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Nota de Falecimento: Mariana Dragescu

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Mariana Dragescu
(07/09/1912 - 24/03/2013)

Faleceu no último dia 24 de março em Bucareste, na Romênia, de causas naturais aos 100 anos de idade, a última das aviadoras da Esquadrilha Branca, Coronel Mariana Aurelia Dragescu.

Nascida em Bucareste, Mariana terminou seus estudos e ingressou no serviço militar, sendo treinada como como uma das guardas reais no 4º Regimento "Rosiori", unidade de cavalaria pessoal da Rainha Maria. Ela aprendeu a cavalgar sem sela durante seu treinamento nos Estábulos Reais, recebendo constantes visitas da monarca. Em 1935, aos 23 anos de idade, foi secretamente matriculada na escola de voo de Baneasa onde, juntamente com outras colegas, foi treinada pelo famoso piloto Capitão Constantin Abelas. Dragescu foi a sétima mulher romena a conseguir o brevê de piloto.

Em 1937 foi contratada pelo Aeroclube Real, num período em que pôde conhecer diversas personalidades da aviação internacional, como o francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de "O Pequeno Príncipe". Em 1940 passou a trabalhar para os ministérios do transporte, da marinha e da aeronáutica, sempre na função de piloto.

Em 1939, logo após a invasão alemã da Polônia, um grupo de 28 aeronaves RWD-13 polonesas buscou refúgio na Romênia, sendo lá internadas. Imediatamente integradas ao inventário da Real Força Aérea da Romênia, as aeronaves passaram a ser usadas como ambulâncias aéreas. A Princesa Marina Stirbey, também uma aviadora, propôs ao Ministério do Ar a criação de uma esquadrilha de saúde composta somente por mulheres, o que foi rapidamente aprovado. O nome "Esquadrilha Branca" ("Escadrila Alba") foi escolhido justamente pela pintura branca dos RWD-13, que ostentavam somente a cruz vermelha.

Quando a Romênia juntou-se à Alemanha na Operação Barbarossa, a Esquadrilha Branca foi enviada à linha de frente para acompanhar o avanço do 3º e 4º Exércitos Romenos pelo sul da União Soviética. Mariana iniciou o perigoso serviço de voar até o front numa aeronave desarmada e resgatar soldados romenos feridos. Nesta perigosa missão, ela acompanhou a vitória romena na conquista de Odessa em outubro de 1941, seguindo o avanço em 1942 até as planícies de Kuban. Certo dia durante este período, enquanto transportava três soldados feridos, Mariana viu o motor de seu RWD-13 parar em pleno voo. Ela fez um pouso forçado num campo, pegou algumas ferramentas e tentou consertar o problema. Sem forças para iniciar o motor sozinha, Mariana temia pelo cair da noite, pois poderiam ser atacados por partisans na área. Foi então que surgiram dois soldados romenos num veículo, surpresos por encontrar uma mulher romena no meio das vastidões russas. Eles a ajudaram a iniciar o motor e Mariana pôde retornar à retaguarda.

Em agosto de 1942 a Esquadrilha Branca foi renomeada 108ª Esquadrilha de Transporte Leve, visto que as aeronaves foram repintadas com camuflagem militar - já que os soviéticos não respeitavam aeronaves de saúde pintadas de branco. Nesta fase Mariana foi enviada para o aeródromo de Kotelnikovo, dentro do centro da ação em Stalingrado. Após o cerco soviético das forças do Eixo no local, a esquadrilha foi transferida para Plodovitoje, e acompanhou o recuo das forças romenas até o território nacional em 1944. Após o tratado de paz com a União Soviética, ela mais uma vez acompanhou as forças romenas, desta vez engajando húngaros e alemães, ao lado do Exército Vermelho - terminando a guerra em Viena.

Mostrando inquebrantável coragem, Mariana Dragescu havia voado centenas de missões durante a guerra, evacuando mais de 1.500 soldados romenos feridos para os hospitais na retaguarda.

Após a guerra, ela tornou-se instrutora de voo na escola de aviação de Ghimbav, mas em 1948 foi demitida pelo governo comunista por ser filha de um oficial do exército leal à monarquia. Após passar muito tempo desempregada e perseguida pelo estado comunista romeno, o único emprego que encontrou foi o de datilógrafa numa clínica médica, onde trabalhou até aposentar-se em 1967.

Permanecendo na obscuridade e pobreza até a queda do comunismo em 1989, Mariana passou a receber uma pensão de tenente na década de 1990. Recentemente, o governo da Romênia promoveu-a a Coronel da Reserva, como reconhecimento por seus feitos durante a Segunda Guerra Mundial. Ela recebeu uma grande homenagem por seu centenário em 7 de setembro de 2012, e manteve boa saúde até seus últimos dias.

A Sala de Guerra presta homenagem a esta desbravadora e corajosa mulher e aviadora. Última remanescente da primeira unidade militar aérea feminina da história, e com uma folha de serviços impecável, Mariana Dragescu merece todas as honras.

Descanse em paz!

Meus agradecimentos ao amigo Claudiu Stumer pela dica!

Dragescu na cabine de pilotagem.

Retocando a maquiagem ao lado de seu RWD-13.

Coronel Mariana Dragescu no dia do seu 100º aniversário. Bucareste, 7 de setembro de 2012.

Fotografias do último bunker de Mussolini são reveladas

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Fotografias do último bunker de Benito Mussolini, construído para protegê-lo de bombardeios da RAF, foram liberadas pela primeira vez.

O recinto de concreto reforçado, construído 20 metros abaixo do Palazzo Venezia, antigo quartel-gerenal do Duce em Roma, era tão secreto que só foi descoberto em 2011. Historiadores acreditam que Mussolini construiu o bunker para si e sua amante Claretta Petacci.

O bunker de nove cômodos foi construído de forma que pudesse ser rapidamente acessado em caso de ataque. Deverá ser aberto ao público pela primeira vez, dois anos após ser descoberto sob o prédio, que hoje é um museu.

Engenheiros encontraram a estrutura quando trombaram com uma escotilha de aço, enquanto faziam reparos estruturais nas fundações do quartel-general.

O bunker de 80 m² pode ser acessado por um conjunto de escadas de tijolos, que levam aos compartimentos subterrâneos. O arquiteto Carlo Serafinidisse: “Quando vimos o concreto reforçado, ficou claro. Era o 12º bunker de Roma – o último bunker de Benito Mussolini”.

Só poderia ter sido construído para Mussolini e para outra pessoa, provavelmente sua amante, Claretta Petacci. A estrutura ainda é sólida e provavelmente teria resistido a um bombardeio, embora dependesse da intensidade do mesmo. Era certamente bem escondido”.

Mussolini ordenou a construção em 1942 porque suspeitava que a RAF planejava um ataque contra seu quartel-general. Embora nunca tenha se abrigado lá, o Duce descia com frequência para inspecionar os trabalhos.

O abrigo está no mesmo local que as ruínas de uma antiga torre romana, que ainda pode ser vista. As condições do bunker, que tem paredes em concreto bruto, mostram que nunca foi plenamente terminado.

Há buracos nas paredes, projetados para o sistema elétrico e de esgoto, e o piso não foi instalado. Haveria duas rotas de escape – uma diretamente para os jardins da adjacente igreja de São Marcos, e outra para um bunker adjacente sob o monumento ao Rei Vittorio Emanuele III.

Durante seus últimos meses no poder, o líder fascista corretamente previu que sua vida estava em perigo. Em 1943 o comando da RAF pediu permissão a Winston Churchill para eliminar o Duce. O plano era bombardear simultaneamente seu quartel-general e sua residência oficial na Villa Torlonia.

Contudo, membros do governo tinham sérias dúvidas sobre as chances de sucesso do plano, e temiam danos colaterais na cidade e morte de civis.

Mussolini foi presido por ordem do Rei em julho de 1943 após a invasão Aliada da Sicília. Ele foi resgatado pelos alemães mas capturado novamente em 1945 e executado por partisans italianos.

Fonte: Daily Mail, 25 de março de 2013.


Cabo Geraldo Santana: 90 anos do seu nascimento

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Hoje completaria 90 anos de idade o único filho de Montes Claros a morrer em combate na Segunda Guerra Mundial.

Geraldo Martins Santana, filho de Antônio Martins de Santana Primo e Josefina Cândida Santana, nasceu em Montes Claros – MG, em 29 de março de 1923. Estudou na Escola Normal Oficial e era estimado pelos colegas, tido como bom estudante. Sem meios de prosseguir nos estudos e com grande desejo de servir à pátria, aos 17 anos de idade seguiu para Belo Horizonte, onde, em 5 de janeiro de 1941, conseguiu ser integrado à 2ª Companhia do 10º Regimento de Infantaria.

Promovido a Cabo em 14 de setembro de 1942, Geraldo foi transferido para a Companhia de Metralhadoras do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, em São João Del Rei – MG, quando esta unidade foi incorporada à Força Expedicionária Brasileiraem fins de 1943.

Transferido para a Vila Militar no Rio de Janeiro com o 11º RI no começo de 1944, Geraldo passou por todo o treinamento conjunto com o 1º RI e 6º RI. No dia 22 de junho foi transferido para o 6º Regimento de Infantaria– unidade que, secretamente, já havia sido escolhida para embarcar no 1º Escalão rumo à Itália.

Desta forma, Geraldo Santana embarcou no navio USS General Mann em 30 de junho de 1944, zarpando para o Teatro de Operações dois dias depois. Chegando à Nápoles em 16 de julho, o 1º Escalão foi acampado e recebeu os novos equipamentos e vestimentas do Exército Americano, recebendo novo período de treinamento em zona de combate.

Alocado na 5ª Companhia (Cap. Manoel Inácio de Souza Jr.) do II Batalhão do 6º RI, Geraldo Santana entrou em ação no dia 15 de setembro de 1944, quando o Destacamento FEB, comandado pelo General Zenóbio da Costa, substituiu tropas americanas na linha de frente das planícies litorâneas do Vale do Serchio.

