Faleceu no último dia 24 de março em Bucareste, na Romênia, de causas naturais aos 100 anos de idade, a última das aviadoras da Esquadrilha Branca, Coronel Mariana Aurelia Dragescu.
Nascida em Bucareste, Mariana terminou seus estudos e ingressou no serviço militar, sendo treinada como como uma das guardas reais no 4º Regimento "Rosiori", unidade de cavalaria pessoal da Rainha Maria. Ela aprendeu a cavalgar sem sela durante seu treinamento nos Estábulos Reais, recebendo constantes visitas da monarca. Em 1935, aos 23 anos de idade, foi secretamente matriculada na escola de voo de Baneasa onde, juntamente com outras colegas, foi treinada pelo famoso piloto Capitão Constantin Abelas. Dragescu foi a sétima mulher romena a conseguir o brevê de piloto.
Em 1937 foi contratada pelo Aeroclube Real, num período em que pôde conhecer diversas personalidades da aviação internacional, como o francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de "O Pequeno Príncipe". Em 1940 passou a trabalhar para os ministérios do transporte, da marinha e da aeronáutica, sempre na função de piloto.
Em 1939, logo após a invasão alemã da Polônia, um grupo de 28 aeronaves RWD-13 polonesas buscou refúgio na Romênia, sendo lá internadas. Imediatamente integradas ao inventário da Real Força Aérea da Romênia, as aeronaves passaram a ser usadas como ambulâncias aéreas. A Princesa Marina Stirbey, também uma aviadora, propôs ao Ministério do Ar a criação de uma esquadrilha de saúde composta somente por mulheres, o que foi rapidamente aprovado. O nome "Esquadrilha Branca" ("Escadrila Alba") foi escolhido justamente pela pintura branca dos RWD-13, que ostentavam somente a cruz vermelha.
Quando a Romênia juntou-se à Alemanha na Operação Barbarossa, a Esquadrilha Branca foi enviada à linha de frente para acompanhar o avanço do 3º e 4º Exércitos Romenos pelo sul da União Soviética. Mariana iniciou o perigoso serviço de voar até o front numa aeronave desarmada e resgatar soldados romenos feridos. Nesta perigosa missão, ela acompanhou a vitória romena na conquista de Odessa em outubro de 1941, seguindo o avanço em 1942 até as planícies de Kuban. Certo dia durante este período, enquanto transportava três soldados feridos, Mariana viu o motor de seu RWD-13 parar em pleno voo. Ela fez um pouso forçado num campo, pegou algumas ferramentas e tentou consertar o problema. Sem forças para iniciar o motor sozinha, Mariana temia pelo cair da noite, pois poderiam ser atacados por partisans na área. Foi então que surgiram dois soldados romenos num veículo, surpresos por encontrar uma mulher romena no meio das vastidões russas. Eles a ajudaram a iniciar o motor e Mariana pôde retornar à retaguarda.
Em agosto de 1942 a Esquadrilha Branca foi renomeada 108ª Esquadrilha de Transporte Leve, visto que as aeronaves foram repintadas com camuflagem militar - já que os soviéticos não respeitavam aeronaves de saúde pintadas de branco. Nesta fase Mariana foi enviada para o aeródromo de Kotelnikovo, dentro do centro da ação em Stalingrado. Após o cerco soviético das forças do Eixo no local, a esquadrilha foi transferida para Plodovitoje, e acompanhou o recuo das forças romenas até o território nacional em 1944. Após o tratado de paz com a União Soviética, ela mais uma vez acompanhou as forças romenas, desta vez engajando húngaros e alemães, ao lado do Exército Vermelho - terminando a guerra em Viena.
Em agosto de 1942 a Esquadrilha Branca foi renomeada 108ª Esquadrilha de Transporte Leve, visto que as aeronaves foram repintadas com camuflagem militar - já que os soviéticos não respeitavam aeronaves de saúde pintadas de branco. Nesta fase Mariana foi enviada para o aeródromo de Kotelnikovo, dentro do centro da ação em Stalingrado. Após o cerco soviético das forças do Eixo no local, a esquadrilha foi transferida para Plodovitoje, e acompanhou o recuo das forças romenas até o território nacional em 1944. Após o tratado de paz com a União Soviética, ela mais uma vez acompanhou as forças romenas, desta vez engajando húngaros e alemães, ao lado do Exército Vermelho - terminando a guerra em Viena.
Mostrando inquebrantável coragem, Mariana Dragescu havia voado centenas de missões durante a guerra, evacuando mais de 1.500 soldados romenos feridos para os hospitais na retaguarda.
Após a guerra, ela tornou-se instrutora de voo na escola de aviação de Ghimbav, mas em 1948 foi demitida pelo governo comunista por ser filha de um oficial do exército leal à monarquia. Após passar muito tempo desempregada e perseguida pelo estado comunista romeno, o único emprego que encontrou foi o de datilógrafa numa clínica médica, onde trabalhou até aposentar-se em 1967.
Permanecendo na obscuridade e pobreza até a queda do comunismo em 1989, Mariana passou a receber uma pensão de tenente na década de 1990. Recentemente, o governo da Romênia promoveu-a a Coronel da Reserva, como reconhecimento por seus feitos durante a Segunda Guerra Mundial. Ela recebeu uma grande homenagem por seu centenário em 7 de setembro de 2012, e manteve boa saúde até seus últimos dias.
A Sala de Guerra presta homenagem a esta desbravadora e corajosa mulher e aviadora. Última remanescente da primeira unidade militar aérea feminina da história, e com uma folha de serviços impecável, Mariana Dragescu merece todas as honras.
Descanse em paz!
Meus agradecimentos ao amigo Claudiu Stumer pela dica!
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Dragescu na cabine de pilotagem. |
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Retocando a maquiagem ao lado de seu RWD-13. |
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Coronel Mariana Dragescu no dia do seu 100º aniversário. Bucareste, 7 de setembro de 2012. |