divisão de Rifles da Guarda. Em meio ao pesado combate, Bleher viu cair os três oficiais superiores que comandavam o batalhão. Ele então, por sua própria iniciativa, tomou a liderança do batalhão e, mostrando tenacidade e habilidade sob pressão, dispôs as tropas para cercar com sucesso toda a 8º Divisão soviética, que foi completamente aniquilada em combate. Durante os estágios finais da luta, contudo, Bleher foi ferido pela sexta vez, alvejado no cotovelo esquerdo, sendo evacuado para a Alemanha por mar.

Internado num hospital em Ravensburg, Georg Bleher foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 6 de maio de 1945, por ter liderado o bem-sucedido ataque que levou ao cerco e destruição completa da 8ª Divisão de Rifles da Guarda.

Após passar dois anos em cativeiro francês, Bleher foi libertado em 13 de junho de 1947. Curiosamente, ele somente soube de sua condecoração com a Cruz do Cavaleiro muitos anos após o fim da guerra. Em 2010, o autor Ingo Möbius publicou sua biografia: "Über Moskau ins Kurland".

Meus agradecimentos ao amigo Richard Schmidt pela dica!

Bleher (centro) e seus soldados no front leste, 1942.

Oberleutnant Georg Bleher, março de 1945.


Nota de Falecimento: Charles Mallory

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Charles Mallory
(30/09/1920 - 05/03/2013)

Faleceu no último dia 5 de março em Dunbar, West Virginia, EUA, de causas naturais aos 92 anos de idade, o ás norte-americano Tenente-Comandante Charles Mitchell Mallory.

Nascido em Dunbar, no Condado de Kanawha, West Virginia, Charles era filho de Roy e Lillian Mallory. Ao completar seus estudos em 1938, ele ingressou na Universidade de West Virginia, mas teve sua graduação interrompida com o ataque japonês a Pearl Harbor em dezembro de 1941. No ano seguinte, ele e outros amigos decidiram se juntar à Marinha dos EUA como pilotos navais.

Em 1943, enquanto ainda estava em treinamento na área do Caribe, Mallory estava experimentando pela primeira vez um modelo de bombardeiro de mergulho, quando por acaso avistou um submarino alemão que viera à superfície. Tomado pela adrenalina, ele iniciou uma aproximação de ataque, mas esquecera que nem mesmo sabia como lançar os explosivos da aeronave. O submarino escapou sob as ondas, e Mallory jurou que nunca mais voaria uma aeronave de combate sem antes aprender como usar todas as armas.

Enviado para o Teatro de Operações do Pacífico, Mallory foi inicialmente designado para o porta-aviões USS Monterey, onde voou bombardeiros de mergulho SBD Dauntless. Contudo, em agosto de 1944, ele foi transferido para a aviação de caça, passando para o porta-aviões classe Essex USS Intrepid, onde começou a pilotar o Grumman F6F Hellcat. Em 21 de setembro, ele partiu para uma missão de reconhecimento fotográfico da pista de Clark Field, nas Filipinas, como preparação para a invasão americana daquele arquipélago. Enquanto rumava para o alvo, Mallory observou uma formação de cinco bombardeiros Mitsubishi G4M "Betty", e partiu para a interceptação. Ele derrubou três bombardeiros e retornou para o Intrepid, sendo congratulado pessoalmente pelo Almirante Marc Mitscher. Contudo, seu comandante de esquadrão repreendeu-o por desviar-se da missão principal e colocar os objetivos em jogo, ameaçando-o de corte marcial. Dessa forma, Mallory decolou novamente naquele mesmo dia e chegou a Clark Field, sobrevoando a pista em alta velocidade e baixa altitude, com as câmeras disparando. Sem que ele percebesse, duas aeronaves inimigas decolavam simultanamente para interceptá-lo, e Mallory teve somente poucos segundos para avistá-las, derrubá-las e manobrar para evitar uma colisão. As cinco vitórias que obteve fizeram dele ás em um dia.