No dia 18, os brasileiros libertaram sua primeira cidade, Camaiore, sendo recebidos com festa pela população local. Em 26, atingiram Monte Prano, para em seguida iniciar uma intensa sequência de conquistas durante todo o mês de outubro, chegando às proximidades de Castelnuovo no dia 30.

Os brasileiros foram então transferidos para o setor do Vale do Reno na noite de 1 para 2 de novembro. Inicialmente ocupando a Torre di Nerone, a 5ª Companhia deslocou-se dias depois para a região de Marano sul Panaro, e foi lá, na jornada do dia 9 de novembro de 1944, que o Cabo Geraldo Martins Santana foi morto em ação com um tiro de fuzil alemão. Ele tinha 21 anos de idade.

Sua família, assim como as de todos os soldados do 1º Escalão, não souberam da partida de seus entes queridos para a guerra na Itália. Não houve aviso prévio para os soldados, e os mesmos não puderam enviar cartas antes da partida. Somente meses depois é que receberam correspondências do Ministério da Guerra avisando do embarque do 1º Escalão.

O corpo de Geraldo foi enterrado no cemitério americano em Vada, e alguns meses depois chegou a correspondência do General Mascarenhas de Morais avisando a família da lamentável morte do jovem montesclarense.

Ao fim da guerra em 1945, seu corpo foi trasladado para o novo Cemitério Militar Brasileiro em Pistoia, na Quadra C, Fileira 10 – Sepultura 117.

Geraldo Santana recebeu a Medalha de Campanha da FEB, Medalha Sangue do Brasil e a Cruz de Combate de 2ª Classe.

Em 1959, seus restos mortais, juntamente com todos os outros mortos da FEB na Itália, foram transportados para o Rio de Janeiro, e seu pai recebeu correspondência da Comissão de Repatriamento de Restos Mortais, questionando se a família gostaria de receber os restos de Geraldo, ou sepultá-lo no Monumento Nacional aos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Ponderando que no Monumento seu filho estaria sempre guardado e em lugar de honra, o Sr. Antônio Santana optou pela segunda opção.

Neste dia 29 de março de 2013, meu conterrâneo Geraldo Santana completaria 90 anos de idade. Hoje, apenas uma pequena rua no centro de Montes Claros leva seu nome, e a cidade nada sabe sobre este filho que deu sua vida em combate, defendendo a nação brasileira no estrangeiro.

Mas que fique marcado este dia, pois a Sala de Guerra não se esqueceu, e a memória deste bravo e jovem soldado permanecerá viva enquanto durarmos.

Nota de Falecimento: José Meira de Vasconcelos

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José Meira de Vasconcelos
(27/09/1922 - 30/03/2013)

Faleceu no último dia 30 de março no Rio de Janeiro, de causas naturais aos 90 anos de idade, o veterano piloto do 1º Grupo de Caça, Major-Brigadeiro do Ar José Rebelo Meira de Vasconcelos.

Nascido no Rio de Janeiro, Meira terminou seus estudos e ingressou na Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos em 1941, aos 19 anos de idade. Quando graduou-se e foi declarado Aspirante em 1943, o Brasil já estava em guerra contra as potências do Eixo. Meira então seguiu para servir no Nordeste, região brasileira mais envolvida nas operações de guerra, mas em dezembro daquele ano ficou sabendo da criação do 1º Grupo de Aviação de Caça - unidade que deveria seguir para combate na Europa, e que seria inteiramente composta por voluntários.

Imediatamente colocando-se à disposição do Tenente-Coronel Nero Moura, comandante da unidade, o 2º Tenente Meira foi integrado ao 1º GAvCa "Senta a Pua" e seguiu para Aguadulce, no Panamá, em março de 1944. Como um dos mais jovens pilotos daquele grupo, Meira rapidamente dominou os comandos Curtiss P-40 Warhawk durante esse período de treinamento e adaptação à escola americana de caça. Em junho, o grupo foi para os Estados Unidos, sendo designados para a Base Aérea de Suffolk, onde finalmente tiveram seu primeiro contato com Republic P-47 Thunderbolt, vetor que voariam em combate. O embarque para a Itália deu-se em setembro, e no começo de outubro estavam instalados na Base Aérea de Tarquinia.

Meira voou sua primeira missão em 11 de novembro de 1944, como nº 4 da esquadrilha liderada pelo Capitão Oswaldo Pamplona, e realizou uma varredura de alvos na região de Bergamo e Verona. Gradualmente ganhando experiência e a confiança de seus superiores, Meira mostrou-se um hábil piloto de caça, destruindo alvos com precisão e liderando elementos de voo com destreza. Enquanto mais e mais colegas eram mortos ou tornavam-se prisioneiros dos alemães, o número de missões cada piloto brasileiro crescia, visto que do Brasil não vinham recompletamentos em número adequado, e dependia deles manter a quota de missões do grupo em dia.

No começo de abril de 1945, o Senta a Pua decidiu tomar parte na Ofensiva da Primavera, a operação Aliada para bloquear as vias de escape dos alemães na Itália e destruir suas forças. O esforço do grupo de caça brasileiro culminou no dia 22 de abril, ocasião em que Meira assumiu o comando de uma esquadrilha pela primeira vez. Decolando às 15:45h com Tormin, Keller e Coelho, a esquadrilha localizou nas proximidades de Modena uma coluna de 21 veículos blindados alemães cruzando o leito seco de um rio, completamente expostos. Percebendo a oportunidade, Meira imediatamente ordenou o ataque ao comboio inimigo, e nos minutos seguintes os quatro Thunderbolts brasileiros dizimaram o grupamento, com destruição completa.

Dois dias depois, Meira testemunhou seu ala, 2º Tenente Luiz Felipe Perdigão, atacar uma composição ferroviária em Verona, que revelou-se estar lotada de explosivos alemães. A gigantesca explosão resultante foi vista por todo o Vale do Pó, com fumaça chegando a 3.000 metros de altura. Meira guiou Perdigão de volta à Pisa, visto que seu P-47 havia sido danificado durante a detonação.

Em 2 de maio, Meira voou a última missão operacional do Senta a Pua na Segunda Guerra Mundial, fazendo um reconhecimento meteorológico do Passo do Brenner - foi sua 93ª missão de combate. A rendição das forças do Eixo no Teatro de Operações da Itália se deu naquele mesmo dia. Em 18 de junho, ele foi um dos 19 pilotos escolhidos por Nero Moura para ir aos EUA buscar 19 novos P-47s que haviam sido comprados pelo governo brasileiro e ainda não entregues. Este grupo chegou ao Rio de Janeiro em 16 de julho de 1945, apresentando-se para o Presidente Getúlio Vargas.

Após a guerra, Meira tornou-se instrutor de caça na Base Aérea de Santa Cruz, e depois assumiu o comando da Escola de Bombardeio Médio. Com a eleição de Vargas em 1951, Nero Moura foi feito Ministro da Aeronáutica, e o antigo comandante chamou Meira para ser seu Ajudante de Ordens. Nos anos seguintes, ocupou diversos postos de comando na FAB no Brasil e no exterior, chegando a Chefe de Planejamento do Estado-Maior da FAB antes de aposentar-se em outubro de 1966, na patente de Major-Brigadeiro do Ar. 

Meira ainda trabalhou por muitos anos no setor privado, gerenciando diversas empresas do setor de construção civil, financeiro e aviação comercial. Durante sua carreira, somou mais de 6.000 horas de voo - a maioria em aeronaves de caça e transporte.

Conhecido pelos amigos como "Meirinha" ou "Garoto", ele era frequente palestrante e participante dos eventos da FAB e do Senta a Pua, sendo bastante querido por todos. Sua morte deixa somente três pilotos do 1º GAvCa na Segunda Guerra ainda vivos: Brigadeiro Rui Moreira Lima, Brigadeiro José Carlos de Miranda Corrêa e o Major John William Buyers.

Tive o privilégio de conhecer Meirinha em pessoa, durante os encontros do Dia Nacional da Aviação de Caça, em abril, no Rio de Janeiro. Como dito por todos, ele era uma pessoa extremamente afável, disposto a conversar sempre, e principalmente, bem-humorado. Ainda o "Garoto" até seus últimos dias, Meirinha estava sempre ao lado do Brigadeiro Rui, o patriarca do Senta a Pua. Esperávamos em mente que, por ser mais jovem, seria ele a um dia substituir o Brigadeiro Rui nessa missão, mas isso o destino não permitiu.

Descanse em paz Meirinha, você fará muita falta!

Suffolk, EUA, setembro de 1944. Prontos para o embarque para a Itália (esq p/ dir): Goulart, Fortunato, Lima Mendes, Coelho, Meira e Neiva.

Tenente Meira na cabine do P-47.

Meira é condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico pelo Brigadeiro Juniti Saito, comandante da FAB. Brasília, 22 de outubro de 2010.

Última foto com o Brigadeiro Meira, no salão do Graf Zeppelin na Base Aérea de Santa Cruz, 22 de abril de 2012: eu, Celso Menezes (roteirista da HQ Jambocks), Meirinha, Eduardo Seyfert.

Homem quer levar Zero de volta aos céus do Japão

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Um neozelandês de origem japonesa disse que está conduzindo um projeto para levar um caça Mitsubishi Zero da Segunda Guerra Mundial aos céus de sua terra natal, onde foi originalmente construído.

Masahide Ishizuka comprou de um colecionador americano um A6M Zero em condições de voo em 2009, pela bagatela de 3,72 milhões de dólares.

O avião é um dos somente quatro caças Zero capazes de voar no mundo todo, e todos eles estão nos Estados Unidos. Cerca de 10.000 Mitsubishi A6M Zero foram produzidos no Japão durante a Segunda Guerra.

Ishizuka planeja transferir o registro da aeronave para o Japão, mas não há garantias de que o caça voará quando estiver por lá.