Em 25 de novembro, Mallory decolou mais uma vez do Intrepid, que poucos segundos depois recebeu o impacto direto de um kamikaze, atingindo a sala de espera e matando vários pilotos. Ele lembrou-se do incidente: "Eu estava na sala de espera quando ouvi a sirene de alerta de kamikaze. Corri para o deque e tive a sorte de ver minha aeronave subindo pelo elevador; então corri para ela. Do contrário, eu teria permanecido na sala de espera. Fui o último avião a decolar antes do impacto".

Mallory ainda participou dos combates sobre Okinawa em 1945, terminando a guerra com 11 vitórias aéreas confirmadas e outras 3 prováveis. Foi condecorado três vezes com a Distinguished Flying Cross.

Em 1947, enquanto atravessava um rio numa balsa juntamente com sua esposa Sylvia, Mallory viu uma mulher acidentalmente deixar um bebê cair na água. Ele imediatamente pulou no rio, e com a criança já afundando, teve a sorte de segurá-la com a mão e erguê-la fora da água, até outra pessoa poder pular com uma corda e resgatá-los. Por este feito ele foi condecorado com a Medalha Salva-Vidas da Marinha.

Após deixar o serviço militar, Mallory voltou para sua terra natal e abriu sua própria firma de construção civil. Ele nunca abandonou sua paixão pelo voo, sendo dono de diversas aeronaves e pilotando até os 88 anos de idade.

Charles Mallory deixa esposa, três filhos e quatro netos.

Charles Mallory (esq) e o colega Cecil Harris (dir) na sala de espera do USS Intrepid.

Tripulantes do couraçado USS New Jersey observam o kamikaze prestes a atingir o convés do USS Intrepid. Golfo das Filipinas, 25 de novembro de 1944.

Divulgada data do XXV Encontro Nacional de Veteranos da FEB

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Amigos de todo o Brasil,

Hoje eu vi com muita alegria a confirmação da data do XXV Encontro Nacional dos Veteranos da FEB! Acredito que a maioria de vocês já tenha visto meu relato sobre o encontro do ano passado, mas saibam que este ano não estaremos realizando apenas mais uma reunião, e sim um evento histórico!

Neste ano de 2013 comemoraremos o 70º aniversário de formação da Força Expedicionária Brasileira! Não há ocasião mais célebre para marcar junto aos nossos herois!

A localização não podia ser melhor para visitantes de pontos distantes do Brasil: São Bernardo do Campo, a 1h de carro do Aeroporto de Guarulhos e 30 minutos do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ou seja, você pode pegar um avião em qualquer lugar do Brasil e chegar praticamente direto no local do evento.

Antônio Cruchaki.
Nosso anfitrião deste ano é o veterano Antônio Cruchaki, do 9º Batalhão de Engenharia, a quem tive a feliz oportunidade de conhecer no encontro de Juiz de Fora. A data foi marcada para os dias 6 a 9 de novembro, então há um bom tempo para todos se planejarem!

Além do tradicional encontro dos veteranos, o evento deste ano contará com um museu, feira de militaria e mostra de veículos militares históricos – incluindo um tanque M4 Sherman funcional!

Em breve entrarei com mais detalhes da programação, mas por enquanto, podem entrar em contato com o organizador Maurício Santarelli pelo telefone (11) 7803-5901 ou pelo e-mail jeep51@ig.com.br

Aguardo vocês em novembro!

Nota de Falecimento: Ewald von Kleist

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Ewald von Kleist
(10/07/1922 - 08/03/2013)

Faleceu no último dia 8 de março em Munique, Alemanha, de causas naturais aos 90 anos de idade, o último dos conspiradores de Stauffenberg, Oberleutnant Ewald-Heinrich von Kleist-Schmenzin.

Nascido em Schmenzin, Pomerânia (na atual Polônia), Kleist vinha de uma família tradicionalmente monarquista. Seu pai, um publicitário, era um fervoroso crítico de Hitler e do Partido Nacional-Socialista, escrevendo artigos contra o movimento desde 1929. Kleist, que compartilhava das visões políticas do pai, teve seu repúdio por Hitler ampliado após a Noite das Longas Facas em 30 de junho de 1934, na qual grande parte dos inimigos do Führer foram mortos - seu pai escapou por pouco.

Mesmo contrário ao governo, Kleist ingressou na academia de oficiais da Wehrmacht como cadete da infantaria aos 18 anos de idade em 1940. Após ser comissionado Leutnant no ano seguinte, recebeu seu batismo de fogo durante a Operação Barbarossa, a invasão da União Soviética. Comandante de pelotão, ele foi seriamente ferido em ação nos últimos meses de 1943, e evacuado para um hospital da retaguarda. E no hospital, em janeiro de 1944, ele foi abordado pelo Oberst Claus von Stauffenberg, Chefe de Estado-Maior do Comando da Reserva.

Stauffenberg levantou a possibilidade de Kleist usar um colete com explosivos numa tentativa suicida de assassinar Hitler durante uma demonstração de novos uniformes de combate, a ser realizada dentro de poucas semanas. Inicialmente chocado com a proposta, Kleist pediu tempo para consultar seu pai: "Ele me disse imediatamente: 'Sim! Claro que você tem que fazê-lo! Um homem que não aproveita tal chance não pode ser feliz novamente na vida.' Eu tinha certeza que ele diria não, mas, como sempre, eu o havia subestimado".

Aceitando a proposta de Stauffenberg, Kleist iniciou os preparativos para seu atentado suicida, mas Hitler seguidas vezes adiou a mostra de uniformes, até finalmente cancelá-la. Dessa maneira, o outro plano de Stauffenberg - no qual ele próprio levaria uma valise com explosivos para uma reunião no Quartel-General do Führer em Rastenburg - foi posto em ação.

No dia 20 de julho de 1944, Kleist estava em Berlim, a postos para iniciar um golpe de estado e prender os líderes do governo assim que o sinal verde fosse dado. Pouco antes das 13h, Kleist foi um dos oficiais que recebeu ordens de prender o comandante do Exército da Reserva, Generaloberst Friedrich Fromm. Porém, quando as notícias de que Hitler havia sobrevivido chegaram a Berlim, os conspiradores foram presos e cercados pelas tropas do Major Otto Ernst Remer.

Kleist foi preso, interrogado e mantido no campo de prisão de Ravensbrück por quatro meses, até ser liberado por falta de provas e enviado diretamente para serviço na linha de frente do leste. Seu pai também foi preso, mas não teve a mesma sorte, sendo executado na prisão em abril de 1945.

Contrariando as expectativas, Kleist sobreviveu à guerra. Com sua terra natal da Pomerânia entregue aos poloneses, viu-se desabrigado e mudou-se para Munique. Lá, abriu sua própria editora, a Ewald-von-Kleist-Verlag, e em 1962 fundou a Conferência de Segurança de Munique, um evento anual de discussão de temas de segurança global que se tornou importante ferramenta de colaboração internacional contra o Bloco Soviético durante a Guerra Fria.

Aposentando-se em 1998, Kleist teve uma carreira bem-sucedida e tornou-se figura conhecida nos círculos de defesa na Europa e nos Estados Unidos. "Quanto mais velho fico, mais me surpreendo como sobrevivi", lembrou-se. Desde a morte de Phillip von Boeselager em 2008, ele era o último dos conspiradores do grupo de Stauffenberg ainda vivo.

NOTA: Até onde apurei, este Ewald von Kleist não tem parentesco direto com o Generalfeldmarshall Ewald von Kleist (1881-1954), o único marechal-de-campo alemão a morrer em cativeiro soviético.

Kleist (esq) com o Ministro da Defesa da Alemanha, Franz Josef Jung. Munique, 8 de fevereiro de 2009.

Ewald von Kleist.

Gloster Meteor voltará aos céus na Inglaterra

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Setenta anos atrás, o primeiro caça a jato da Grã-Bretanha subia aos céus no auge da Segunda Guerra Mundial. Quase 4.000 Gloster Meteorsforam construídos e exportados para diversos países – incluindo o Brasil – durante uma época em que a Grã-Bretanha realmente controlava os céus.