A agência japonesa de aviação requer que as aeronaves aptas ao voo no país estejam estruturalmente impecáveis e capazes de atender aosregulamentos de segurança do século XXI. Os pilotos devem ter conhecimento e habilidades suficientes para pilotar a aeronave.

Ishizuka, de 52 anos, encontrou um instrutor de voo japonês, de 40 anos de idade, qualificado para pilotar seu caça Zero de 70 anos de idade nos Estados Unidos. Mesmo assim, os custos de manutenção serão altíssimos – calculados hoje em 318 mil dólares por ano.

Ele espera cobrir parte desse custo com exibições da aeronave em shows aéreos, mas também está procurando patrocinadores.

Fonte: UPI, 29 de março de 2013.

Nota de Falecimento: Paul Brasack

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Paul Brasack
(09/05/1916 - 11/03/2013)

Faleceu no último dia 11 de março em Bad Pyrmont, Alemanha, de causas naturais aos 96 anos de idade, o ganhador da Cruz do Cavaleiro Kapitän zur See Paul Brasack.

Nascido em Stettin, na costa do Mar Báltico, Brasack terminou seus estudos e ingressou na Academia Naval da Kriegsmarine como cadete em 1 de maio de 1937, recebendo treinamento básico em Stralsund. Em outubro, embarcou no couraçado KMS Schlesienpara treinamento no mar, sendo comissionado Leutnant zur See em agosto de 1939.

No dia 1 de setembro de 1939 - data da invasão alemã da Polônia - Brasack foi enviado para a escola de voo de Paarow, onde foi treinado como observador aéreo de aeronaves de patrulha marítima. Enviado para um esquadrão costeiro, Brasack iniciou uma série de voos de patrulha no Báltico e Mar do Norte contra a navegação Aliada. Em julho de 1940 ele foi transferido para I Gruppe do KG 28, ganhando as duas classes da Cruz de Ferro por seus serviços. Em outubro de 1941, Brasack foi feito instrutor de observação aérea do KG 3 "General Wever", mas sua carreira a bordo de aeronaves estava perto do fim.

Em março de 1942 ele foi transferido para a 2ª Divisão de Adestramento de Submarinos, sendo feito oficial de observação do U-590 em outubro daquele ano. Alguns meses depois, contudo, Brasack foi aceito no Curso de Formação de Comandantes, e em outubro de 1943 finalmente recebeu o comando de seu próprio submarino, o U-737, da 13ª Flotilha. Operando em águas do Ártico, Brasack recebeu na madrugada de 25 de janeiro de 1944 um relatório de avistamento do comboio JW 56A, que havia partido da Escócia para a União Soviética com quinze cargueiros e escolta. Com a notificação, veio a ordem do OKM colocando-o no comando de uma "alcateia" de sete U-Boots que atacaria os navios inimigos. À noite naquele mesmo dia, Brasack se aproximou-se das escoltas, disparando um torpedo contra o destroier HMS Milne. O ataque atraiu a atenção deste e outro destroier, deixando os cargueiros sem proteção. Aproveitando a deixa, os submarinos alemães afundaram os cargueiros americanos Penelope Barker, Andrew G Curtin, e Fort Bellingham. A ação de Brasack, ao atrair para si a atenção das escoltas, permitiu o ataque aos cargueiros, infligindo 20% de perdas ao comboio JW 56A.

Após mais sete patrulhas do Ártico, Brasack foi condecorado com a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 30 de outubro de 1944 por seus feitos na liderança de grupos de submarinos em ações ofensivas. Em dezembro daquele ano, ele foi transferido para o setor de treinamento da25ª Flotilha, tornando-se instrutor-chefe de mira. Em maio de 1945 ele se rendeu aos ingleses, sendo libertado em 15 de agosto de 1947.

Em 1957, Paul Brasack voltou à nova Bundesmarine, servindo inicialmente no estado-maior do comando do Báltico. Em novembro de 1962 ele assumiu o comando do destroier Z-2, e em setembro de 1968 foi nomeado adido naval na Embaixada Alemã em Washington DC, permanecendo nesse posto até 1972, quando assumiu o 10º Comando Regional Militar em Hamburgo. No dia 30 de setembro de 1974, Paul Brasack passou para a reserva na patente de Kapitän sur Zee.

Com seu falecimento, restam somente três comandantes alemães de submarino condecorados com a Cruz do Cavaleiro ainda vivos: Reinhard Hardegen, Hans-Günther Lange e Alfred Eick.

Meus agradecimentos aos amigos Philippe Bastin e Andreas Meiss pela dica.

Kapitänleutnant Paul Brasack no dia de sua condecoração com a Cruz do Cavaleiro.

Nota de Falecimento: João Lansillote

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João Lansillote
(08/04/1922 - 05/04/2013)

Faleceu no último dia 5 de abril no Rio de Janeiro-RJ, de complicações cirúrgicas aos 90 anos de idade, o veterano da FEB Soldado João Lansillote.

Nascido no Rio de Janeiro, Lansillote foi convocado para o serviço militar, sendo treinado na condução de viaturas pesadas e integrado à Companhia de Intendência do 1º Regimento de Infantaria em 18 de janeiro de 1944. Participando dos treinamentos na Vila Militar juntamente com o restante do contingente da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária no primeiro semestre, Lansillote embarcou para a Itália com o 2º Escalão em 22 de setembro de 1944.

Chegando à Itália foi designado para o 2º Pelotão de Viaturas, que acabara de receber seus caminhões GMC CCKW de 2,5 toneladas. Com estes veículos, Lansillote deveria abastecer o 1º RI com todo o tipo de suprimento, evacuar feridos e fazer transporte de tropas. No dia 28 de novembro ele recebeu uma menção elogiosa do comandante do pelotão, 2º Tenente Claudio Mendes da Silva, que disse que Lansillote "tudo fez para cumprir a contento a missão que lhe foi dada, atento ao trato da viatura que lhe foi distribuída, proporcionando-lhe o máximo de assistência, o que é confirmado pelo estado de funcionamento e conservação com que a mesma se apresentou nas missões de transporte de tropas".

Durante a preparação e o ataque a Monte Castelo pelo 1º RI em fevereiro de 1945, Lansillote enfrentou um período de intensa atividade, em meio à neve e nevoeiro nas estreitas e congestionadas estradas italianas, e sua presteza em sempre cumprir a missão acima de qualquer dificuldade o colocou como um dos mais competentes motoristas do regimento.

Durante o período de perseguição das forças do Eixo após a queda do último bastião de defesa nos Apeninos em Montese, mais do que nunca o funcionamento da divisão expedicionária dependeu fundamentalmente de seu setor de transporte. Lansillote percorreu as estradas do Vale do Pó nos dois sentidos diariamente levando suprimento e deslocando tropas, que finalmente conseguiram cercar a 148ª Divisão de Infantaria alemã em Collechio-Fornovo. O sucesso da operação deveu-se à rapidez de deslocamento, e o General Mascarenhas de Morais redigiu um elogio público ao setor de transportes da FEB.

O comandante da Companhia de Intendência elogiou-lhe pessoalmente, dizendo: "Desde o início do meu comando, ainda no Brasil, que venho observando a exemplar conduta do Soldado nº 66 – João Lansillote, do 2º Pelotão de Viaturas. Motorista de primeira classe, atencioso e dedicado ao serviço. Relevante tem sido sua participação no esforço de guerra. Em qualquer serviço para o qual foi destacado o Soldado Lansillote sempre se desincumbiu de seus místeres com a elevação moral e a nítida compreensão do dever. A sua viatura rodou milhares de milhas, sob as dificuldades próprias da guerra numa região acidentada, tendo sido notável a sua atividade como motorista no decurso das operações no Vale do Serchio e na campanha do Vale do Reno.  Congratulando-me com o seu comandante de pelotão, pela circunstância feliz de ter sob seu comando um comandando tão  valioso, cumpro também, nesta oportunidade, o grato dever de louvar o Soldado Lansillote, pelo o seu excepcional devotamento ao trabalho, disciplina consciente, excelente formação moral, pontualidade, dedicação e boa vontade".

Retornando ao Brasil no dia 11 de agosto de 1945 a bordo do navio de transporte Mariposa, Lansillote chegou ao Rio de Janeiro no dia 22. No dia 13 de outubro, como reconhecimento de seu destaque no cumprimento do dever durante as operações de guerra, ele foi condecorado pessoalmente pelo General Mascarenhas de Morais com a Medalha de Campanha da FEB.

João Lansillote era um dos mais queridos e ativos veteranos da FEB. De saúde inquebrantável, faleceu após complicações durante um procedimento cirúrgico de cateterismo.

Ano passado, no XXIV Encontro Nacional dos Veteranos da FEB, tive a felicidade de conhecer o Sr. João Lansillote e sua filha, Anne. Ambos pessoas de extrema simpatia, fizeram-se queridos por todos os amigos da ANVFEB do Brasil inteiro. Anne era muito próxima do pai, um relacionamento que pouco se vê (infelizmente) hoje em dia. Foi chocante receber a notícia do falecimento do Sr. João, a poucos dias de seu aniversário de 91 anos, e por uma circunstância tão repentina. Meus sentimentos à amiga Anne e a todos os amigos da ANVFEB que perderam este grande homem.

Descanse em paz Sr. Lansillote!

Meus agradecimentos ao amigo Marcos Renault pela notificação.

Soldado Lansillote na Itália.

Roberto Dinamite presenteia João Lansillote com uma camisa autografada do Vasco da Gama no dia de seu 90º aniversário. À direita, Anne Lansillote. Rio de Janeiro, abril de 2012.

Anselmo Alves (esq) e João Lansillote (dir) em Staffoli, na Itália, abril de 2012.

Ao lado de João Lansillote durante o XXIV Encontro Nacional dos Veteranos da FEB. Juiz de Fora-MG, novembro de 2012.

Histórias do Nestor - Situação pastosa no trem de Stalingrado

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Já era hora de voltar. Estava perambulando por Volgogrado há cerca de três dias. Tinha visitado o Museu Panorâmico da Batalha de Stalingrado, molhado as minhas mãos no Rio Volga, caminhado pelas ruas onde ainda existiam postes de ferro crivados de balas e estilhaços, visto a antiga loja Univermag e ali, o local onde Paulus tinha sido capturado.

Os restos do moinho de Stalingrado.

Postes furados por estilhaços e balas estão por toda parte.

Lá estavam também as ruínas do moinho, o Memorial do Soldado Panikhaha, a colina Mamayev Kurgan com a sua gigantesca estátua da Mãe Pátria, a Casa Pavlov, e ainda a estação ferroviária. Enfim, um mergulho inesquecível na história desta batalha decisiva da II Guerra Mundial. Entretanto ainda tinha mais um objetivo.

Rio Volga.

Museu Panorâmico da Batalha de Stalingrado.

Diorama no museu.

Memorial do Soldado Panikhaha.

Mãe Pátria no topo do Mamayev Kurgan.

Loja da Univermag.

Fui até o mercado das pulgas da cidade. Buscava um capacete de aço alemão tamanho grande. Não encontrei, mas vi um grupo de “garimpeiros do campo de batalha” e encomendei o que queria. O russo, esperto como um cigano,pediu 24 horas e no outro dia lá estava o meu capacete, um M40, tamanho grande. Desenterrado há não muito tempo, incrustado com a terra marrom e cheirosa do solo por onde tinha manobrado o 4º Exército Panzer e avançado o 62º Exército de Chuikov no final de 1942. Minha nossa, um verdadeiro tesouro!

Um capacete M40 desenterrado do campo de batalha. Um verdadeiro tesouro pra mim.

Ainda com a escura e cheirosa terra da Mãe Pátria encrustada no aço. Que história ele poderia nos contar.

Embarquei no meu trem na velha estação, local onde haviam acontecido combates terríveis durante a batalha, tendo a sua posse trocado de mãos por 15 vezes. Um trem velhusco, meio comunista, um tanto hollywoodiano, mas glamuroso. Era uma longa viagem de 20 horas até Moscou. Os camarotes sem portas e com bancos que se tornavam camas, comportavam quatro passageiros e ficavam à direita do vagão. Havia o corredor e no outro lado uma coluna de assentos com mesas e camas. Exatamente como nos filmes de espionagem no leste europeu.

Achei o meu camarote. Iria compartilhar a viagem com duas moças, Svetlana e Irina. No início ficaram desconfiadas comigo, um tanto reservadas. Logo viram que eu era um estrangeiro; contudo, uma hora de viagem naquele minúsculo espaço bastou para derreter o gelo. Svetlana falava bem um inglês básico e logo começamos a conversar. As duas voltavam de um concurso de unhas (!) realizado em Volgogrado e, inclusive, tinham ganhado um troféu que mostravam com orgulho a cada momento. Puxa vida, um concurso de unhas naquela cidade – unhas pintadas – isto faria Vassili Grigoryevich Zaitsev revirar no seu túmulo.

No interior do trem.

Irina e Svetlana pegam mais cerveja.

Logo deu para ver que eram um simpático casal gay e, como todas as russas(os), adoravam beber. Não deu outra: logo passou um carrinho pleno de bebidas, com muita vodka, cerveja e vinho. As meninas pegaram umas 10 garrafas de cerveja (!) e muito rapidamente, o clima mudou para melhor no nosso camarote.

Entretanto, a conversação em inglês parece que perturbava as pessoas que estavam em volta, a maioria também bebendo. Depois notei que alguns passageiros, homens enormes, mal vestidos, estavam ficando irritados. Parece que mais ainda quando as duas moças foram tirar uma soneca na cama, uma agarrada na outra.

O trem prosseguia. Atravessávamos extensas planícies onde raramente surgia uma ou outra aldeia. Um horizonte sem fim. Depois florestas de bétulas intermináveis. Imaginei-me em 1942, um ferido alemão, um pobre diabo sendo evacuado em um trem-hospital para a Alemanha. Estas florestas deviam fervilhar de guerrilheiros que adoravam explodir um trem e degolar os feridos, um a um, bem devagarzinho, com uma lâmina sem fio. Que coisa!

Lembrei-me da descrição feita por Otto Skorzeny em suas memórias quanto a alma russa: “...é profunda, variável e espantosa. Exatamente igual às suas imensas estepes, aos seus gigantescos rios, às inclemências do seu clima e a angustiante visão da solidão de suas paisagens”.

Fui até o banheiro do vagão. A cerveja agora queria sair. Acionei a descarga e aconteceu um chiado medonho, uma portinhola no fundo do vaso abriu e tudo caiu nos trilhos! Sim, vi os dormentes desfilarem pelo buraco. Estupefato, voltei para o meu assento. Algumas pessoas dormindo com os pés no corredor atrapalhavam a passagem.

Um velhote de cueca samba-canção, camiseta regata branca e sandálias com meias, comia com indisfarçável prazer um peixe seco sobre a folha de um jornal. Pelo caminho alguns russos já bêbados me interpelavam de forma quase agressiva. Todos fortes, grandes, vestidos com extremo mau gosto. Voltei para as gurias. Eram alegres. Tinham grande curiosidade pelo Brasil. Perguntavam muito sobre a “Escrava Isaura” (é incrível, mas as novelas da Globo têm uma enorme audiência por lá), por que ela era branca, como foi a escravatura no Brasil, etc. Até detalhes sobre “O Astro” queriam saber. Fiz o possível para explicar-lhes.

Era já no entardecer quando o trem parou em uma pequena vila perdida naquela imensidão. Haveria a troca da locomotiva. Saí para esticar as pernas e na plataforma fui cercado por vários russos do meu vagão que, aparentemente, queriam confraternizar. Tapas fortes nas costas, gargalhadas, empurrões, safanões e bafos de tigre. Afirmavam a todo momento:

-Americanish, americanish! Rá, rá, rá, rá! (era o som que eu entendia)
-Não, não, sou brasileiro!

Parada para troca de locomotiva: no meio dos gorilas.

Tinha comigo um texto escrito em alfabeto cirílico, obra do adido militar brasileiro da nossa embaixada em Moscou, que dizia ser eu um militar do Exército Brasileiro, passaporte número tal,  pesquisador de história militar, servindo em um museu militar e que estava visitando aquele amável país para conhecer a história da Grande Guerra Patriótica, blá, blá, blá.

No outro lado da folha plastificada a minha foto fardado, com um meio sorriso idiota e a bandeira do Brasil. Mostro a eles. Não adianta. Meu Deus, e se o coronel da aditância tivesse escrito ali para me sacanear que eu era um nazista, agente da CIA ou um estuprador de velhinhas bolcheviques!

Frente do Salvo-Conduto.

Verso do Salvo-Conduto.

Acho que não faria isto.

-Americanish! Americanish!
-Americanish porra nenhuma! Brasilianish! Brasilianish!
-Rá, rá rá rá!

Mais tapões nas costas. Sacudidas. Que merda!

O trem apita e, aproveitando o momento, consigo me desvencilhar dos gorilas e entro rápido no vagão. Volto ao camarote. Lá estão as gurias comendo sementes de girassol e bebendo cerveja.

Já é noite quando a nova e descansada locomotiva começa a puxar os vagões. O trem prossegue naquela vastidão, parece uma viagem interminável.

Em volta, mais comentários sobre a minha nacionalidade e o comportamento do casal. Foi então que a Svetlana, pressentindo todo aquele clima azedo, determinou que eu fosse para a cama e dormisse:

-Néstor, go to bed and sleep right now!

Bem, sem escolha, obedeci na hora e fiquei ali meio que encolhido, ainda ouvindo os comentários à volta, sem entender nada, isto até o sono chegar. E se os gorilas partisans nos jogassem para fora do vagão? Nossos cadáveres mumificados levariam anos para serem encontrados.

Após 20 horas de viagem, a chegada a Moscou.

Já era dia quando o trem entrou na estação de Moscou. Respirei aliviado, despedi-me das moças, agradeci a sua simpatia e, rapidamente, sai do vagão, infiltrando-me na imensa multidão. Acho que estava salvo.

Nestor

A fantástica arma solar do Terceiro Reich

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Soa como algo vindo de algum filme de 007, mas os alemães realmente planejaram uma “arma solar” de 1,6 km de diâmetro no espaço.

O gigantesco espelho poderia ser usado para focalizar o sol em um alvo– como uma lupa usada por crianças para criar uma chama.

Um esquecido artigo da revista Life de 1945 revela como “especialistas do Exército Americano descobriram o espantoso projeto de cientistas alemães que levaram a sério a construção de uma ‘arma solar’”.

O gigantesco espelho orbital iria “focar os raios solares num ponto da superfície terrestre”. O artigo dizia que o Exército Alemão “esperava usar o espelho para queimar uma cidade inimiga ou ferver parte do oceano”.

Hermann Oberth.
A ideia foi criada pelo renomado projetista de foguetes Hermann Oberth– que foi professor de Wernher von Braun na Universidade Técnica de Berlim – em 1923.

Com o custo estimado de 3 milhões de marcos e levando 15 anos para ser construído, o propósito original do espelho era prover a população da Terra com luz solar sob demanda, em qualquer lugar do globo. Mas Oberth mais tarde o descreveu como “a arma definitiva”.

Meu espelho espacial”, escreveu ele, “é como os espelhos de mão que as crianças usam para criar flashes de luz solar no teto das salas de aula. Um raio de luz repentino na face do professor pode trazer reações de desconforto”.

Em 1945, os vitoriosos Aliados começaram a vasculhar os planos alemães capturados, e descobriram que o plano de Oberth havia sido atualizado, e que o Terceiro Reich realmente considerou a possibilidade de construir a arma solar em órbita geoestacionária.

Detalhes da construção emergiram após serem analisados por peritos americanos e recentemente apareceram em fóruns da internet.

O projeto como deveria ser quando pronto.
A revista Life acredita que seria colocada em órbita em seções pré-montadas. Conteria também uma estação espacial com docas de 10 metros de diâmetro para receber foguetes de suprimento, além de jardins hidropônicos e paineis solares para gerar energia elétrica.