Este mês, um dos últimos Meteors ainda em condições de voo – o mais velho jato britânico funcional no mundo – decolará sobre Cornwall para marcar a inauguração de um novo museu no aeroporto de Newquay, uma antiga base aérea da RAF.

O Gloster Meteor foi o primeiro caça a jato operacional dos Aliados, cujas missões começando em julho de 1944, com aeronaves do 616º Esquadrão.

Projetado por George Carter, o protótipo decolou em segredo na base aérea de Cranwell, Lincolnshire, em 5 de março de 1943.

Inicialmente, os Meteors foram alocados na base de Culmhead, Somerset, mas foram rapidamente transferidos para Manston, Kent, para ficarem mais próximos da ação sobre a Europa ocupada – prontos para interceptar a temida Luftwaffe.

Os jatos rapidamente entraram em combate contra as bombas voadoras V-1, projéteis com um motor pulso-jato que foram os antepassados dos atuais mísseis de cruzeiro. Eram disparados do continente para chocar-se contra alvos no sudeste da Inglaterra. Com uma velocidade máxima de 650 km/h, os Meteors alcançaram suas primeiras vitórias contra as V-1 em agosto de 1944.

Pilotos acostumados com aeronaves com motor a pistão tinham que se adaptar rapidamenteàs características de seus novos jatos. Muitos estranhavam a falta de uma hélice girando na frente deles, como nos Spitfires e Hurricanes que tanto voaram. Também se impressionavam com a quietude dos motores – pelo menos de dentro da cabine, visto que do lado de fora o ruído era ensurdecedor.

No fim da guerra, 16 esquadrões da RAF estavam equipados com o Meteor F3, e pouco depois decolou a versão F4, que atingia 920 km/h. Em 1951, 20 esquadrões britânicos voavam o modelo, que se tornou um dos mais amados do inventário.

Hoje, somente um punhado de Meteors permanece em condições de voo. Um deles é utilizado como aeronave de testes pela empresa inglesa Martin Baker, que fabrica assentos ejetores para forças aéreas do mundo todo. Outro voa na Austrália. E há dois deles sob cuidados da Classic Air Force, no museu de Newquay.

O museu tem uma versão treinadora T.7 e um raríssimo caça noturno NF.11– que será a aeronave a decolar, no próximo dia 29 de março.

Tim Skeet, diretor da Classic Air Force, explicou que passou todo o ano de 2012 arrecadando fundos para manter seus Meteors em operação. “Manter os Meteors e outros sobreviventes daquela era voando é nosso principal objetivo. É vital que estas aeronaves não se percam e possam ser fonte de inspiração para gerações futuras de pilotos e engenheiros. Elas são realmente o último elo com uma era em que a Grã-Bretanha dominava os céus”.

Fonte: Daily Mail, 5 de março de 2013.

Nota de Falecimento: Walther Gerhold

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Walther Gerhold
(08/06/1921 - 02/03/2013)

Faleceu no último dia 2 de março em Lünen, na Alemanha, de causas naturais aos 91 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro, Marine-Schreiber-Obergefreiter Walther Gerhold.

Nascido em Benolpe, na Renânia, Gerhold ingressou na Kriegsmarine em 16 de outubro de 1940, aos 19 anos de idade, após trabalhar num escritório. Enviado para treinamento em Wilhelmshaven, ele foi colocado em serviço ativo a partir de 30 de janeiro de 1941.

Gerhold foi designado para a tripulação do barco torpedeiro alemão T 111, da 3ª Flotilha de Barcos Rápidos, envolvendo-se em diversas escaramuças com embarcações e postos costeiros britânicos. Em junho de 1941, recebeu sua Cruz de Ferro de 2ª Classe. A partir de 5 de junho de 1942, foi transferido para o T 20. Servindo neste barco em 4 de setembro de 1943, ele foi seriamente ferido em ação, quebrando a clavícula e indo parar num hospital em Lübeck. Em dezembro, já recuperado, ele passou a servir na Inspetoria Educacional da Kriegsmarine em Heiligenhafen. Foi lá que, no começo de 1944, Gerhold foi avisado da criação das Pequenas Unidades de Ataque (Kleinekampfverbänden) da marinha, voluntariando-se prontamente.