Uma vez em órbita, o “foguete mestre” do projeto liberaria seis cabos. Girando o foguete em seu eixo, os cabos se estenderiam radialmente, permitindo o início da construção.

Os alemães não foram os únicos a planejar domar o poder do sol. Em 1999, os russos revelaram um plano de usar um espelho solar para refletir luz sobre o planeta durante o inverno.

Fonte: Daily Mail, 2 de abril de 2013.

Cabo Geraldo Santana: Uma carta de pai para filho

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Este ano, coloquei-me na missão de pesquisar a respeito do meu único conterrâneo a morrer em combate na Segunda Guerra Mundial, Cabo Geraldo Martins Santana, que neste 2013 faria 90 anos de idade. Seu irmão caçula foi bastante gentil comigo, cedendo uma grande quantidade de documentação, que hoje está no arquivo da Sala de Guerra.

Entre a documentação que recebi, uma carta me chamou a atenção. Emocionei-me muito da primeira vez que passei os olhos sobre este documento, perdido há quase 70 anos. As palavras nele contidas são as angústias sinceras de um pai entregando a vida do filho à nobre causa da defesa da Pátria - fato que o destino consumou apenas 13 dias depois.

Geraldo Santana morreu em combate em 9 de novembro de 1944, sem nunca ter recebido esta carta; e é muita sorte que uma cópia tenha sobrevivido até nossos dias. Todos a quem mostrei este documento são unânimes em dizer que jamais viram algo semelhante sobre a FEB. É um testemunho de abnegação e dever patriótico que vai acima do amor familiar - quando o Sr. Antônio Santana despede-se do filho e pede-lhe para não sentir medo da morte.

Sentindo-me no dever de compartilhar esta carta com todos vocês, faço dela, finalmente, imortal:


Montes Claros, 28 de outubro de 1944


Querido filho Geraldo:

Saudades...


Recebi do Quartel-General do Rio de Janeiro comunicação que foste incorporado à Força Expedicionária Brasileira.

Não foi pra mim nenhuma surpresa, porque o soldado está sempre sob as ordens dos seus superiores e deve acatar essas ordens com todo o respeito.

Foste incorporado porque era necessário que a Pátria insultada respondesse à agressão dos corsários Nazistas que agiram debaixo de espesso nevoeiro, matando nossos irmãos.

Aqui, em casa, todos receberam com imenso orgulho essa notícia. Filho, jamais surja em teu cérebro o pensamento de um homem covarde. Seja firme no cumprimento do dever, principalmente quando a nossa Pátria foi traiçoeiramente atacada pelos vilões de além-mar.

Não importa que o intenso inverno dificulte a nossa marcha ou que o sol abrasador faça demorar o avanço, o certo é que precisamos chegar até o fim do nosso itinerário ombro a ombro com as FORÇAS ALIADAS.

Ainda me recordo daquela bela poesia que diz em uma de suas estrofes:

Para a frente que importa a invernada,
Temporal, inclemência de sois.
Quem for fraco, que fique na estrada,
Que a vanguarda é o lugar dos herois.

Pedimos a Deus para conservar tua pessoa ilesa das balas assassinas dos Nazistas; porém, se for do agrado do Altíssimo que o teu corpo tombe no campo de batalha, para que muitos outros vivam, seja feita a vontade de Deus.

O ataque deve ser repelido embora sucumbam alguns dos nossos. Que papel faríamos se permanecêssemos de mãos cruzadas quando o inimigo comum tentou ultrajar a nossa soberania?

Seremos por ventura alguma estátua onde o sangue não circula?

É legal trair nossa tradição?

Não, isto não.

Dos túmulos de Caxias, do Tenente Antônio João, de Camisão e outros mais, ouviríamos o grito da dor do insultado dizendo-nos:

Irmãos, hoje mais do que nunca o Brasil precisa vingar os seus filhos.

Levai em resposta à agressão a esses Nazistas o brilho de uma baioneta empunhada para que os nossos sejam vingados.

E, assim, acalmarão as ondas tempestuosas do mar furioso, e a bonança reinará para todos os povos do mundo, que foram vítimas dos sutis ataques do Eixo.

Portanto, filho, não queiras ter maus pensamentos e jamais haja em tua pessoa o desespero.

Seja também calmo. Porque todos nós temos que morrer um dia; logo, é desnecessário e mesmo indecente o desespero.

Muitos se enganam com a morte.

Ela não causa assombro a ninguém, porém enobrece a muitos. Se for preciso, morre em honra da Pátria e viverás eternamente. A tua lembrança ficará sempre conosco.

Um conselho: conserve sempre a tua fé em Deus e jamais a deixe seduzir por outrem. Todos nós estamos indo bem graças a Deus.

O que sentimos são saudades tuas, mas esperança de que em breve estarás aqui em Montes Claros conosco.

Terminando, pedimos a Deus por tua pessoa e pela honra e glória do Brasil e o cabal êxito da FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA.

Queira aceitar a benção de teu pai e os abraços que teus irmãos, tias e cunhados lhe mandam.

Teu pai,


Antônio Martins de Santana Primo 

O túmulo de Geraldo Santana no Cemitério Militar Brasileiro de Pistoia, que abrigou seus corpo entre 1945 e 1959. Foto: Mario Pereira.

Cidade se une para dar funeral a veterano que morreu sozinho

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Um veterano de guerra que tinha somente um punhado de parentes quando faleceu, ganhou um funeral de heroi após o asilo onde vivia enviar um apelo por e-mail, que rodou o mundo.

Cerca de 500 pessoas compareceram ao funeral do Real Fuzileiro Naval Albert Vaughan, que faleceu no dia de seu 89º aniversário num asilo em Stafforshire, em março de 2013.

Albert Vaughan.
O público lotou as ruas no cortejo fúnebre que levou o caixão de Vaughan para o cemitério da cidade de Tamworth.

A gerência do asilo havia verificado que somente um punhado de parentes poderia comparecer ao velório de Vaughan, e decidiu enviar um e-mail para a Associação Nacional de Veteranos explicando a situação.

Dentro de poucas horas pessoas de todo o planeta responderam – de lugares longínquos como Austrália, Índia e Dubai.

Vaughan tinha passado os últimos 21 anos de sua vida no asilo e morreu de pneumonia apenas duas horas depois de celebrar seu aniversário.

Ele serviu no Real Corpo de Fuzileiros Navais na Segunda Guerra Mundial, mas faleceu tendo apenas alguns familiares restantes, após a morte de sua filha dois anos atrás.

Chris Homer, gerente do asilo, disse: “A resposta foi fenomenal, meu telefone não parava de tocar. Foi tudo muito tocante. Após saber da morte de Albert eu percebi que este homem havia servido nosso país, fez tanto por nós e nós devíamos fazer algo por ele. Já tivemos funerais de residentes sem muitos parentes, e normalmente apenas alguns funcionários do asilo comparecem”.

Um corneteiro da Royal British Legion tocou “The Last Post” como tributo ao homem que se juntou aos fuzileiros aos 18 anos de idade. Ele serviu na Malásia contra a invasão japonesa, foi ferido por um estilhaço e evacuado para a Grã-Bretanha.

Sua saúde deteriorou-se nos últimos anos e ele lutava contra doenças mentais, chegando ao asilo em 1991. “Quando ele chegou, o sorriso em sua face era inacreditável. Para um senhor que tinha dificuldades em expressar emoções, sua face se iluminava”, disse Homer.

Centenas de antigos soldados e membros da British Legion compareceram ao funeral. Outro ex-fuzileiro, Michael Caffiy, viajou de Minehead, Somerset, para estar presente: “Quando vi o e-mail do asilo, fiquei emocionado. Albert foi um heroi que lutou por seu país e merecia um enterro digno. Ele arriscou sua vida, e centenas de nós estamos hoje aqui para agradecê-lo por isso”, disse ele.

Fonte: Daily Mail, 13 de abril de 2013.


O cortejo fúnebre, liderado por um gaitista escocês.

Veteranos vieram de diversos locais para o funeral.


Naval Albert Vaughan, que faleceu no dia de seu 89º aniversundo.ando morreu ganhou

Japão faz busca por super tanque que nunca entrou em combate

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Uma busca está sendo realizada num lago japonês pelo último sobrevivente de um tanque pesado construído pelo Exército Imperial nos últimos estágios da Segunda Guerra Mundial, para repelir a invasão Aliada.

O Type 4 Chi-To foi o mais avançado tanque jamais produzido pelo Japão. Com suas 30 toneladas e armamento principal de 75 mm, seria um rival à altura das forças de invasão norte-americanas.

O Exército Imperial Japonês tinha planos de construir centenas desses tanques, mas o desenvolvimento foi atrasado pela falta de materiais e os constantes ataques aéreos contra os parques industriais do país, quando a guerra chegou ao seu clímax.

O resultado foi que somente seis chassis haviam sido fabricados ao fim da guerra, e apenas dois dos tanques – que tinham uma tripulação de cinco homens – haviam sido completados.

Com o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, seguidas pela rendição do Japão, os projetistas decidiram afundar os dois tanques completos no Lago Hamana, na região de Shizuoka, a sudoeste de Tóquio, em meados de agosto de 1945. Desta maneira não cairiam em mãos inimigas.

Os militares americanos recuperaram um dos tanques, embora não haja registro do que teria acontecido com o veículo depois disso. Acredita-se que outro tanque ainda esteja no lago, e muitos moradores locais estão se prontificando para ajudar na busca.

No começo da busca, o residente local Kenji Nakamura disse que se lembrava de poder tocar o tanque no fundo do lago, quando se mergulhava saltando de uma ponte.

Um antigo soldado também apareceu, dizendo que havia recebido ordens de afundar os tanques na parte mais funda do lago.

A busca, organizada por um grupo de moradores em parceria com uma empresa de exploração marítima de Tóquio, está concentrando esforços numa região do lago que tem cerca de 20 metros de profundidade. O trabalho está sendo atrasado por uma grossa camada de lama no fundo do lago.

Não há plantas sobreviventes e outros documentos sobre o tanque, e os especialistas dizem que o veículo é um importante artefato históricoque precisa ser preservado.

Fonte: The Telegraph, 12 de abril de 2013.

Histórias do Nestor: Situação pastosa na Praça Vermelha

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Pois foi em uma manhã morna e luminosa do verão russo que pousei em Moscou.

Estava retornando da Turquia, onde havia realizado uma série de mergulhos no naufrágio do U-20, um U-Boot Tipo II que havia sido afundado pela própria tripulação em 1944 ao largo de Karasu, Mar Negro. Agora, os meus objetivos na Rússia eram visitar o Museu Central da Guerra Patriótica e o Museu Central das Forças Armadas. Também queria conhecer o famoso Museu dos Tanques em Kubinka e o Museu Panorâmico da Batalha de Stalingrado, este último sediado na atual Volgogrado.

Contudo, eu tinha uma tarde livre para, naturalmente, visitar a Praça Vermelha. Naquele dia eu estava junto com um estudante brasileiro, o Lucas, filho de um Coronel do Exército Brasileiro, que estudava com uma bolsa na Universidade de Moscou. Ele era fluente em russo e também o meu fiel guia naquela ocasião.

Era um local impressionante, com história por toda a parte. Ali estavam, entre muitas coisas fantásticas, as muralhas do Kremlin, a Catedral de São Basílio e o Mausoléu de Lenin. Lembro ainda dos desfiles militares que aconteceram e acontecem ali, naquele piso de paralelepípedos polidos. Minha nossa!

Mausoléu de Lenin e as muralhas do Kremlin.

Túmulo do Soldado Desconhecido.

Fomos até o Túmulo do Soldado Desconhecido, um local solene, pungente, que nos transmite um sentimento de heroísmo e eternidade. As sentinelas sendo rendidas com aquele passo onde o pé vai lá em cima e o movimento de braço alcança o pescoço. O queixo erguido, alamares dourados. As carabinas Simonov na vertical, tangenciando o ombro.

Observei então que existia uma multidão de pessoas paradasà frente do monumento. Eram barradas por uma corrente, não podendo chegar até a chama eterna do túmulo. Contudo, quem se apresentava com uma flor na mão tinha a sua passagem liberada pelos guardas e podia ir até o ponto central do memorial.

"Obtendo" a rosa mais bonita, naturalmente vermelha.

Sentinela no Túmulo.

Huummmm. Não deu outra: com muito cuidado, furtei a rosa maior e mais bonita, naturalmente vermelha, que enfeitava sobre outro monumento, um muro baixo onde estavam escritas as datas de 1941, algo em russo e 1945.

Evitando encarar os guardas, sem movimentos bruscos e segurando ostensivamente a rosa, passei por sobre a corrente e fui até a chama. Ali fiz uma oração e depositei a flor.

Junto à Chama Eterna.

Depositando a rosa.

Foi neste momento que escutei um clamor nas minhas costas, um sussurro forte, quase uma lamúria de uma centena de pessoas. Voltei-me. Bem à frente da multidão, junto à linha da corrente, estava o meu guia, pálido como papel, preocupadíssimo. Foi então que eu lembrei que estava vestindo uma blusa de combate camuflada alemã, com uma bandeirinha em cada ombro e dois grandes patches, um do U-853 com o insígnia da U-Bootewaffe(águia com submarino e suástica) e o outro do U-353, bordados bem no peito.

-Nestor, pelo amor de Deus, sai de fininho, bem devagar, não olhes nos olhos de ninguém. Mantenha a cabeça baixa.

-Mas...mas...mas...Lucas, o que aconteceu?

-Seu infeliz, olhas como tu estás vestido! O murmúrio geral desta multidão é que tu és um neto ou filho arrependido de um porco nazista, um dos milhões que invadiram a Mãe Pátria em 1941 e que trouxeram tanta desgraça. Viestes aqui expiar pelos pecados do teu ancestral.

Vejo o meu guia branco como cera.

Misericórdia! Só então caiu a ficha. Senti-me como um veterano da 1ª SS Divisão Panzer-SS Leibstandarte Adolf Hitler passeando na Praça Vermelha em 1943, depois da Batalha de Kharkov!

Pois é, Júlio e meus amigos aqui da Sala de Guerra, saímos lentamente, sem olhar para trás, cabeça baixa, de fininho e sem responder a nenhuma das pessoas realmente incomodadas que nos interpelavam. Caminhando cada vez mais rápido, fui tirando a farda e só me senti seguro quando embarquei no metrô, direto para o hotel. Que coisa!

Um apoio inestimável: com Lucas, o guia.

Nestor Magalhães

Historiadores encontram o corpo de heroi de guerra alemão

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Os restos mortais de um soldado alemão considerado o maior ás dos tanques de todos os tempos foram encontrados num túmulo na República Tcheca.

Kurt Knispel.
Os restos de Kurt Knispel– que foi para os tanques o que Erich Hartmann foi para os aviões de caça – foram encontrados por historiadores do Museu da Moravia em Vrbovec em um túmulo sem identificação no cemitério de Znojemsko.

Após completar seu aprendizado numa fábrica de automóveis em 1940, Knispel alistou-se na força de blindados do Exército Alemão e foi enviado para a frente de batalha aos 20 anos de idade em 1941.

Com 168 vitórias confirmadas e 195 não-confirmadas, Knispel foi de longe o mais bem-sucedido tanquista da Segunda Guerra Mundial, conseguindo certa vez destruir um tanque soviético T-34 a 3.000 metros.

Ele lutou virtualmente em todos os tipos de tanques alemães como municiador, artilheiro e comandante, e foi condecorado com a Cruz de Ferro de 1ª Classe após destruir seu 50º inimigo. Após 100 combates, ele recebeu a Insígnia de Combate Blindado em Ouro.

Quando Knispel tinha destruído 126 tanques inimigos (e outros 20 não-confirmados), ele foi condecorado com a Cruz Alemã em Ouro. Se tornou também o único oficial não-comissionado dos blindados a ser nomeado nos despachos da Wehrmacht. Como comandante de um Tiger e depois um Königstiger, Knispel destruiu mais 42 tanques inimigos.

Embora tivesse sido recomendado quatro vezes, Knispel nunca recebeu a desejada Cruz do Cavaleiro, uma comenda padrão para a maioria dos ases dos panzers. Mas ele não era muito afeito a condecorações, e quando havia disputa pelo crédito da destruição de um tanque inimigo, Knispel sempre cedia a vitória ao colega.

Seu lento progresso nas promoções foi atribuído a diversos conflitos com altas autoridades, e ele uma vez atacou um oficial superior por que o viu maltratando prisioneiros soviéticos.

Knispel também mantinha o cabelo grande, barba e umatatuagem– esta última foi usada para identificar seu corpo, encontrado num túmulo sem identificações na fronteira da Áustria com a República Tcheca.

A porta-voz do museu, Eva Pankova, disse: “Ele foi eventualmente identificado pela tatuagem militar no pescoço. Seus restos agora serão transferidos para o Cemitério Central de Honra”.

Fonte: Croatian Times, 17 de abril de 2013.

Nota de Falecimento: Urban Drew

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Urban Drew
(21/03/1924 - 03/04/2013)

Faleceu no último dia 3 de abril em Vista, California, EUA, de causas naturais aos 89 anos de idade, o ás norte-americano Major Urban Leonard "Ben" Drew.

Nascido em Detroit, Michigan, Drew havia acabado de terminar seus estudos, aos 17 anos de idade, quando ficou sabendo do ataque japonês a Pearl Harbor em dezembro de 1941. Sendo um amante da aviação desde a infância, ele havia decidido colaborar com o esforço de guerra se tornando um piloto de caça. Em setembro de 1942 Drew foi aceito para treinamento de voo militar, e fez seu primeiro voo solo após apenas 6 horas de instrução. Graduando-se em outubro de 1943, ele teve seu notável talento imediatamente reconhecido e recebeu uma carga extra de treinamento para tornar-se instrutor no novo North American P-51 Mustang.

Desta forma, enquanto milhares de jovens americanos eram enviados para unidades de linha de frente por todo o mundo, Drew foi retido nos EUA como instrutor de caça. Em maio de 1944, após acumular mais de 700 horas de voo no P-51 - tornando-se de fato um dos maiores peritos na aeronave - Drew revoltou-se com as seguidas negativas aos seus pedidos de transferência para o exterior, e fez uma passagem baixa sobre um desfile militar, assustando todos abaixo. Ameaçado com uma corte marcial, seu comandante finalmente transferiu-o para a Inglaterra, para "ver se ele voa ou morre".

Drew cruzou o Atlântico e chegou à base aérea de Bottisham, sede do 357º Esquadrão do 361º Grupo de Caça "Yellow Jackets" no fim de maio de 1944. Iniciando suas missões operacionais em junho, a bordo do P-51D Detroit Miss, ele abriu seu escore no dia 25 daquele mês, quando derrubou um Messerschmitt Me 109 sobre Lisieux, na França. Outro Me 109 se seguiu no mês de julho, enquanto ele fazia escolta de bombardeiros - vitórias que ele considerou "fáceis", dada sua vasta experiência com o Mustang. A realidade mudaria em 25 de agosto, quando Ben viu Messerschmitts atacando uma formação de P-38s. Ele se envolveu num nervoso duelo contra um experiente piloto alemão, que colocou o Me 109 numa fechada espiral descendente contra o Mustang. Enquanto desciam, as aeronaves eram submetidas a uma força de 7 Gs, que comprimia os pilotos contra o assento. Drew conseguiu escapar do giro e, com uma única metralhadora funcional, colocar uma rajada certeira no Me 109, que foi imediatamente ao chão. "Me senti muito mal, porque aquele era um dos grandes pilotos de caça de todos os tempos. Quem quer que estivesse pilotando aquele 109, quase me matou. E eu era o melhor, até onde sabia. Talvez ele fosse um grande ás, talvez não, mas por Deus, ele sabia voar um Messerschmitt", lembrou-se.