Essas novas unidades seriam treinadas no uso de um novo mini-submarino alemão, o Neger. Este veículo de um tripulante levava consigo um torpedo G7e, com o qual deveria destruir embarcações após penetrar em áreas defendidas por forças navais inimigas. O rápido e intenso treinamento pelo qual Gerhold passou foi reflexo da urgência que a situação em 1944 exigia dos alemães. A novíssima unidade, designada K-Flotille 361, foi rapidamente enviada para a Itália, onde realizou um ataque ao porto de Nettuno na noite de 20 para 21 de abril. Naquela noite, 30 Negers foram lançados ao mar, mas 13 acabaram afundando assim que atingiram a água. Os 17 restantes rumaram em direção à esquadra Aliada ancorada no porto, e Gerhold atacou um petroleiro, embora sem sucesso. Dos 30 Negers lançados, pouquíssimos conseguiram retornar, sendo Gerhold um deles. Por esta ação, ele ganhou a Cruz de Ferro de 1ª Classe em 5 de maio.

A próxima ação de Gerhold se deu na costa da Normandia, após a invasão Aliada de 6 de junho. Na noite de 5 para 6 de junho, 25 Negers foram lançados contra a frota naval inimiga na costa de Trouville. Em meio à escuridão, Gerhold conduziu seu lento veículo pelas águas, até se aproximar de uma poderosa formação de escolta de seis destroieres britânicos. Percebendo que deveriam estar guardando uma belonave importante, ele cuidadosamente navegou entre os calados inimigos, passando desapercebido pelos ingleses. Provando correta sua intuição, Gerhold avistou, no meio do cinturão de proteção, o cruzador HMS Dragon, recentemente transferido para a Marinha Polonesa. A 800 metros do alvo, ele manobrou seu Neger para colocá-lo em posição de ataque, e disparou o torpedo contra o Dragonàs 5:40h da madrugada: "Mirei com precisão. A confirmação não demorou a chegar. Enquanto me virava, escutei uma forte explosão, seguida alguns segundos depois por outra. O torpedo havia atingido o navio e incendiado sua munição! Na escuridão o cruzador ardia, e nuvens brilhantes saíam de sua caldeira em chamas". Após o ataque, as escoltas britânicas iniciaram uma barragem de fogo por todas as direções, na esperança de encontrar e destruir o inimigo. Contudo, Gerhold conseguiu escapar, chegando à praia de Honfleur na manhã do dia 6. O ataque contra o Dragon vitimou 26 marinheiros, e o navio, semi-afundado, foi abandonado devido à extensão dos danos.

Naquele mesmo dia - 6 de julho de 1944 - Walther Gerhold tornou-se o primeiro e único soldado da Kriegsmarine a ser condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro, por seu ousado ataque ao cruzador Dragon. Ele foi condecorado pelo Konteradmiral Hellmuth Heye, em Lübeck, no dia 14 de julho.

Depois disso, Gerhold foi transferido para a Noruega, onde integrou o estado-maior do Admiral Otto von Schrader, comandante naval da costa oeste norueguesa. Feito prisioneiro pelos Aliados ao fim da guerra, ele foi rapidamente libertado em 30 de setembro de 1945.

Após a guerra, ele entrou para a polícia e chegou a comissário-chefe em Lüdinghausen. Gerhold passou seus últimos anos com saúde muito fragilizada. Ele deixa esposa, dois filhos e três netos.

Meus agradecimentos ao amigo Richard Schmidt pela dica!

Walther Gerhold a bordo de seu mini-submarino Neger.

Gerhold é condecorado com a Cruz do Cavaleiro pelo Konteradmiral Hellmuth Heye (dir). Lübeck, 14 de julho de 1944.

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