Em 18 de setembro, enquanto voava na costa do Mar Báltico, ele avistou um Heinkel He 111K, que rapidamente foi derrubado. Foi então que Drew olhou para o continente e avistou na distância o Lago Schaal. Ao chegar mais perto, ele avistou a maior aeronave já construída pelo Eixo, o hidroavião hexamotor Blohm & Voss BV 238. Seguido por seus dois alas, Ben abriu fogo contra o indefeso gigante, que instantaneamente incendiou-se. Aquele era o primeiro protótipo do BV 238, e sua destruição encerrou o desenvolvimento do modelo.

No fim de setembro Drew viu uma forma veloz passar por ele em pleno voo. Tratava-se do Messerschmitt Me 262, o novíssimo caça a jato da Luftwaffe. Ele tentou seguir o inimigo, mas tudo o que viu foi o esguio caça sumindo no horizonte. Ao voltar à base, Drew procurou todas as informações disponíveis sobre o novo inimigo, preparando-se para um futuro encontro. Em 7 de outubro, seu comandante de esquadrão escolheu-o como líder de voo para uma missão contra Brux, na Tchecoslováquia, onde os jatos alemães haviam sido avistados. Ao aproximar-se da base aérea de Achmer, na Alemanha, Ben recebeu intensa artilharia antiaérea, mas avistou dois dos temidos Me 262 decolando do outro lado da pista. Mergulhando sobre os jatos, Drew explodiu o primeiro com suas metralhadoras, e ficou surpreso ao ver o segundo fazendo uma curva aberta para tentar escapar, permitindo-lhe um ângulo perfeito para alvejar sua cauda e enviá-lo também ao chão. Urban Drew havia se tornado o primeiro e único piloto Aliado a derrubar dois Me 262 numa única missão.

Contudo, sua câmera de tiro havia travado e seu ala abatido, tornando-se prisioneiro de guerra, e dessa forma Drew não recebeu crédito oficial por essas vitórias. Pouco depois ele terminou seu tour operacional com 76 missões realizadas, e retornou aos EUA como instrutor mais uma vez. Em 1945, foi enviado para Iwo Jima junto ao 413º Esquadrão do 414º Grupo de Caça, voando o P-47N em missões de escolta de Boeing B-29 sobre o Japão. Sua última missão durou 9,5 horas de voo. Ele terminou a guerra com 6 vitórias aéreas confirmadas, 2 aeronaves destruídas no solo, 11 locomotivas e 4 embarcações destruídas.

Após a guerra ele permaneceu na Guarda Nacional do Michigan até 1950, quando iniciou uma série de empresas de voo comercial na Inglaterra e na África do Sul, passando a residir em Johannesburg.

Em 1983, suas vitórias contra os jatos em 7 de outubro de 1944 foram finalmente confirmadas quando encontrou-se os registros da Luftwaffe naquele dia, e Drew foi condecorado com a Air Force Cross em 12 de maio daquele ano - tornando um dos dois únicos soldados a ganhar tal condecoração por feitos na Segunda Guerra Mundial.

Em seus últimos anos, Drew mudou-se para um asilo na California. Ben Drew teve poucas vitórias em seu currículo, que no entanto é um dos mais distintos da USAAF na Segunda Guerra. Ele deixa esposa e um filho.

Drew ao lado do Detroit Miss.

Foto autografada de Urban Drew.

North American P-51D Mustang Detroit Miss, de Urban Drew. 375º Esquadrão do 361º Grupo de Caça - Bottisham, Inglaterra, junho de 1944.


Mais um B-29 Superfortress voltará aos céus

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O anteriormente moribundo projeto de restaurar o Boeing B-29 SuperfortressDoc de volta às condições de voo acabou de ganhar nova vida em Wichita, Kansas.

Um novo grupo voluntário, chamado “Doc’s Friends”, comprou o bombardeiro em fevereiro, e agora irá prosseguir com o projeto com novo apoio da Boeing e da Spirit AeroSystems. O grupo é chefiado por proeminentes industriais da aviação no Kansas, fato que deve dar garantias de continuidade à restauração.

O B-29 está de volta a um espaçoso hangar doado pela Boeing, e voluntários já estão trabalhando no bombardeiro. A reconstrução aos poucos ganha compasso, mas a aeronave está em bom estado e o trabalho estrutural mais complicado já está completado.

O bombardeiro, número de série 44-69972, não tem histórico de combate conhecido, e ganhou o apelido Doc em meados dos anos 1950, quando serviu como um dos nove TB-29s do 4713º Voo de Avaliação de Radar na Base Aérea Griffiss, New York. Cada aeronave foi apelidada com o nome de um personagem famoso do filme “Branca de Neve e os Sete Anões” da Disney.

Entre as tarefas do esquadrão estavam missões de avaliação das capacidades defensivas de radar dos EUA. A Marinha tomou posse da aeronave em março de 1956 e a armazenou, junto com dezenas de outras, no deserto da Califórnia. Muitos B-29s foram destruídos em testes de armas, mas de alguma maneira Docconseguiu sobreviver e se tornou um sobrevivente esquecido no meio do nada.

O B-29 foi retirado do deserto em 1998 por Tony Mazzolini, e em meados dos anos 2000 foi transferido de um lar temporário em Inyokern, Califórnia, para a fábrica da Boeing em Wichita, Kansas, de onde havia saído da linha de fabricação em março de 1945.

Doc é transferido para o hangar da Boeing em Wichita, Kansas.

Muitos voluntários, diversos deles ex-funcionários da Boeing, trabalharam na fuselagem e fizeram rápido progresso. A Boeing era uma grande patrocinadora do projeto, cedendo o hangar e outros materiais, mas a assistência virtualmente desapareceu quando a empresa vendeu sua fábrica no Kansas para a Spirit AeroSystems em 2007.

Desde então, a restauração de Doc vinha cambaleado, sem um lar ou oficina para os voluntários trabalharem. A mudança de propriedade deve finalmente levar o bombardeiro de volta aos céus.

Atualmente somente um único B-29, o Fifi, de propriedade da Commemorative Air Force, tem capacidade de voo. Qualquer pessoa que queira colaborar com o projeto, pode acessar o website www.b-29doc.com para mais detalhes.

Fonte: Aeroplane Monthly, 20 de abril de 2013.

Japão e Rússia querem finalmente por fim à Segunda Guerra Mundial

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O Presidente russo Vladimir Putin encontrou-se esta semana no Kremlin com o Primeiro-Ministro japonês Shinzo Abe, na primeira conferência russo-japonesa em quase uma década.

Os dois debruçaram-se por horas sobre o problema que tem atormentado líderes russos e japoneses por quase 70 anos: como encontrar uma forma mutuamente aceitável de finalmente encerrar a Segunda Guerra Mundial.

Os líderes de ambos os países concordaram que a situação atual – na qual 67 anos após o fim das hostilidades as duas nações ainda não conseguiram concluir um tratado de paz bilateral – é totalmente anormal.

Muitas novas circunstâncias estão fazendo com que Moscou e Tóquio se olhem com olhos melhores, apesar da disputa que reina desde o fim da Segunda Guerra Mundial sobre a soberania das Ilhas Kurilas, que a Rússia ocupa desde o fim do conflito – e que o Japão ainda clama como suas.

A disputa é a razão principal pela qual os dois países nunca assinaram um tratado de paz.

Desde o desastre nuclear em Fukushima, o Japão aumentou sua dependência de energia russa, especialmente gás natural; já os russos procuram no capital japonês investimentos para modernizar a Sibéria, uma vasta área rica em recursos naturais e ainda majoritariamente desabitada.

Contudo, as Kurilas ainda são fonte de divergências. Os quatro pequenos pedaços de terra próximos à costa norte do Japão – Kunashir, Iturup, Shikotan e Habomai – foram ocupados por forças soviéticas nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial em 1945, e sua situação permaneceu sem solução desde então. Sem acordo sobre as ilhas, nenhum tratado de paz formal jamais foi possível.

Em 1956, um acordo parecia possível, quando Nikita Khrushchevofereceu ao Japão a devolução das duas ilhas mais ao sul, Shikotan e Habomai, e o Japão concordou que sua reivindicação sobre as outras duas era “fraca”.

Mas o acordo nunca foi finalizado, e muitos dizem que os Estados Unidos bloquearam as negociações, alertando o Japão de que poderia criar um precedente legal para que os EUA mantivessem Okinawa para si.

A situação permanece sem grandes modificações desde então, e em fevereiro deste ano caças japoneses até mesmo decolaram para interceptar supostos jatos russos sobre espaço aéreo nipônico perto das Kurilas.

Fonte: The Christian Science Monitor, 29 de abril de 2013.

Coleção de militaria à venda!

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Meu amigo Daniel Wachholz está colocando sua belíssima coleção de militaria da Segunda Guerra Mundial à venda!

Esta é uma excelente oportunidade para comprar medalhas, documentos e outros itens originais, sem passar pelo demorado processo brasileiro de importação. Como já vi a coleção dele de perto, posso atestar que são itens em ótimo estado de conservação, eu mesmo já tendo adquirido alguns!

Dê uma olhada no catálogo e entre em contato com o Daniel para fechar negócio, pelo e-mail danielwachholz@gmail.com.

Boas compras!






Baioneta para o Fuzil Mauser K98, de fabricação tcheca (sob ocupação alemã), de 1944 (Segunda Guerra): R$ 470,00

Caixa de munição 7.62 para a metraladora MG42, para a OTAN (circa 1953): R$ 280,00

Óculos de tanquista aliado, pós-Segunda Guerra, circa 1950s (está com o acrílico arranhado): R$ 180,00

Histórias do Nestor: Situação Pastosa na Zentrale do U-171

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Fazia um calor agradável, típico do verão da Bretanha quando o trem alcançou Lorient. Fui então apanhado pelo meu amigo Jean-Louis Maurette, um notável mergulhador francês, apaixonado por naufrágios de submarinos, o qual eu havia conhecido on-line meses antes.

Para minha total surpresa, fomos direto da estação para um pequeno porto na localidade de Kerroch onde encontramos mais três mergulhadores: Hugues Priol, Philipe Marie e Jean-Claude Poupiniac.

Nosso objetivo era mergulhar no naufrágio do U-171, um U-Boot Tipo IX C que, ao retornar em 1942 de uma bem-sucedida patrulha no Golfo do México, havia topado com uma mina ao largo da Ilha de Groix, Golfo de Biscaia.

Mesmo naufragando em uma explosão catastrófica, 30 tripulantes sobreviveram, inclusive o comandante, Kapitänleutenant Günther Pfeffer.

Cerimônia de comissionamento do U-171.

Kapitänleutnant Pfeffer sendo cumprimentado pelo comandante da flotilha.

Embarcamos em um inflável com potente motor de popa e partimos do cais. Algum tempo depois, ao sairmos da proteção do quebra-mar, começamos a ser atingidos por ondas enormes. Os franceses pareciam não se importar muito com aquele fato, mas eu sim. Era uma situação muito desagradável, para não dizer perigosa, e logo a minha vontade em mergulhar no submarino começou a desaparecer. Um pouco depois foi minha coragem que arrefeceu.

Minha nossa! O inflável investia como um aríete contra aquelas massas de água verde. Sacudido por choques medonhos, alçando a cada arfada a sua rechonchuda proa gotejante de espuma branca.

O inflável pronto pra partir no cais de Kerroch.

Esta merda vai afundar, vai romper o casco rígido a qualquer momento! Discretamente afastei os pés do emaranhado de pastilhas de chumbo dos cintos de lastro e deixei bem à mão o meu colete equilibrador semi-inflado. A coisa prometia.

Quase uma hora depois alcançamos o ponto do naufrágio e o Jean-Louis navegando em círculos, conferia a todo momento o GPS. Ondas esverdeadas enormes, orladas por espuma branca pulverizada pelo vento, sacudiam o frágil barquinho. Minha mãe!

Jean-Claude à proa pronto pra lançar a boia.

Jean-Louis, mergulhador primoroso e meu anfitrião.

Foi Jean-Claude quem lançou a bóia vermelha. Estávamos sobre os destroços e em segundos, o cabo aduchado no fundo do bote, começou a correr sem parar puxado pela âncora. Fiquei ainda mais desmoralizado. Parecia que o U-171 estava em uma profundidade abissal.

Fui o terceiro a cair na água fria, torcendo que a minha roupa mantivesse algum calor. Meio assustado, meio desequilibrado pelo peso do cilindro de aço (sempre utilizei o de alumínio), tive dificuldade em nadar até a bóia. Que agonia! O colete equilibrador estava mais inflado do que airbag. Às vezes as cabeças dos mergulhadores que haviam me precedido e ou a tal bóia, desapareciam na cava das ondas. Depois era o bote que sumia. Senti que o colete não me mantinha à superfície e fiquei pronto para alijar o lastro.

Que fiasco! Mas eu era determinado e algum tempo depois juntei-me aos outros, segurando na bóia.

Atrapalhado por que as luvas me tiravam o tato, preocupado em seguir a seqüência certa dos procedimentos, confiro os instrumentos, verifico pela décima vez se a câmera submarina está presa na alça do colete, engato o painel dos medidores no mosquetão próprio e giro a coroa do relógio de mergulho.

Então vem a ordem: mergulhar! Mergulhar! Polegares para baixo.

Caço a traquéia do colete e dreno o ar que escapa sibilando. Então tudo se acalma e fica azulado. Iniciamos a descida nos guiando pelo cabo que segue reto, tenso, desaparecendo nas sombras das profundezas. Um caminho interminável, gelado e escuro.

Minha nossa! Ali está a torre do U-171! A escotilha permanece aberta e os suportes dos dois periscópios, o de ataque e de observação aérea, são perfeitamente visíveis. Neste último, a lente está intacta, ainda brilhante após 68 anos de submersão e agora é a casa de uma estrela do mar.

No interior da zentrale: timões e periscópio.

Periscópio aéreo: agora é a casa de uma estrela-do-mar.

Confiro os instrumentos: profundidade na areia 42 metros e a temperatura da água 12°C. Um frio terrível!

O U-171 está cortado transversalmente em um ponto ante-a-vante da torre. Interessante, é um corte quase regular e isto deixa bem a vista a escotilha da zentrale, a sala de controle. Lembra do eletrizante filme “Das Boot”, quando o U-96 realiza um mergulho de emergência? Os marinheiros voam por esta escotilha em direção a proa para aumentar o peso por lá e acelerar o mergulho.

Torre do U-171.

A escotilha é grande e está aberta. Assim não prenderá o meu cilindro ou as mangueiras. Com a flutuabilidade neutra como de um peixe, nado lentamente através da escotilha. Estou entrando através de um portal da História. Este é um grande momento da minha vida de modesto mergulhador. Foi aqui que o Kapitänleutenant Pfeffer, Cruz de Ferro de 1ª Classe, comandou seu submarino nas profundezas do Golfo do México.

O foco da lanterna vai mostrando uma desordem de placas, comandos, tubos, condutos e vigas. Não vejo vida marinha a não ser uma pequena moréia preta que, assustada, logo se esconde entre duas caixas de ferramentas. A água está mais gelada aqui dentro e sinto uma sucessão arrepios.

Escotilha da zentrale.

Estou fascinado! Ali estão o periscópio e os timões dos lemes de profundidade, os de proa e os de popa. Tudo está coberto por sedimentos marinhos e escamas de ferrugem. É necessário ter muito cuidado em não levantar estes sedimentos ou prender o equipamento em cabeleiras de fios que pendem do teto.

Procuro na massa gosmenta do assoalho apodrecido algum prato com a águia e a suástica impressa. Que tal achar um binóculo ou um equipamento de escape com o seu mini-cilindro, bocal e colete? Meu Deus, e se eu encontrasse uma submetralhadora MP 40? Um sextante seria o máximo, mas uma máquina Enigma, a consagração! Hummm, acho que até me contentaria com um apito de marinheiro.

A vontade e a imaginação começam a enganar os olhos. Ou não seria a narcose? Distingo uma pistola P38 sobre a mesa. Não é nada, apenas uma sombra na lama submarina. Agora aparece em um canto um osso humano. É uma tíbia! Não ouso tocar, penso no marinheiro que ali ainda está. O guardião do U-171?

Restos humanos: uma sepultura submarina.

O foco da lanterna esbarra em uma caixa misteriosa. Pronto, ali está o meu sextante! Começo a planejar o golpe. Como estou sem saco de coleta, terei de escondê-lo em algum lugar do colete ou da roupa para não mostrar aos franceses.

Puxo a caixa com força, mas ao invés do meu sextante é um caudal de lodo marrom que levanta. Uma nuvem de vasa marinha, impalpável, mas cerradíssima. A visibilidade vai a zero! A luz da lanterna é absorvida por uma nuvem de partículas apodrecidas e chego a sentir o gosto acre de ferrugem.

Estou cego, estou perdido dentro de um U-Boot, a 42 metros, no fundo de areia branca do Golfo de Biscaia! Misericórdia!

Navego perto da linha do pânico. O medo físico é uma coisa atroz, mas agora é necessário, é preciso manter a calma! Tudo que aprendi em anos de mergulhos começa a desfilar na mente, fico imóvel na escuridão. Deitado no chão, sinto a lama macia e gelada na barriga. É desagradável. Não existe a possibilidade de gritar para os meus companheiros que estão fora da sala de controle. Eu terei de me safar sozinho.

E meu ar? Minha mãe! Sinto que estou respirando mais rápido, gastando sem controle. Que morte horrível!

Quieto, quieto! Espere os sedimentos baixarem, seu infeliz. Finalmente vejo um lampejo amarelado de lanterna à frente e parte da borda redonda da escotilha. Sei lá quanto tempo permaneci aterrorizado. Reajo instintivamente e em um salto, nado em direção a luz. É o Hugues quem esta lá fora. Em segundos me recupero e sem que ninguém perceba o meu pavor, junto-me o grupo que agora vai iniciar a subida.

Torpedo encontrado na popa.

Na escotilha de ressuprimento de torpedos de popa.

Tinham retornado da popa do U-Boot onde exploraram a escotilha de carregamento de torpedos e até acharam um deles. Bem, quanto a mim, sem Walther P38, binóculo, prato com suástica, Enigma ou sextante, nada, só a emoção. Puxa vida, isto só acontece em filme ou livros.

Juntos, pelo cabo, iniciamos a longa subida. Felizmente ninguém percebeu o que aconteceu comigo. Ainda haverá uma parada de segurança pelo caminho e tenho tempo para pensar sobre o nosso mergulho. Ele já estava ali, no fundo, uma sepultura militar, antes mesmo de eu nascer. Mesmo desmantelado por uma morte violenta, é elegante e letal, com as quinas arredondadas do casco cobertas de vida marinha. É emocionante.

Logo após o mergulho no U-boot: Philippe Marie, Nestor, Hugues e Jean-Claude.

Então deixamo-lo em paz. Uma máquina de destruição legendária e que repousará como uma catacumba submarina, calma, serena e com seus segredos, até ser absorvida pelo tempo.

Nestor Magalhães
Fotos: arquivo do autor e arquivo de Jean-Louis Maurette. Desenho (topo) de O. Brichet.

Parada da Vitória na Praça Vermelha 2013

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Como não podia faltar, a Sala de Guerra compartilha com você a clássica Parada da Vitória na Praça Vermelha de Moscou, comemorando a vitória soviética sobre as forças alemãs na Segunda Guerra Mundial.

10.000 soldados participaram da parada deste ano, juntamente com um enorme número de veículos e aeronaves do inventário russo atual.

Bom, sem mais enrolação, confira:


Versão sem comentários (minha preferida):

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